Universo Escolar
Roberta Bento Especialista em ensino de língua estrangeira

Idiomas - 06/03/2007
Escolha um curso de línguas adequado a seu filho

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O mercado brasileiro apresenta hoje inúmeras opções para aqueles que desejam tornar-se cidadãos aptos a enfrentar o que até pouco tempo atrás se chamava de futuro.

Se é verdade que a oferta de cursos é bastante vasta, é também realidade que as chances de se cair nas mãos de profissionais não qualificados é proporcionalmente maior.

Infelizmente as seqüelas deixadas neste caso não são menos prejudiciais do que aquelas provenientes de encontros com maus profissionais de outras áreas, como da saúde, por exemplo.

Um aluno que freqüenta um curso de línguas ao qual não se adapta ou que não oferece as condições mínimas necessárias para seu desenvolvimento levará para o resto de sua vida os traumas deixados pela experiência negativa.

Como exemplo podemos citar o caso de adultos que dizem "não adianta, não nasci para aprender inglês" ou "isso não é para mim, já tentei antes e não levo jeito para aprender uma segunda língua".

Paradoxalmente, essas pessoas são, na maioria dos casos, pessoas bem sucedidas profissionalmente e que obtiveram sucesso em seus estudos e na vida pessoal. 

Por que motivo então não seriam elas capazes de aprender uma língua estrangeira? Simplesmente porque uma experiência negativa os levou a crer que o problema estava neles e não no profissional que os acompanhou.

Ainda pior é o fato de que muitas vezes o profissional a que me refiro, no caso, o professor de língua estrangeira, não erra por negligência, mas sim por inocência, o que, infelizmente, não alivia as conseqüências deixadas na vida de seus ex-alunos.

Na tentativa de evitar as tais seqüelas e dar uma luz que auxilie na escolha de um curso de línguas para você, seu filho ou para outras pessoas de seu relacionamento, seguem algumas dicas:

1) Escolher determinada empresa/curso de línguas pura e simplesmente porque você conhece alguém que fala bem uma língua estrangeira e freqüentou este curso pode não trazer os resultados esperados.

Cada curso trabalha com metodologias e materiais diferenciados, aos quais uma pessoa pode ou não se adaptar, dependendo de diversos fatores, como personalidade, idade etc. 

O pior de tudo, neste caso, é a auto confirmação de que "eu não levo jeito para aprender línguas", pois se o outro aprendeu...

2) A indicação é sem dúvida uma ótima maneira de começar a pesquisa. Só não se deve parar por aí. Essa indicação deve ser utilizada como um guia de por onde começar a pesquisa.

3) Durante esta pesquisa, o melhor a fazer é perguntar, perguntar, perguntar.

4) Além das perguntas, é importante lembrar que você não deve se conformar com respostas que envolvam um discurso rebuscado e complexo. Muitas vezes o cliente se constrange em continuar a questionar ao se defrontar com um palavreado que não faz sentido algum para ele. 

Lembre-se, porém, de que você não precisa entender profundamente como a metodologia escolhida pela escola se aplica, mas sim que benefícios ela trará a você e a seu aprendizado. 

Afinal, se você estivesse comprando um carro, provavelmente não precisaria entender, por exemplo, como funciona o freio ABS, mas sim que diferença você vai sentir entre um carro que o possui e o outro com um sistema menos sofisticado.

5) Todos dizem ter os melhores professores do mercado. Como saber se isso não é só discurso? Voltando à questão anterior: perguntando. Afinal, o que é "o melhor professor"? 

A imagem que a empresa tem de um bom professor pode ser totalmente diferente daquela que você procura em um profissional. 

Além disso, sabemos que, com a velocidade das mudanças que ocorrem hoje em dia no mundo, o melhor profissional é aquele que não pára e que tem consciência de que nunca estará pronto. 

Assim, se a idéia de "melhor professor" que apresentarem a você for relacionada ao tempo de formação ou "tempo de casa", podem ocorrer decepções futuras. O melhor profissional é aquele que se atualiza constantemente.

6) Conhecer as instalações da escola pode ser útil... contudo, não se deixe enganar por seus olhos...Aprofunde-se, questione novamente. 

O importante é que as instalações estejam adequadas à proposta de ensino: salas pequenas representam um aspecto positivo ou negativo em relação ao curso? E salas enormes, com muitas carteiras? Depende da proposta da escola. 

Você pode aprender em turmas pequenas, nas quais provavelmente terá mais atenção do professor ou em turmas maiores, nas quais terá mais chance de comunicação com um número maior de pessoas, aumentando as possibilidades de interação e comunicação autêntica. 

A atenção a seus problemas e necessidades deve ser um pressuposto comum, independentemente do número de alunos nas turmas.

7) Recursos extras como vídeo, TV, computador são importantes, mas, novamente, devem estar inseridos na proposta de ensino e não servir simplesmente como atrativos ou "iscas" para atrair alunos (o que, infelizmente, não raro acontece). 

Se a você é apresentado um enorme laboratório com equipamentos multimídia de última geração, não deixe escapar a chance de (mais uma vez) perguntar: como são utilizados os recursos multimídia? Quando? Com que finalidade? Fique atento a respostas como: "estarão a sua disposição, poderá usar quando precisar".

Dificilmente você sentirá que precisa daquele recurso até o momento em que, na sua vida real, no dia a dia, se deparar com a situação em que terá que utilizar a língua juntamente ou a partir daquele instrumento. 

Como em qualquer área da educação, devemos educar para o futuro e sabemos que, já nos dias de hoje, o computador faz parte de nosso dia a dia. 

Como ensinar uma língua sem prever situações em que o aluno terá que utilizar um computador, seja no trabalho ou em sua vida pessoal? 

Assim, não basta ter computador "a sua disposição", o professor deve saber exatamente o que fazer com ele para ajudar o aluno no processo de aquisição da língua estrangeira.

Vale lembrar também que deve haver a consciência de que você não está aprendendo uma língua estrangeira para conversar com seu professor ou colegas de turma: o objetivo é que você se comunique nas mais diversas situações que enfrentará fora da escola e, certamente, essas situações não serão nada parecidas com uma sala de aula. 

Os recursos disponíveis devem servir a este fim: colocá-lo em situações nas quais tenha que utilizar a língua, preparando-o assim para o mundo que o aguarda fora das paredes tão seguras e protetoras da sala de aula. 

Gostaria de ressaltar que não se trata simulações (o que pode ocorrer mesmo sem recursos como TV, vídeo e computador...basta simular!). Refiro-me a colocar o aluno nas situações em que enfrentará: se existe a TV, você deverá assisti-la e trabalhar, juntamente com o professor, os problemas que surgirem nesse momento. 

Se existe computador, você pode entrar em contato com outras pessoas, utilizando a língua estrangeira em situações reais de comunicação ou para fazer pesquisas, redigir cartas comerciais, emails etc. 

O mesmo vale para rádio e vídeo: utilizá-los da maneira como aparecem em seu dia a dia é o melhor uso que uma escola pode fazer destes recursos.

8) Lembre-se de que seu objetivo é aprender uma outra língua, assim as avaliações devem de algum modo ajudá-lo a atingir este fim e não confirmar a velha teoria de que "você não nasceu para aprender uma outra língua". 

O método de avaliação deve envolver todo o processo ensino/aprendizagem e não trazer números isolados que não possam de alguma maneira ser utilizados pelo professor/escola para ajudá-lo a desenvolver habilidades de comunicação. 

Por isso, evite cursos que aplicam uma avaliação ao final do semestre e decidem, a partir dela, seu avanço ou não no processo de aquisição da língua estrangeira em questão. 

Tenha sempre em mente que a avaliações contínuas e progressivas devem servir como uma ferramenta de ajuste de rota e comparação do seu estágio de desenvolvimento atual com seus estágios anteriores: comparar você consigo mesmo e não com outros alunos.

Duas dicas finais:

· Procure iniciar o estudo com duas ou, no máximo, três aulas semanais. 

- Aumente o número de aulas somente após ter desenvolvido alguma habilidade de comunicação, evitando assim que o curso venha a se tornar um problema em sua vida. 

- Imagine a situação como uma maratona e não como uma corrida de curta distância: muitas aulas por semana darão uma sensação de velocidade maior, quando na verdade o que você precisa para aprender uma língua estrangeira é persistência, dedicação e determinação: esses aspectos o levarão mais longe, embora não tão rapidamente.

. Assista pelo menos uma aula antes de tomar uma decisão, só assim você poderá confirmar se está fazendo a escolha certa.

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