É tempo de férias, é tempo de família - 27/06/2005
Que tal aproveitar o mês de julho com seus filhos?
Não foram poucas às vezes em que vi ou ouvi os pais se lamentando em função da chegada das férias. Nada poderia ser mais desanimador para as crianças do que saber que seu pai e sua mãe não ‘curtem’ a possibilidade de todos estarem juntos durante períodos mais longos de tempo. As férias existem também para isso, para estreitar os laços familiares, aproximar pais e filhos, criar espaços de diálogo e definir uma verdadeira amizade entre os membros da família.
O tempo passa muito rapidamente e não percebemos isso, de repente nossas crianças se tornaram pré-adolescentes ou adolescentes, estão às vésperas de exames vestibulares, se preparam para morar fora enquanto estudam em universidades e, finalmente, decolam para seus vôos particulares, em que viverão suas vidas totalmente independentes de nossa existência...
Quando abrimos os olhos e percebemos a forma como o tempo se esvai ficamos nos lamentando dos momentos que não vivemos, das emoções que não extravasamos, dos beijos e abraços que não demos, do carinho que somente pensamos em dar mas que não concretizamos...
Ser pai e mãe envolve cobranças, castigos, ‘puxões de orelha’ e regras. Temos que cobrar disciplina de nossos filhos desde os primeiros passos que eles dão para que eles possam se adaptar aos rigores do mundo em que vivemos. Todos os pais se sentem responsáveis por esse amadurecimento necessário pelo qual seus filhos tem que passar. Entretanto temos que alertar para a necessidade de uma presença mais participativa e carinhosa nessa relação entre pais e filhos...
Brincar com os filhos em casa, ler histórias, assistir desenhos animados,
desenhar, pintar e tantas outras atividades aumentam a cumplicidade e
estimulam
a amizade e a sinceridade entre pais e filhos.
Férias em família pode ser um momento de intensa união, de programas conjuntos, de solidariedade e diversão. É um tempo sem igual, que bem aproveitado pode ser relembrado ao longo de toda a vida tanto dos adultos quanto das crianças e adolescentes.
E não é necessário fazer estragos no orçamento doméstico para conseguir isso. Pelo contrário, as melhores fórmulas são justamente as mais simples e baratas. Aquelas que envolvem principalmente a participação, a presença dos pais, são muito mais valiosas do que qualquer uma que envolva investimentos mais altos. Uma volta de bicicleta na praça da cidade, uma visita ao clube ou a quadra de esportes do bairro para jogar bola, brincar com carrinhos ou bonecas na sala de sua casa, ler histórias de livrinhos infantis e revistas em quadrinhos, montar um quebra-cabeças de muitas peças ou mesmo se divertir visitando algum museu ou exposição podem ser ótimos programas aos olhos de nossos filhos.
Lembro-me com clareza dos dias em que íamos a praia, que ficava a poucos metros de nossa casa. Brincávamos na areia com nossos baldinhos, fazíamos castelos e buracos onde a água do mar se depositava como se tivéssemos nossa própria piscina particular, jogávamos frescobol, corríamos atrás de alguma bola de futebol ou simplesmente nos banhávamos em mergulhos infindáveis.
Tenho certeza que todos nós conseguimos recordar diferentes situações em que estivemos reunidos com nossos pais, irmãos e amigos a jogar baralho, assistir algum filme ou desenho animado no cinema da cidade, jogar conversa fora lembrando histórias de extraterrestres ou de fantasmas ou ainda ajudando na cozinha a espera de algum petisco saboroso para acompanhar a sessão da tarde.
As crianças precisam encontrar os amigos e os primos para brincar ao
ar livre e
se exercitar. A interação e as atividades lúdicas e físicas são
essenciais para a saúde mental e fisiológica das crianças.
É justamente por esse motivo que fico indignado quando escuto as lamurias dos pais quanto ao mês de férias que os aguarda. As crianças em casa passaram a ser vistas como problema ou então como gastos adicionais. A geladeira precisa estar constantemente abastecida, é necessário agendar passeios caros, a insatisfação dos filhos parece sempre ser maior do que o contentamento, eles parecem estar a todo o tempo nos nossos pés pedindo alguma coisa,...
Não encarem dessa maneira. Revertam essas expectativas. Pensem nas boas alternativas que se apresentam a partir dessa fortuita reunião familiar.
O primeiro e mais importante passo é discutir possíveis programas conjuntos e definir que há um orçamento que deve ser respeitado. Não crie fantasias que não podem ser cumpridas. Jogue limpo, coloque todas as cartas na mesa, torne-os aliados para que as férias sejam realmente interessantes para todos.
Façam uma pesquisa das alternativas existentes em sua cidade ou região. Há muitos programas gratuitos ou ainda baratos. Torne a estadia em sua própria casa uma lembrança das mais agradáveis para seus filhos. Se os seus filhos forem crianças vocês podem relembrar brincadeiras de seu tempo de infância que eles provavelmente desconhecem como esconde-esconde, cabra-cega, pega-pega, amarelinha ou o jogo de tacos. Outras possibilidades seriam passeios de bicicleta, jogar bola, desenhar e pintar, brincar com massinhas, criar a partir de sucata,...
O encontro das crianças com os avós e com outros parentes também
deve ser parte da programação de férias. Não há carinho tão sincero
na
vida
das crianças quanto aquele vivido em família.
Também são muito legais os momentos culturais como as visitas a museus ou parques, as leituras em família, as idas ao cinema e ao teatro. Em nossa região (o Vale do Paraíba) há, por exemplo, o Sítio do Pica-Pau Amarelo em Taubaté que traz de volta para os adultos o gostinho de infância e desperta a nossa meninice enquanto, ao mesmo tempo, encanta as crianças em virtude da presença de Emília, Visconde, Dona Benta, Narizinho, Pedrinho,...
De todas essas experiências façam despertar a necessidade de externar os sentimentos de seus filhos. Peçam a eles que relatem o que sentiram, de que forma o passeio ou a brincadeira foram vivenciados em suas intimidades, o que foi válido, o que não foi tão legal.
Se possível tire muitas fotos. Guarde recordações de cada um dos momentos vividos. Mostre seu interesse para que as crianças percebam o quanto tudo o que estão vivendo é especial para vocês também. Há uma certa frustração entre os nossos filhos quando eles percebem que tudo aquilo só está sendo feito para a satisfação deles mesmos. Esse sentimento de solidariedade em relação aos pais tem que ser percebido e valorizado. Ria e se divirta junto com seus filhos, isso também representa uma alegria indescritível para eles.
Não se esqueçam de visitar amigos e parentes. Vá à casa de seus pais para que seus filhos tenham um contato permanente com os avós (paternos e maternos). Permita que seus filhos se encontrem com regularidade com os primos e amigos, especialmente da mesma idade, para que possam se divertir juntos e saber o que está acontecendo na vida dessas pessoas que lhes são próximas e queridas.
Acima de tudo, valorize o seu encontro com seus filhos. Todas as atividades programadas e momentos vividos são especiais porque permitem que vocês estejam juntos deles. Esse calor e carinho têm que ser sentidos. O amor que existe entre vocês se torna ainda maior a cada novo dia compartilhado, a cada hora em que vocês estão juntos. O período de férias é a época do ano mais propícia ao estreitamento da união entre pais e filhos, vivam esse período com grande intensidade. Isso será eternamente lembrado...
Obs. Gostaria de agradecer aos meus pais e irmãos por tudo o que vivemos juntos em nossas vidas e em nossas férias conjuntas. Gostaria de agradecer a minha esposa e a meus filhos por tudo o que vivemos juntos em nossas existências. Gostaria de agradecer a Deus que possibilitou todos esses encontros maravilhosos...
1 fernanda - campo grande
Dr. João Luís,
Sou mãe de 2 meninas e estava procurando idéias para passar o tempo de férias com elas de uma maneira gostosa e sem muitos gastos então me deparei com seu artigo muito rico e totalmente voltado aos verdadeiros valores da família. Quero lhe agradecer por esta leitura tão proveitosa para mim e que Deus lhe abençoe !!
09/07/2010 17:30:28
2 yasmim da silva ferreira - natal (rn)
amei pois me ajudou em um trabalho escolar
20/05/2008 17:35:23
3 Selma Lúcia - Campo Grande - MS
Sr. João Luís,
Sou psicóloga e estou hoje preparando uma entrevista para a TV local de Campo Grande, falando exatamente sobre este tema e gostaria de dizer o quanto achei interessante esta sua matéria, pois sua sensibilidade, leva-nos a refletir sobre a necessidade de resgatar um bem precioso, que é a convivência familiar e a que algum tempo tem sido substituída por reclamações ou ainda apenas um pagar para que os filhos se divirtam isentando os pais de terem que prestar aos filhos o seu carinho, atenção e participação. É como se livrassem de uma culpa, de não terem feito NADA por seus filhos.
Os consultórios estão cada dia mais lotado de crianças e adolescentes, querendo limites, carentes por um toque afetuoso de seus pais.
Um abraço fraternal e obrigada pela contribuição,
Selma
28/06/2007 09:28:02
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