Cinema na Educação
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Fahrenheit 11 de Setembro - 01/12/2004
Explosivo!!!

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Quando ruíram as torres gêmeas do World Trade Center, junto com as milhares de vítimas que ali morreram, sucumbia também a sensação de proteção com a qual estavam acostumados os norte-americanos desde o surgimento daquele país. Os ataques desferidos pelo “Núcleo” ou Al Qaeda, organização terrorista liderada por Osama Bin Laden, comprovaram a fragilidade de sistemas de proteção que custaram aos cofres do governo americano uma enorme fatia de seus orçamentos anuais.

A exposição dessa fraqueza e a letargia do presidente dos Estados Unidos quando foi informado dos ataques colocaram em xeque a hegemonia dos norte-americanos, conquistada a duras penas, depois de muitos anos de Guerra Fria.

Vale lembrar que o surgimento de Bin Laden e da Al Qaeda está ligado a disputa mundial travada por americanos e russos desde o final dos anos 1940. Pertencente a uma rica família saudita, com inúmeros investimentos nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, Bin Laden respondeu aos chamados do movimento fundamentalista internacional em sua guerra a favor da libertação do Afeganistão do domínio da União Soviética durante a década de 1980.

Atuando como uma liderança legítima, Bin Laden arregimentou tropas e recursos contando com o apoio logístico, operacional e financeiro da CIA, ou seja, do governo norte-americano. No final dos anos 1980, com a derrota dos russos e a retirada de suas últimas tropas do território afegão, quando os fundamentalistas mais contavam com o apoio dos Estados Unidos para a reconstrução de seu país, foram cortados os fomentos e, sem novos investimentos, o país passaria por grandes provações nos anos seguintes.

Para acirrar ainda mais as hostilidades contra os Estados Unidos, no início da década de 1990 foi lançada a ofensiva norte-americana pela libertação do Kuwait, contra o Iraque de Saddam Hussein, com o estabelecimento de bases ianques em territórios sagrados para o Islã (na Arábia Saudita, um dos mais fortes aliados dos americanos no Oriente Médio).

Aproximadamente uma década depois, o filho do presidente americano (George Bush) que havia desferido o ataque ao Iraque no início dos anos 1990, George W. Bush, sentado numa escola da Flórida, ao ser informado dos ataques as torres gêmeas e ao Pentágono ficava impassível, sem ação, estático, literalmente estupefato e visivelmente letárgico. Sem o apoio de seus assessores, diante de várias câmeras de televisão, vivendo uma situação em que buscava construir uma imagem mais positiva de seu governo, o presidente da maior potência do mundo estava impotente...

O Filme

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Michael Moore, que já havia nos proporcionado a possibilidade de entender melhor o fascínio dos norte-americanos por armas de fogo e as conseqüências previsíveis dessa relação perigosa com seu documentário “Tiros em Columbine” (clique aqui e veja artigo sobre esse filme de Moore ), se mantém irônico, deveras ácido e combativo em sua produção “Fahrenheit 11 de Setembro”.

Nesse seu documentário sobre os acontecimentos que antecederam o ataque terrorista ao WTC e ao Pentágono e também sobre a conseqüências daquela assustadora tragédia, Moore nos mostra como os aviões que foram jogados contra as torres podem ter, de certa forma, beneficiado (e muito) o então recém-eleito presidente George W. Bush.

Vale lembrar, por exemplo, que Bush tinha negócios com a família Bin Laden, prósperos empresários sauditas, desde o final da década de 1970. E que, apesar dos muitos empreendimentos fracassados geridos pelo então jovem e promissor herdeiro do clã Bush, novas receitas sempre eram obtidas para que novas iniciativas surgissem. Os vínculos entre poderosas famílias sauditas e os Bush foram se estreitando ainda mais a partir das vitórias políticas que colocavam George pai e George filho em instâncias de poder mais representativas, como o governo do estado do Texas ou a presidência dos Estados Unidos...
Moore nos apresenta os primeiros meses da desastrada administração de Bush, nos mostra todo o desconforto e insegurança do presidente americano quando confrontado com as resoluções que teria que tomar em virtude dos ataques, explica as conexões entre os milionários produtores de petróleo do Oriente Médio com a família Bush e ainda nos coloca em contato com denúncias a respeito de ligações do presidente com empresas que fabricam armamentos e que iriam lucrar muito com novas intervenções americanas no mundo...

Premiado em vários festivais, de teor explosivo, aplaudido pelas mais variadas audiências ao redor do planeta, o filme “Fahrenheit 11 de Setembro” se tornou o documentário mais assistido de todos os tempos. Não perca tempo, confira os motivos que levaram tantas pessoas a assisti-lo...

Depois de assistir ao filme fica difícil entender como os americanos puderam reeleger George W. Bush...

Aos Professores

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1- Criem projetos em que os alunos leiam artigos sobre as questões relativas a relação entre os Estados Unidos e o resto do mundo, em especial, no que tange a delicada situação da maior potência do planeta no Oriente Médio. Estimulem a leitura de diferentes jornais e revistas para perceber opiniões distintas a respeito de um mesmo tema. A leitura crítica de jornais permite aos estudantes que se posicionem de forma mais objetiva, contando com o apoio de argumentos que dêem embasamento para suas colocações. Discuta ao menos uma vez por semana os assuntos mais importantes da semana. Organize trabalhos utilizando as imagens apresentadas nas reportagens ou ainda peça aos alunos que desenvolvam redações acerca dessas temáticas.

2- Peça aos alunos que leiam o livro “Palestina, Uma Nação Ocupada” para ampliar o raio de visão dos estudantes a respeito dos conflitos entre árabes e israelenses no Oriente Médio. Não é possível ter uma visão justa a respeito das diferenças existentes naquela localidade do globo sem que possamos ler documentos em que não prevaleçam os interesses dos Estados Unidos e de Israel e, convenhamos, nossa mídia é influenciada em demasia pelos órgãos noticiosos norte-americanos. Após a leitura, retome as discussões geradas pela apresentação do filme e também propiciadas pela leitura dos jornais.

3- Para entender como há um direcionamento do nosso olhar no sentido de transformar os mulçumanos em terroristas potenciais e fanáticos religiosos capazes de qualquer coisa, promova uma rápida amostragem de como os norte-americanos transformaram esses povos nos novos vilões do mundo apresentando os filmes “Nunca sem minha filha” e “O Resgate de Jessica Lynch”. São materiais de propaganda que tem a clara intenção de consolidar os estereótipos anteriormente mencionados. Inicie uma discussão como essa e proponha aos estudantes a realização de entrevistas com membros da comunidade islâmica no Brasil para um intercâmbio mais justo e claro a respeito de seus hábitos e tradições. Afinal de contas, tolerância em relação as diferenças entre os povos e suas culturas é verdadeiramente uma necessidade no confuso e belicoso mundo em que vivemos.

4- Nos últimos tempos, em virtude dos ataques contra as torres do WTC e ao Pentágono foram disponibilizadas muitas reportagens por publicações importantes a respeito da cultura e tradições islâmicas. Revistas como “Primeira Leitura”, “Superinteressante”, “Veja” ou jornais como “O Estado de São Paulo” e a “Folha de São Paulo” entre outros procuraram atender a uma crescente demanda por informações a respeito do mundo islâmico. Que tal rastrear essa literatura e promover uma mostra a respeito dessa rica e influente cultura?

Ficha Técnica

Fahrenheit 11 de Setembro
(Fahrenheit 9/11)

País/Ano de produção: Estados Unidos, 2004
Duração/Gênero: 116 min., Documentário
Direção de Michael Moore
Roteiro de Michael Moore

Links

http://www.adorocinema.com.br/filmes/fahrenheit-11-de-setembro/fahrenheit-11-de-setembro.asp

http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_Filme.aspx?ID_NOTICIA=24686&ID_FILME=4022&aba=cinenews

http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=9792

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2 COMENTÁRIOS

1 nelson marques andrade - salvador
Trabalhei este filme para ajudar na compreensão do assunto imperialismo e teve um resultado muito bom! Desmistificou a visão que se tem de que os americanos são os mocinhos da história!
18/07/2008 12:39:31


2 Liliane F. dos Santos - Itapecerica da Serra
Assisti ao filme e realmente não entendi o por quê das pessoas terem elegido um mau caráter como George w. Bush novamente a ser o presidente deles. Esse filme foi muito bem dirigido e elaborado, deu-me uma nova visão sobre o "grande Bush" e esta visão me decepcionou muito. Grata pela atenção. Liliane F. dos Santos
03/04/2007 13:46:29


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