Planeta Literatura
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

A Magia do Cinema - 17/08/2005
Filmes para ver e reverenciar

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Os críticos em geral são sempre incompreendidos. Sejam eles analistas de filmes ou de livros, de peças teatrais ou de música, a impressão que fica para os leigos é a de que os especialistas encarregados de analisar e criticar as produções culturais são eternos insatisfeitos e que eles têm que necessariamente contrariar a opinião do público em geral. Isso significa, na prática, que se os espectadores gostaram muito de um determinado filme ou peça, os críticos devem malhar essa produção ou, se as pessoas não a apreciaram, que eles devem enaltecê-la.

É lógico que isso não é uma regra e que, tampouco deve servir como orientação para nossas leituras nos segmentos culturais dos jornais que lemos. Há, obviamente, um olhar diferenciado por parte do crítico quando comparado com o espectador médio. Esse olhar lhe permite perceber aspectos da produção que passam despercebidos a maioria das pessoas. A capacidade analítica dos críticos é respaldada por estudos, leituras, conhecimento de obras previamente produzidas, artigos redigidos ao longo de toda uma carreira e, consequentemente, capacidade de comparação, apreciação e consideração que superam a de pessoas que não trabalham com essa produção cultural.

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Clássicos do cinema europeu como o italiano “Ladrões de Bicicleta” (de Vittorio de Sica),
o russo “O Encouraçado Potemkin” (de Sergei Eisenstein) ou ainda a comédia francesa
“As Férias do Sr. Hulot” (de Jacques Tati) estão no livro “A Magia do Cinema”.

Temos então que entender que ao criticar ou elogiar um filme que você e outros espectadores assistiram e a respeito do qual, diferentemente dele (o crítico), possuíam outra opinião, não se enerve, apenas aceite o fato de que aquele analista possui uma visão diversa da sua e que deve ser respeitada. Isso também faz parte do necessário e indispensável exercício de tolerância que temos que realizar ao longo de nossas vidas.

Roger Ebert, autor das resenhas que compõem a coletânea “A Magia do Cinema” é um desses críticos que amamos ou odiamos por suas opiniões controversas. Trata-se de um dos mais respeitados e notáveis colunistas especializados em cinema dos Estados Unidos, onde atua como crítico para o jornal Chicago Sun-Times desde 1967. Já foi, inclusive, agraciado por seu trabalho com o prêmio máximo do jornalismo naquele país, o Pulitzer.

Levando-se em conta que premiações como o Pulitzer normalmente dão maior credibilidade e consideração a artigos de política e economia em detrimento de cultura e esportes, há de se considerar o trabalho jornalístico de Ebert como legitimamente notável. Se não bastasse isso, o colunista também é professor de Cinema na cadeira de Belas Artes da Universidade de Chicago. O contato com o mundo acadêmico lhe dá, portanto, ainda maior respaldo, responsabilidade e até mesmo conteúdo para firmar suas opiniões expressas nos jornais.

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Obras primas do cinema americano como “Taxi Driver” (de Martin Scorsese) e
“Quanto mais quente melhor” (de Billy Wilder) também são analisadas
pelo crítico e professor de cinema Roger Ebert.

Pois é de todo esse trabalho reconhecido desse autor que surgiu a idéia de editar um livro que contivesse os cem melhores filmes produzidos ao longo do século XX. Tarefa essa que, diga-se de passagem, tornou-se ainda mais difícil pelo fato de ser muito controversa ao propor a escolha ou a rejeição de certos títulos e nomear os selecionados como os melhores produzidos nos primeiros cem anos de existência da Sétima Arte, o Cinema.

Aumentem então o nível de dificuldades ao lembrar que a produção cinematográfica não se restringe apenas ao país de origem do autor do livro ou ainda a própria impossibilidade física que nos impede de assistir a todos os filmes já produzidos, mesmo aqueles realizados apenas em nossa própria pátria (não teríamos tempo suficiente para fazer isso em apenas uma existência e conseguir ainda realizar todas as outras atividades que fazem parte de nossas vidas; além disso sabemos que muitos filmes dos primeiros tempos do cinema foram perdidos ou destruídos pela má conservação e descaso em relação aos mesmos).

De qualquer forma, as listas de melhores produções culturais (filmes, livros, peças, músicas,...) foram criadas pela humanidade há algum tempo e sempre despertaram enorme curiosidade. Muitas delas não conseguem agradar ao público, no entanto, no caso de Ebert, conta a favor do mesmo o fato dele ser um respeitado jornalista e também estudioso de cinema com grande experiência, o que confere a seus artigos uma considerável qualidade.

Ebert procura não demonstrar em seu livro um previsível americanismo em suas escolhas para a lista de “100 melhores filmes de todos os tempos”. Há filmes europeus e asiáticos em sua relação e, deve-se levar em consideração que o público médio que freqüenta cinemas nos Estados Unidos não é muito afeito a filmes legendados ou a histórias pouco convencionais. Há de se lamentar a ausência de produções latino-americanas ou africanas, especialmente de filmes brasileiros de grande repercussão, como “Central do Brasil” ou “O Pagador de Promessas”.

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A ausência de filmes como “O Grande Ditador” (de Charles Chaplin) ou ainda “Os Imperdoáveis”
(de Clint Eastwood) mostram as dificuldades de se criar uma relação com os melhores
filmes de todos os tempos. Ausências e injustiças sempre serão cometidas..
.

Apesar de ser cinéfilo assumido, estudioso das relações entre cinema e educação, colunista responsável pelos artigos sobre filmes na escola no Planeta Educação e de assistir filmes com grande freqüência, tenho que revelar que ainda não consegui assistir a todos os filmes reverenciados por Roger Ebert.

Li o livro em busca de sugestões de títulos que ainda não conheço ou assisti e, também, para perceber diferentes nuances e opiniões acerca de produções que já vi ou escrevi a respeito. Fiquei francamente surpreso pelo fato de desconhecer alguns filmes mencionados ou de não ter assistido a outros tão comentados e recomendados pelos críticos e estudiosos.

Entre os filmes que assisti e que concordo quanto ao fato de estarem presentes nessa lista não poderia deixar de mencionar “Casablanca”, “Apocalipse Now”, “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, “Cantando na Chuva”, “Ladrão de Bicicletas”, “A Lista de Schindler”, “A Felicidade não se compra”, “As Férias do Sr. Hulot”, “Pinóquio”, “Quanto mais quente melhor” e “O Silêncio dos Inocentes”. São verdadeiras pérolas para quem realmente é apaixonado por cinema.

No que se refere as ausências, não posso deixar de lamentar que o autor tenha preterido “Tempos Modernos” e “O Grande Ditador”, ou ainda que “Sociedade dos Poetas Mortos” ou “O Rei Leão” não constem dessa lista.

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Que o século XXI descubra o cinema latino-americano e brasileiro (imagens dos filmes
“Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles e de “Central do Brasil”, de Walter Salles Jr.)
para que possamos estar presentes nas listas de melhores de todos os tempos...

E não foi apenas Charles Chaplin que teve alguns de seus melhores filmes não incluídos na relação de Ebert, Woody Allen teve “Manhattan” escolhido em detrimento de “A Era do Rádio”, Frank Capra não teve seu clássico “Do mundo nada se leva” incluído, o excelente faroeste “Os Imperdoáveis” de Clint Eastwood não figura na lista, o assustador “O Iluminado” de Stanley Kubrick também foi esquecido e Oliver Stone teve seu maior sucesso “Platoon”, sobre a Guerra do Vietnã totalmente ignorado...

Apesar dessas pequenas injustiças (entre algumas outras), a lista de Ebert homenageia a produção de alguns dos mais importantes cineastas de todos os tempos como Orson Welles, Akira Kurosawa, François Truffaut, John Ford, Federico Fellini, Rainer Werner Fassbinder, Buster Keaton, Francis Ford Coppola, Fritz Lang, Billy Wilder, Steven Spielberg, Alfred Hitchcock, Martin Scorsese e Elia Kazan, entre vários que mereceriam destaque e que são mencionados por alguns de seus filmes no livro.

Meu único ressentimento profundo é a não apreciação das obras brasileiras, como as de Glauber Rocha ou mais recentemente, de Walter Salles. Tenho certeza, no entanto, que Salles, Fernando Meirelles e outros brasileiros irão aparecer nos levantamentos que serão feitos a respeito dos melhores filmes do século XXI...

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1 COMENTÁRIOS

1 Rosane Borges - Jardim ALEGREPR.
é muito interesante sua proposta para uma nova mentalidade sobre a educação as partir do universo do aluno a qual ele esta enserido. Muito significativo e aliás essa a minha tese de coclusão de curso e também futuras pesquisas como meu mestrado eu acredito que o professor hoje deve estar equipado ao entrar em uma salade aula para estimular a educação.Gostaria que me mandacem material para minha pesquisa. obrigada e bons estudos
17/07/2010 21:55:44


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