Os desencantos do Consumismo - 06/06/2005
Quando comprar vira uma grande dor de cabeça
As crianças aprendem a guardar e gastar dinheiro com os pais.
Entramos numa loja de brinquedos e vemos as crianças andando desorientadas entre as prateleiras atrás de um brinquedo. Era um presente de aniversário e, por isso mesmo, tinha que ser especial. Havia uma infinidade de possibilidades entre bonecas, bolas, carrinhos, jogos e bichos de pelúcia. Ao final de uma visita que durou aproximadamente uns 40 minutos, saímos de mão abanando. Nada realmente interessou e encantou...
Esse desfecho pouco feliz poderia indicar que a loja em questão não tinha funcionários aplicados para efetivar a venda; uma outra possibilidade talvez fosse a de que o estabelecimento comercial não estivesse provido realmente com tudo aquilo que poderia ser oferecido para encantar as crianças.
Essas justificativas com certeza seriam utilizadas por muitos pais para explicar o insucesso na tentativa de compra de um brinquedo. No entanto, não considero essas explicações as mais adequadas para o momento que vivemos...
Acho que para entendermos melhor esse caso seria adequado observarmos outras situações. Por exemplo, quantas vezes nos alimentamos fora de nossas casas durante a semana, na correria do cotidiano, com o intuito de conseguirmos concretizar todos os compromissos que assumimos em nossas vidas profissionais?
Até pouco tempo atrás não era comum que as pessoas comessem tanto fora de suas casas. Isso aumenta consideravelmente os gastos e extrai o prazer que esses compromissos têm em nossas vidas.
Almoçar, jantar ou mesmo tomar café na rua se tornou um ato comum demais. O que até pouco tempo atrás era acontecimento de finais de semana, quando as famílias se arrumavam ou os casais se preparavam ansiosamente para ir a um bom restaurante e degustar uma refeição diferente daquela que comiam em suas casas está, devido ao excesso de visitas a bares e restaurantes durante o horário de expediente, se tornando uma banalidade e perdendo o charme, o valor.
Compras fora de hora. Produtos supérfluos que acabamos adquirindo por impulso a partir da influência da propaganda veiculada na televisão, na Internet ou no rádio. Roupas que são incorporadas aos nossos armários sem que tenhamos a menor necessidade, apenas para nos adequarmos a modismos ou tendências. Alimentos que consumimos de forma gulosa, excedendo os limites do nosso corpo por estarmos sendo hipnotizados por belos painéis e cartazes que vendem a idéia de sabor e prazer,...
Para melhor entendermos acontecimentos como aqueles que acabei de mencionar é importante referenciarmos nosso conhecimento nos cânones, por isso mesmo, vamos dar uma olhada na definição de consumismo que nos é dada pelo dicionário Houaiss da língua portuguesa:
Consumismo = substantivo masculino – 1 ) ato, efeito, fato ou prática de consumir (comprar em demasia) Ex.: a recessão refreou o consumismo. 2 ) consumo ilimitado de bens duráveis, especialmente artigos supérfluos Ex.: a sociedade de consumo caracteriza-se por um consumismo delirante.
Temos que nos preocupar em gastar com sabedoria o dinheiro que conseguimos ganhar com tanto esforço. A sabedoria popular nos diz que dinheiro não dá em árvore e as fábulas reiteram que não podemos esquecer do “inverno”...
Quando falamos de nossos excessos somos invariavelmente acometidos de duas posturas mais comuns: a primeira é a de negar que estejamos cometendo esses erros; a segunda é a de nos sentirmos culpados e envergonhados em relação aos abusos que cometemos.
Que tal pensar em uma terceira alternativa que pode ser muito mais interessante e que, certamente poderá lhe auxiliar a resolver o problema? Não, não estou falando de nada que seja absolutamente revolucionário ou inovador para o comportamento humano, apenas reitero o pensamento de muitas e muitas pessoas sensatas e inteligentes.
Ao invés da culpa ou de tentarmos nos declarar inocentes em relação a esses descaminhos quanto ao consumo exacerbado de produtos e serviços, que tal tentar refletir a respeito das atitudes já tomadas e, se preocupar, futuramente em pensar duas vezes antes de comprar alguma coisa. Muito daquilo que compramos é fruto de atos intempestivos, motivados por uma ardilosa e muito bem articulada estratégia de marketing e vendas.
Ao nos encantarmos por uma faca que realiza cortes fantásticos, que não precisa ser afiada, que é produzida com o aço mais durável e que é garantida por seis meses além de ser acompanhada por uma infinidade de brindes e promoções que nos levam a concorrer a viagens e automóveis, devemos nos perguntar se realmente precisamos dessa ferramenta...
Temos que programar nossos gastos para que no final não tenhamos contas “salgadas” demais para pagar e também para que consigamos realizar alguns de nossos projetos e sonhos de vida...
Antes de comprarmos uma dose adicional de refrigerante temos que nos questionar se o nosso organismo realmente necessita e agüenta essa carga extra de açúcares e aditivos.
Ao nos decidirmos pela troca de nosso carro temos que saber se o que possuímos realmente não está mais adequado aos nossos propósitos e interesses e, ao mesmo tempo, se o nosso orçamento permite que possamos realizar essa negociação.
Devemos pensar a respeito de nosso consumo para que possamos definir prioridades e traçar projetos para nossas vidas. A viagem do final do ano pode muito bem ser realizada se formos capazes de conter certas despesas e gastos; a reforma da casa será possível se evitarmos gastar gasolina em demasia; a aquisição de um eletrodoméstico pode acontecer se conseguirmos poupar recursos que seriam gastos com refeições fora de casa a todo o momento...
O consumismo é uma doença grave que assola uma enorme quantidade de pessoas em várias partes do mundo. Nos Estados Unidos há casos de pessoas que foram à falência, isso mesmo, elas quebraram suas contas bancárias, endividaram-se enormemente em seus cartões de crédito e continuaram comprando produtos que na maior parte dos casos eram desnecessários para suas vidas até perderem tudo aquilo que haviam demorado anos e anos para constituir como patrimônios pessoais...
As crianças aprendem com nossos erros e acertos. As atitudes dos pais motivam-nos a se alimentar adequadamente, de forma diversificada, inserindo vegetais e evitando excessos; por outro lado, se pai ou mãe abusam dos doces, sorvetes, hambúrgueres e comidas fritas isso irá influenciar o cardápio presente e futuro de seus filhos.
A mesma coisa acontece em relação a todos os campos de ação humana, inclusive o consumo. Aprender a poupar, a gastar seus recursos com sabedoria, a utilizar os ganhos de forma a aumentar seu patrimônio e o seu crescimento pessoal e a agir de forma parcimoniosa quanto a seu dinheiro deve ser o objetivo dos pais e educadores nesse importante trabalho com as crianças e adolescentes.
É necessário que saibamos que nossas palavras e ensinamentos só terão efeito se conseguirmos manter a coerência entre o que dizemos e o que fazemos. Não adianta nada falar para as crianças pouparem ou gastarem seu dinheiro com inteligência se não somos capazes de fazer isso. Nesse sentido é imprescindível que façamos um exame de nossas próprias práticas e que não nos deixemos levar por qualquer oferta, por mais interessante que possa parecer...
1 helena - primavera
isso e muito legal
07/05/2008 11:14:32
2 Lana - Vitória da Conquista
Muito bom os comentários!
Essa é a verdade.. :
05/09/2007 13:40:57
3 Otávio - Brasilia
o texto é simplesmente genial...........graças a ele consegui
tirar conclusões importantes para meu trabalho de Sociologia
achei o texto irado e queria dar parabéns ao dono da matéria!!!
04/09/2007 22:48:15
4 Cvrnazvd - fdfdfd
O texto é perfeito...o exemplo da criança cai como uma luva, porque é o que acontece na realidade...se não vai precisar da faca, não compre (tem gente que acredita nesses sorteios) e mesmo se fosse ganhar uma viagem ou carro através do sorteio, esta cobiça não deixa de ser consumismo (será que vou precisar de um carro e arcar com todos os custos que ele me trará?) A viagem é para um lugar que eu queira ir ou vou apenas porque a ganhei? Reflitam
07/08/2007 09:10:18
5 marcos maciel - serranopolis
Gostei mas deveria ser mais objetivo,quando se tratar de familia, o exemplo da loja foi objetivo mais vago...
06/08/2007 20:07:58
6 talita - contagem
eu não li tudo,por que é muito grande e eu tô com preguiça....mais eu adorei a frase que vcs colocaram acima....OS DESENCANTOS DO CONSUMISMO(QUANDO COMPRAR VIRA UMA GRANDE DOR DE CABEÇA)eu achei essa frase muito legal e interessante...é isso bye bye gentiiii!!!
05/08/2007 11:38:48
7 adriana santos - aveiro
gostei do vosso site..................axo que voces tem razao ate um certo ponto.......1º- menhuma criança sairia, depois de 40 minutos, de uma loja de brinquedos de maos a abanar......a criança iria ficar fascinada com tudo o k veria e quereria levar tudo o k pudesse......2º- penso k se pudesse komprar uma faca em k tivesse direito a um sorteio onde me poderia sair uma viagem ou um automovel, é claro k a compraria.....mas pronto....opinioes sao opinoes ....bem.........boa sorte
22/03/2007 12:52:28
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