A Semana - Opiniões
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Ano Novo, Vida Nova - 15/01/2007
Renove sua escola, Revolucione suas aulas

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Foto-de-uma-porta-se-abrindo-em-meio-a-escuridão
Abra as portas, deixe a luz entrar, permita que o ar fresco revigore sua escola...

Olá! Estou de volta depois de um breve período de descanso para renovar o fôlego e as esperanças. Gostaria de saudar todos aqueles que nos fizeram ganhar mais espaço e que através de suas críticas, elogios, considerações e sugestões permitiram ao Planeta Educação crescer em todos os sentidos. E através de nossas já conhecidas colunas e daquelas que estamos planejando lançar nesse novo ano esperamos dar a todos mais e mais informação, idéias, projetos, propostas e, principalmente, disposição e ânimo para a efetivação de uma educação de qualidade para o nosso país.

Por esse motivo, esse editorial de início de trabalho retoma a temática abordada no texto final do ano de 2006. Nosso retorno fala de vida nova, de renovação e de uma necessária revolução em nossas salas de aula.

E não se trata apenas de uma mensagem de fé, de esperança ou de ideais... As mudanças têm que acontecer para que a escola possa realmente se transformar numa instituição efetiva, participativa, capaz de modificar o panorama social, político e econômico do Brasil. Temos a clara consciência de que a escola é uma peça de uma complexa engrenagem que movimenta um sistema ainda mais complexo...

Sabemos que alguns filósofos e pensadores apregoam a quem queira ouvir e acreditar que a educação é um artifício criado pelo modo de produção em que vivemos, o capitalismo, para perpetuar sua existência e firmar as bases de seu funcionamento. E para muitos é fato que ao trabalhar nessa direção, com esse propósito, evidencia-se que a educação não é e nem pode ser a principal ferramenta de uma necessária e salutar reforma ou revolução da sociedade...

Foto-de-um-jogo-de-xadrez
Estude atentamente seus movimentos, preste atenção às peças disponíveis,
seja cauto em determinados momentos e ousado em outros,
mas não deixe de jogar... Sua escola agradece!

Será? Ou, por outro lado, se estamos conscientes das limitações do sistema e da própria educação será que não podemos estudar alternativas, propor revisões, alterar rumos, politizar a discussão e inserir nossos alunos no processo de reconstrução da sociedade quanto aos seus parâmetros éticos, suas bases sociais, seus mecanismos políticos ou ainda as suas estruturas produtivas?

Do jeito como vemos a escola ou como a vivemos atualmente ela nada mais é que um espectador passivo e alheio ao que acontece ao seu redor. Algumas iniciativas individuais eventualmente a tiram de seu marasmo e conseguem repercussão ou, até mesmo, transformações. Que se louvem aqueles professores, diretores, coordenadores, alunos, funcionários e membros da comunidade (como os pais) que se mobilizam nesse sentido, mas temos que entender que o “buraco é mais embaixo” e que, por conta disso, essas práticas bem sucedidas em instâncias locais ou regionais precisam ser socializadas e transformadas em políticas de caráter municipal, estadual ou mesmo nacional...

E qual deve ser o nosso primeiro movimento nesse imenso tabuleiro de xadrez em que estamos inseridos para que possamos iniciar revisões, reformas, transformações e revoluções da escola para a sociedade?

O passo inicial de cada um de nós deve ser tomar pleno conhecimento da escola onde trabalhamos ou na qual nossos filhos estudam. Você já parou para se perguntar como é essa unidade escolar em que você atua ou quem são os professores que estão em sala de aula?

Foto-de-crianças-pintando
Deixe as crianças “pintarem o sete”. Incentivem as artes. Levem os estudantes
a praticar esportes. Escola sem arte e esporte não é escola de verdade...

  • Que proposta pedagógica norteia a atuação dos profissionais dessa instituição?
  • Qual é o estado de conservação das salas de aula?
  • Que recursos adicionais e complementares ao trabalho dos professores são oferecidos (computadores, biblioteca, laboratórios, quadras,...)?
  • Qual é a dinâmica de trabalho da direção e da coordenação?
  • Que projetos estão em andamento nas diferentes disciplinas?
  • Como os professores e a direção lidam com a questão da disciplina/indisciplina?
  • A alimentação na cantina é adequada e correta para uma boa nutrição dos estudantes?
  • Os professores fazem cursos de atualização incentivados pela escola?
  • A educação física e as artes são prioridades da escola?
  • A escola está mais interessada em formar cidadãos ativos, conscientes, participativos e críticos ou em preparar para vestibulares ou exames afins?
  • A escola de seu filho é um fenômeno de marketing ou realmente uma instituição devotada à educação de qualidade?

Essas são apenas algumas das muitas perguntas que têm que ser feitas pelos pais, professores, funcionários e pela comunidade como um todo quanto à pertinência do projeto e das práticas realizadas pelas escolas em que trabalham ou nas quais possuem filhos matriculados.

Foto-de-flores
Cultivem flores e plantas no jardim da escola. Chamem os estudantes
para ajudar a manter essa obra. Cuidem das plantas como devem
fazer com seus alunos. Dediquem atenção, carinho, empenho e terão
um belo jardim e uma ótima escola...

Pode até parecer ingenuidade de minha parte, mas uma escola que realmente quer ser efetiva em suas práticas e propostas apresenta-se bem desde sua porta de entrada. E não basta um capacho com os dizeres “bem-vindo”, é preciso polidez dos funcionários, disposição em atender com atenção, proposição ao diálogo com os pais e funcionários, cuidados com a manutenção do prédio e dos jardins (e se não existem plantas... a escola já se apresenta triste, melancólica e pouco inspiradora),...

A porta da direção tem que sempre estar aberta aos pais e aos professores. A coordenação deve sempre estar aberta a sugestões e, ao mesmo tempo, deve ser ouvida pelos docentes e demais funcionários. Os estudantes precisam ser desafiados nas aulas e também têm que fazer sua voz ser ouvida com argumentos, proposições, críticas e elogios.

O projeto pedagógico deve ser de conhecimento geral de todos. A participação do corpo docente, discente e da comunidade em geral tem que ser regra elementar. As reuniões precisam ser freqüentes e trazer a tona não apenas os problemas, mas também os projetos, as realizações bem sucedidas e o convite para uma participação ativa e constante dos pais em atividades desenvolvidas na escola a partir da ação de professores e funcionários em parceria com os estudantes e os próprios pais...

Esporte e cultura devem ser bandeiras de todas as escolas. Nesse sentido são necessárias atividades como excursões a exposições, museus, cinemas ou teatros; a criação de escolinhas esportivas e a participação em torneios de diversas modalidades devem ser a tônica da educação física; o incentivo a pesquisa e ao desenvolvimento de projetos científicos deve ser encarado como prioridade; aulas de música, teatro, filmagem ou clubes de leitura e rádios escolares devem surgir...

Converse com os colegas de sua escola se for professor; Convoque reuniões caso seja pai de aluno; Incentive o diálogo e a troca de idéias se for diretor ou coordenador; participe suas opiniões e sugestões se estiver estudando; Mobilize-se em favor de uma nova escola para você e para os seus...

As transformações não podem e não devem ser deixadas para amanhã. O tempo deve ser nosso aliado e não nosso inimigo. Comece desde já a plantar flores e folhagens no jardim da escola, convença todos a pintar as paredes, faça um mutirão pela limpeza, realize um trabalho de coleta de livros doados para a biblioteca, cobre as autoridades ou os dirigentes de ensino quanto ao uso de tecnologia nas escolas,...

Ano novo, vida nova! Renovem sua escola, revolucionem suas aulas. Isso irá repercutir não apenas no espaço educacional, mas na vida de todos e de cada um....

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