Universo Escolar
Marilda Balerine da Silva Psicóloga

Educação - 06/03/2007
A criança especial e a escola

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A criança portadora de necessidades especiais, além do direito, tem a necessidade de cursar uma escola normal. A escola, na nossa cultura, é uma representante da sociedade. Portanto, alguém que freqüenta a escola se sente mais reconhecido socialmente do que aquele que não freqüenta.

Sabemos que existe preconceito quanto ao deficiente, seja qual for o problema ou o grau de deficiência apresentado. É longa a história de sua marginalização em nossa cultura. Felizmente, hoje, tenta-se minimizar os efeitos de tantos anos de exclusão. Alguma evolução se percebe a partir da compreensão do que é a "deficiência". Substituir "deficiente" por "especial" modifica um pouco a situação da criança, pois altera a nossa atitude quando compreendemos que existem necessidades especiais. Pensando assim, a criança portadora de necessidades especiais em uma sala de aula normal tem a chance de se sentir reconhecida. Um reconhecimento que humaniza.

Há quinze anos, quando ainda não se ouvia falar na pedagogia da inclusão, tive a oportunidade de iniciar minha atividade como psicóloga na Escola Carlos Saloni, em São José dos Campos. Nesse período, com total apoio da Direção da escola, sem o qual nada teria sido possível, fui, aos poucos, introduzindo, nas salas de aula, crianças com algum tipo de deficiência. No início, esbarramos no preconceito de alguns pais, mas com o irrestrito apoio dos professores, que se esforçaram em compreender a criança especial e buscaram respostas e métodos para poder dar o melhor de si, conseguimos bons resultados e isso nos encorajou a abrir espaço para outras crianças, com os mais diferentes problemas.

Para citar como exemplo, tínhamos desde uma disfunção neurológica leve, até paralisia cerebral com grave comprometimento motor. Cada uma dessas crianças, na particularidade da sua deficiência, nos ensinou muito. Melhoramos como profissionais e como seres humanos. Por isso afirmo que a diferença só acrescenta. A criança especial na escola modificou toda uma conduta que se projetou nos alunos. A solidariedade entre eles foi o que mais nos chamou a atenção. Ofereciam-se para ajudar, para empurrar a cadeira de rodas, para acompanhar ao banheiro e chegavam a fazer revezamento na hora de auxiliar o colega a copiar as tarefas do quadro negro. Até hoje é assim.

Todo esse trabalho foi desenvolvido aos poucos. Não existe fórmula ou receita para isso. Aprendemos a fazer, fazendo. Costumamos trabalhar com o apoio dos profissionais que acompanham essas crianças, em geral, da área de reabilitação, como a terapia ocupacional, a fonoaudiologia, a fisioterapia e a neurologia. O trabalho conjunto com esses terapeutas foi e é de primordial importância para a compreensão da limitação de cada aluno e para sabermos até onde podemos ir, sempre adequando nossa intervenção pedagógica. A escola, nesse aspecto, é também terapêutica.

Outro ponto delicado é o atendimento aos pais. Toda família com uma criança especial desenvolve uma dinâmica particular. Em geral, eles chegam até nós, para a entrevista, receosos, preocupados e ansiosos, pois temem a discriminação. Quando a família se sente apoiada pela escola, esse sentimento se reflete também sobre a criança, criando um clima favorável ao trabalho. Os pais precisam se sentir tão incluídos quanto seus filhos.

O importante é evidenciar que na escolarização de uma criança com necessidades especiais estão envolvidos, além da própria criança, seus pais, os terapeutas, os médicos e os educadores. Cabe à escola acolher essa criança, fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que se beneficie do contexto escolar.

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7 COMENTÁRIOS

1 claudineide pereira - sao jose dos campos
GOSTARIA DE RECEBER INFORMACOES COMO AJUDAR MEU FILHO,NA ALFABETIZACAO.ELE TEM 7ANOS TEM MUITA DIFICULDADE,TEM ATRASO NA LINGUAGEM.ESTUDA NA ESCOLA MUNICIPAL,POR FAVOR ME AJUDE....DESDE JA AGRADEÇO.
23/05/2011 21:57:32


2 Eliana Luiza Dias - Três Lagoas
Quero saber como avaliar meu filho, pois ele apresenta muitas dificuldades cognitivas no meu entendimento, mas onde moro é julgado como preguiçoso, falta de esforço, etc. QUERO AJUDÁLO, por favor me indiquem uma forma de avaliálo, não sei nem por onde começar, pois na cidade só existe uma neuro que diagnostica tudocomo normal, mas venho com esta tentativa a muiiiitos anos, desde quando ele nasceu. OBRIGADA!
09/11/2010 15:10:51


3 carla adriana da luz tavares - belem para
gostaria q vcs me ajudasse a adquirir assuntos sobre acolhimento familiar dos portadores de necessidades especiais, pois estou fazendo uma monografia com esse tema, esse arttigo é muito bom!
21/07/2010 15:37:11


4 Mary - São Paulo
Preciso de ajuda!!!!! Meu filho tem visão subnormal e deficiencia grafomotora e estou encintrando dificuldade de arrumar escola para ele, está sem escola no momento, será que alguem não tem como me ajudar indicando uma escola em são paulo para ele? Eu agradeço e aguardo resposta ansiosa. Mary
17/03/2010 23:14:16


5 caroline dos santos morcelli - nilopois
Gostaria de receber indicação de sites que falem sobre como o professor junto a familia conseguem alcançar a aprendizagem de uma criança com necessidades especiais, pois estou começando a fazer minha monografia e me interesso muito pelo assunto, por favor me ajudem....obrigado
06/03/2010 12:31:57


6 angelina - LENÇÓIS PAULISTA SP
Realmente o trabalho em conjunto ou seja pais, profissionais e escola é de suma importancia para o sucesso do desenvolvimento da inclusão.
30/05/2009 18:49:34


7 Maria de Fátima Alves Diniz - MongaguáSP.
Informações preciosas para nós, que temos filhos especiais, tenho dois filhos: uma filha, Erika Alves Diniz, de 26 anos, portadora de NEUROFIBROMATOSE NF1 DOENÇA DE VON RECKLINGHAUSEN diagnosticada pelo Laboratório de Genética Humana da USP., e um filho, Paulo William Alves Diniz de 13 anos, estuda no Projeto GURI, portador de DISTURBIO DE PERSONALIDADE MÚLTIPLA DPM diagnosticado pelo Dr. Rubens Wajnsztejn. Leio e pesquiso informações para melhor educar meus filhos. Beijos. Fátima.
27/07/2008 11:20:24


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