Planeta Literatura
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Do golpe ao Planalto - 07/02/2007
Nos bastidores da Notícia

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É possível afirmar que qualquer vida, mesmo aquelas de pessoas que se consideram insignes, ou seja, sem maior importância, podem se transformar em livros interessantes. Quando o biografado é, no entanto, um profissional destacado do seu ramo de atuação, com mais de 40 anos de dedicação e suor que o levaram a prêmios e ao reconhecimento de seus pares e também das pessoas com as quais esteve no exercício de sua função, temos que ficar atentos as lições de sua trajetória.

Se essa pessoa é um profissional do ramo de comunicação, mais especificamente um jornalista, que trabalhou nas mais importantes redações de jornais e revistas do país, o interesse torna-se ainda maior. Agora, num caso impar como o de Ricardo Kotscho, que além de ter trabalhado no Estado de São Paulo, na Folha, na Isto É, no Jornal do Brasil e em tantos outros veículos de grande destaque na imprensa nacional, foi ainda assessor direto de Lula em parte do seu primeiro mandato. Registre-se ainda que Kotscho nem mesmo filiado ao Partido dos Trabalhadores era...

Juntamos aí, nessa biografia, experiências variadas, de um dos mais importantes e bem-sucedidos jornalistas do país, cobrindo assuntos de interesse nacional ao longo de 4 décadas, justamente durante um período da história do Brasil em que tivemos grandes acontecimentos políticos (como a Ditadura Militar, a Abertura Política, as Diretas Já, a Nova República,...), econômicos (o Milagre Brasileiro, a Crise do Petróleo, a Estagnação dos anos 1980, os planos econômicos,...), esportivos (vitórias do Brasil nas copas de 1970, 1994 e 2002, Olimpíadas em diferentes continentes, campeonatos brasileiros de futebol,...), culturais (a bossa nova, o cinema novo, a MPB,...) e ainda os acontecimentos do dia a dia nas grandes, médias e pequenas cidades da nação.

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O jornalista Ricardo Kotscho, quando era secretário de Imprensa e Divulgação do Governo Lula, no primeiro mandato do ex-sindicalista.

Kotscho nos conta a sua experiência de repórter desde o início de suas atividades no ramo, ainda menino inexperiente, na segunda metade da década de 1960, em pequenos jornais de bairro da capital dos paulistas. De lá irão surgir as oportunidades que o levarão a atuar dentro e fora do país como representante das mais relevantes empresas jornalísticas do país.

E dessa marcante jornada surgiram reportagens que levaram Kotscho a mergulhar nas profundezas de um Brasil gigantesco e cheio de histórias para contar e diferentes realidades para retratar. Nesse sentido o jovem repórter teve também a sorte de trabalhar ao lado de alguns dos mais marcantes nomes do jornalismo nacional como Clóvis Rossi, Boris Casoy, Cláudio Ábramo, Mino Carta, Carlos Monforte, Renato Machado,...

E do contato com aqueles que já eram ou que acabariam se tornando alguns dos maiores expoentes do jornalismo nacional sempre surgiram oportunidades de aprendizagem ou ainda de novos trabalhos. Foi a partir da atuação nessas redações e da troca de informações e experiências com tantos repórteres, editores, fotógrafos e demais profissionais que atuam nos jornais do país que Kotscho foi desenvolvendo sua própria linguagem e criando uma forma de apresentação de suas idéias bastante original e própria.

O jornalista também cresceu por ter trabalhado em diferentes sucursais e setores dos diários brasileiros ou das revistas de informação que circulam nacionalmente. Teve experiências na área esportiva, política, econômica, internacional (como correspondente na Alemanha) e social. Trabalhou em televisão e ainda complementou sua biografia como Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República no primeiro período de governo de Lula.

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Kotscho acompanhou os principais momentos da história política do Brasil nos últimos 40 anos, como por exemplo o movimento pelas eleições diretas nos anos 1980.

Em seus quarenta anos de profissão notabilizou-se por escutar seus interlocutores, correr atrás de notícias, buscar informações aonde ninguém ainda tinha ido procurar e, grande virtude, por transformar o popular, a gente de nosso povo, em elementos existentes na grande mídia nacional. Poucos eram os jornalistas que até então davam o merecido destaque ao anônimo vendedor de pipoca, ao desconhecido participante de um comício ou ao torcedor que leva a família a um estádio de futebol.

Atravessou o país atrás de notícias em buracos que quase ninguém conhecia. Desafiou as intransigências políticas das diferentes épocas políticas vividas no país (principalmente durante a ditadura militar). Conversou com políticos, esportistas, expoentes da cultura e das artes, personalidades internacionais, destaques da vida social, empresários e trabalhadores.

Kotscho teve ainda em seu itinerário profissional a responsabilidade de reconhecer e dar voz a um dos mais marcantes personagens da recente história do Brasil quando ele ainda era apenas uma nova liderança em ascensão. A mando de seus editores foi pedido a ele que grudasse num tal de Luís Inácio da Silva, mais conhecido como Lula (que alguns anos depois incorporaria o apelido famoso ao seu nome).

Desse contato surgiu o ABC paulista como um de seus cenários mais freqüentes e o Partido dos Trabalhadores, fundado em 1980, como um de seus principais destinos e assuntos, especialmente através da figura de seu carismático líder, que pouco mais de duas décadas depois acabaria se tornando presidente do país. Kotscho nunca se filiou ao PT, mas sempre demonstrou simpatia pela agremiação partidária e em diversas ocasiões esteve ao lado de Lula e dos principais líderes do partido. Inclusive nas campanhas eleitorais, tanto nas derrotadas quanto na vitória em 2002.

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Kotscho foi importante aliado de Lula em suas campanhas eleitorais, tanto nas derrotas quanto na vitória em 2002.

Em seu livro “Do Golpe ao Planalto”, temos a chance de conhecer sua dura, mas vitoriosa carreira, construída a base de muito suor e disposição, marcada por vitórias marcantes e derrotas dolorosas (como a vida de cada um de nós) e, principalmente, de ter um panorama da realidade nacional nessas últimas 4 décadas a partir do foco de um dos mais respeitados repórteres brasileiros, laureado com distinção com os prêmios mais distintos de sua área de atuação.

E por que devemos ler o livro?

Por estarmos diante de uma trajetória que nos coloca no olho do furacão, ou seja, na redação dos principais jornais brasileiros em períodos nos quais fervilhavam discussões e debates de grande interesse nacional em todas as áreas de interesse. Isso nos dá a visão privilegiada de quem esteve ali presente e que procura narrar de forma clara, sucinta e crítica o que viveu, a situação do país, as conseqüências para a nação,...

Também pelo fato de acompanharmos uma carreira notável e podermos perceber que para escrever uma história consistente de sucesso profissional necessitamos de persistência, disposição, estudo, aprofundamento, iniciativa e criatividade. A existência profissional destacada do autor do livro não é feita apenas a partir das rosas por ele colhidas ao longo do caminho, também os espinhos aparecem e, diga-se de passagem, sangue e lágrimas também foram vertidos...

Há ainda o interesse evidente pela história das campanhas eleitorais de Lula e da participação de Kotscho no governo do primeiro presidente brasileiro de reconhecida condição humilde, um ex-operário e líder sindical que conseguiu ascender ao posto de maior poder dentro da hierarquia republicana brasileira. E novamente o leitor não se decepciona ao ver que o repórter sobrepôs-se ao aliado político e se dispôs a nos contar também os bastidores da luta política que se trava em Brasília.

Li o livro “Do golpe ao Planalto” durante as minhas férias. E foi num embalo cada vez maior. Motivado, com certeza, por aspectos mencionados ao longo desse artigo e também pelo fato de que os últimos 40 anos equivalem ao meu tempo de vida... Por isso mesmo fui identificando os personagens, os acontecimentos marcantes, as histórias e casos desse país continente e pude também me ver como um dos anônimos e desconhecidos construtores dessa nação, atuando também nos bastidores... Só por isso já valeu a pena...

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3 COMENTÁRIOS

1 roberto da silva jeronimo - manausam
artigo com muito teor e conhecimento de causa, Kotscho esta de barabens por nos proporcionar leitura e com esse alto nivel de conhecimento da nossa história atual, parabens!!!!! roberto jeronimo
02/02/2009 12:21:00


2 Enrique Andres - São Paulo
Quem quiser acompanhar a trajetória deste homem singular, sua luta constante, o seu compromisso com a verdade, pode fazélo frequantando o blog dele no: http://colunistas.ig.com.brricardokotsch/
02/01/2009 02:00:16


3 bruna - manaus
tudo de bom
04/09/2008 11:58:42


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