Todo mundo pensa que conhece. É muito comum que as pessoas sintam-se muito a vontade para opinar sobre esse mundo tão particular. O Universo em questão parece mais familiar as pessoas do que, muitas vezes, os próprios espaços por onde regularmente circulam. Não importa a origem, a formação profissional, as bases familiares, a cultura do país, a religião, a filosofia de vida e os valores morais que regem a vida de quem quer que seja, de escola todos parecem entender muito...

Tomam por base o tempo de suas vidas que devotaram aos estudos. Pensam a escola como uma entidade imutável, que atravessa os anos e as décadas da mesma forma como a encontraram quando por lá estiveram, na educação infantil, no ensino fundamental, no ensino médio ou ainda no 3º grau. Crêem que os professores ainda atuam da mesma forma, que a estrutura física não se modificou, que os instrumentos de trabalho continuam iguais, que a direção ainda estrutura-se com base nos mesmos princípios,...

De certa forma pensam a escola a partir daquilo que viveram e também do que conseguem visualizar ao entrar portão adentro quando por lá circulam em busca de informações sobre seus filhos, irmãos, sobrinhos ou amigos. Não conseguem ver além daquilo que é mais imediato, ou seja, do elemento físico que mantém características semelhantes aos de seus períodos de estudo e convivência nos pátios e salas de aula das escolas que freqüentaram...

Há, evidentemente, resistência e lentidão nos processos internos das escolas que a tornam uma das instituições mais arrastadas no quesito modernização e adequação a intensidade e aceleração das modificações que se apresentam aos nossos olhos nesse mundo do 3º milênio. Isso fica transparente aos olhos de todos aqueles que visitam as escolas e entram em contato com a sua estrutura de funcionamento, ainda muito parecida com aquela de algumas décadas atrás.

Isso inclusive já me incomodou muito. E muitas vezes continua a me colocar as turras... Empurrado pela maré, na direção das correntes que predominam e que parecem a todos indicar os caminhos únicos a serem seguidos, também me vejo muitas vezes dominado pelo stress geral que nos conduz para uma modernidade sem fim (Será?). Por esse motivo brado em meus artigos do Planeta Educação pela inclusão, por tecnologia nas escolas, pela renovação dos processos de ensino-aprendizagem, por trabalhos que realmente sejam interdisciplinares,...

Mas a maré precisa ser pensada e repensada... Somente dessa forma poderemos aproveitar melhor os ventos, a energia das ondas e, até mesmo, as possibilidades advindas do choque com todas essas forças...

Por isso acredito que a morosidade da escola em seus processos modernizadores e “civilizatórios” (nos conformes do século XXI) não constitui apenas falta de sabedoria ou de disposição para o que é novo. Penso que a escola, como local de reflexão, posiciona-se a favor da reflexão, tão em desuso e fora de moda nos dias de hoje, pautado em raciocínios rápidos, busca de produtividade máxima e de resultados a qualquer custo...

Pode parecer apenas ilusão de minha parte acreditar que há vida inteligente numa escola que progride tão lentamente, a despeito de todas as pressões da sociedade, mas a sapiência nesse caso reside na necessidade de promover o surgimento de novas gerações que não queiram construir prédios tão rapidamente que os mesmos acabem se dissolvendo com o passar do tempo da mesma forma como acontece com os castelos de areia...

Há ciência na construção civil assim como deve existir na divertida e instigante brincadeira de nossos filhos nas praias ao erigir suas construções à beira-mar. Cabe a escola disseminar isso e, por isso mesmo, ela tem que se constituir com um pouco mais de lentidão do que o mundo atual requisita. Caso contrário, de suas salas de aula serão formados cidadãos incompletos, inquietos, desprovidos do poder de reflexão e análise, sem alma e também sem coração...

Nesse sentido, para uma melhor compreensão da escola, além daquela que temos como ex-alunos, o Planeta Educação tem procurado trazer através de seus artigos, reflexões e produções os mais variados temas relacionados a educação, a cultura, a ciência e as atualidades. Sempre procurando colocar os assuntos retratados nos textos em contato direto com a realidade de nossas salas de aula.

Por isso mesmo sentimos que devíamos aos visitantes que passam por nossas páginas aos milhares todos os dias uma coluna devotada ao cérebro que operacionaliza e organiza as atividades e, portanto, a vida de uma escola. E não estamos falando especificamente daquilo que acontece em cada sala de aula, a partir da magia que deve surgir da ação de cada educador... Nos referimos nesse instante aos gestores da vida nesse fantástico e único UNIVERSO ESCOLAR, ou sejam, os diretores, orientadores, coordenadores, psicólogos, psicopedagogos e funcionários das secretarias.

A coluna que a partir de agora fundamos e que irá ser construída mensalmente a partir do comando de duas experientes, sérias e inteligentes educadoras (Elisete Baruel - Pedagoga e Relações Institucionais do Portal Planeta Educação; e Sheila Cristina A. S. Machado - Pedagoga, Orientadora Educacional e Psicopedagoga) tem o firme propósito de tornar os meandros e caminhos da gestão educacional realmente familiares a todos aqueles que nessa imprescindível área da educação atuam e também para as pessoas que precisam, utilizam e requisitam tais serviços.

Que todos se sintam realmente mais a vontade nesse UNIVERSO ESCOLAR é o que desejamos com o lançamento desse novo espaço de reflexão do Planeta Educação.

Abraços.

João Luís de Almeida Machado
Editor do Portal Planeta Educação