"Brincar, sorrir e
sonhar, são coisas sérias!"
Editor: Luís Campos - Blind Joker
Salvador - Bahia - Brasil
Super-Blind, o Herói de Bengala.
Mais inteligente que uma loura, mais ranzinza que uma
sogra, mais veloz que o Rubinho, mais forte que o Maguila e
mais cego que o Mister Magoo!
Narrador:
Ao sol do meio-dia, numa
praça qualquer de uma dessas lindas cidades deste
maravilhoso País, uma multidão de curiosos cerca
um poste de iluminação pública cujas
luzes estão acesas, olhando para um cara que, sentado na
parte superior do poste, ameaça:
Maluco:
Vou me jogar! Eu sou um
passarinho! Quero voar!
Narrador:
A turba enfurecida grita:
Turba
Enfurecida: Se joga!... Se
joga!... Se joga!...
Narrador:
No entanto, a voz fraca de uma alma bondosa, fã daqueles
programas do "Chaves", sobrepõe-se às demais:
Alma
Bondosa: Quem
poderá nos ajudar?
Narrador:
Neste momento, uma grande
sombra projeta-se sobre a praça. Os curiosos, que
não ouviram a televisão falar em eclipse para
aquele dia, amedrontados, olham para cima e alguns exclamam:
Curioso
Bobo 1: Será um
avião?
Curioso
Bobo 2: Será um
cometa?
Curioso
Bobo 3: Será um
urubu gigante?
Curioso
Bobo 4: Será o
Benedito?
Curioso
Atento: Não!
É uma grande galinha preta voadora!
Curioso
mais Atento Ainda: E tem um
cara de óculos escuros montado no dorso da bicha!
Narrador:
Ao perceberem que a ave com seu ilustre passageiro sobre o dorso
irá pousar, afastam-se deixando um espaço numa
das áreas gramadas da praça que acabaram de
pisotear, apesar da pequena placa que dizia, "Não pise na
grama, imbecil!". Assim que a ave pousou, os curiosos exclamaram em
coro:
Coro
dos Curiosos: Ooooh! Quem
diabos são vocês?
Narrador:
A grande galinha preta soltou
um "có-có-ri-có" compatível
com seu tamanho e seu ilustre passageiro, até agora
desconhecido por estas paragens, disse-lhes sorrindo:
Super-Blind:
Eu sou o Super-Blind e, a
partir de hoje, estarei sempre alerta contra as desigualdades sociais,
estradas esburacadas, jogos bancados pelo governo,
mensalões, companhias telefônicas, seguradoras e
de saúde privada, senhas e filas do INSS, o
péssimo atendimento do SUS,
convocações extraordinárias imorais do
Congresso, marmeladas e falcatruas políticas e a bandidagem
em geral!
Coro
dos Curiosos: Fiuiiiiii
uuuuuuuuuuuuu fiuiiiiiiiiii uuuuuuuuu plac plac plac plac plac plac
Super-Blind:
Obrigado, obrigado! Em caso
de perigo é só me chamar!
Narrador:
Neste momento, uma voz
feminina (Só podia ser!) eleva-se, exclamando:
Curiosa:
E como faremos isso, Seu
Super-Blind?
Super-Blind: Apenas
gritem meu nome e onde eu estiver ouvirei o chamado!
A
Mesma Curiosa: Por falar
nisso, Seu Super-Blind... E o cara que está ali no poste?
Coro
de Curiosos: Oooooh!
Super-Blind:
É mesmo! Havia
esquecido do sujeito! Vou até lá!
Narrador:
O Super-Blind pegou sua "BU"
(Bengala de Utilidades), armou e, batendo com ela no chão,
dirigiu-se ao local que pensava estar o carinha em perigo.
Coro
de Curiosos: Ooooh! Ele
é cego!
Um
Curioso Politicamente Correto: Cego
não... Deficiente visual!
Um
Curioso Caridoso: Oh!
Super-Blind, você está indo para o lado errado!
Deixe-me ajudá-lo!
Super-Blind:
Obrigado, meu caro curioso...
Ainda não aprendi a lidar com meus superpoderes! Deixe-me
segurar em seu braço!
Curioso,
Curioso: Assim
você se sente mais seguro, Super-Blind?
Super-Blind:
Todo Deficiente Visual se
sente mais seguro pegando no braço ou no ombro de quem o
guia. Nada de tentar segurar o cego!
Curioso:
É... Tem
lógica!
Narrador:
O Curioso então
conduziu o Super-Blind até o poste sobre o qual estava o
louco. Assim que o Super-Blind soube que estava junto ao citado poste,
olhou para cima (Pra ver o quê?!) e, tirando uma gilete da
sua "Bengala de Utilidades", mostrou-a ao doido e gritou-lhe com sua
voz potente, porém ameaçadora:
Super-Blind:
Se você
não descer imediatamente, eu corto esse poste!
Narrador:
O maluco ao ver a gilete na
mão do Super-Blind, gritou de volta:
Maluco:
Nãooooo! E - eu
só estava querendo voar, seu moço! Por favor,
não corte o poste... Já estou descendo!
Narrador:
Assim que o cara pisou no chão, a multidão de
curiosos explodiu em apupos, palmas e gritos de alegria:
Coro
de Curiosos: Fiuiiiiii
uuuuuuuu fiuiiiiiii uuuuuu fiuiiiiii uuuuuu plac plac plac plac plac
viva viva viva Salve o Super-Blind! Salve! Salve! Salve!
Um
Curioso Desatento: M-mas ele
está em perigo?
Um
Curioso que estava ao Lado desse Aí: Deixa
de ser besta, homem!
Narrador:
Assim que o maluco desceu, uma viatura policial parou e desta desceram
três "meganhas" que foram distribuindo borrachadas entre a
multidão de curiosos e, com algumas bicudas e sopapos,
pegaram o maluco pelo pescoço e o jogaram na mala da
viatura. Com a sirene gritando "uôn uôn
uôn uôn", saíram em disparada. Alguns
curiosos espertos, evadiram-se do local assim que viram a viatura parar
na praça... Quem ficou, apanhou! Mas, entre mortos e
feridos, salvaram-se todos! Nosso Super herói, que, apesar
de super não é bobo, escondeu-se atrás
do poste até que acabasse a confusão e agora,
despedia-se da multidão:
Super-Blind:
Missão cumprida!
Vou em busca de novas aventuras! Alguém, em algum lugar,
poderá precisar dos meus préstimos!
Curiosa
Loura: Préstimos?
O que será isso?
Coro
da Multidão: Valeu,
meu rei! Fuuuuuuuuiuiiiiiii, plac, plac, plac, plac, plac.
Narrador:
Então, guiado pelo mesmo cara de antes, Super-Blind foi
levado até onde estava Akilah, sua companheira de aventuras
e, montando em seu dorso, saudou a todos:
Super-Blind:
Eu vou, mas deixo um aviso
à rapaziada que gosta de mutreta: Super-Blind
está de olho em vocês... Cuidado comigo!
Narrador:
Dizendo isso, Super-Blind falou para Akilah:
Super
Blind: Aiôôôô,
Akilah... Para cima!
Narrador:
Então Akilah
levantou vôo e logo ambos desapareceram no céu!
Fim.