Paixão pela arte - 30/11/2004
A Humanidade e seu divino dom da Criação
Desde que me conheço por gente cultivo uma relação intensa, verdadeiramente apaixonada com a cultura, o conhecimento e, como conseqüência, com a arte. Conheço muitas outras pessoas que também vivem essa sensação gostosa de apreciação da música, da literatura, do cinema, das artes plásticas, do teatro e de tantas outras formas de criação da humanidade.
Como seres humanos temos uma atração natural por tudo aquilo que é belo, que agrada aos nossos sentidos, que atrai nossa atenção. Seja uma renda ou uma rede tecida com esmero e dedicação por um compenetrado artesão nordestino ou mesmo uma das grandiloqüentes apresentações de Luciano Pavarotti ou José Carreras.
Não há como não se emocionar com os apóstolos de Aleijadinho ou com o Davi de Michelangelo. Obras imortais como aquelas que foram pintadas por Monet ou Picasso fazem parte das referências de toda a humanidade. Isso sem mencionar os filmes inesquecíveis; todos temos uma lista de títulos que carregamos em nossas mentes ou anotamos em nossas agendas para que possamos falar a respeito dos mesmos com nossos melhores amigos.
Há também os livros, aos quais nos referimos com freqüência, de forma direta ou indireta. Recitando trechos de poesias que consideramos imortais, idéias criadas por alguns de nossos gurus, contando trechos de histórias que nos proporcionaram momentos de grande prazer ou ainda utilizando os conhecimentos adquiridos para melhorar o nosso desempenho profissional.
Apresentação da Academia Marian Guimarães, de Caçapava,
no Teatro Metrópole de Taubaté, em novembro de 2004. (Concerto)
Sempre considerei essencial essa relação e, confesso, acreditava que já havia experimentado a maior parte das emoções possíveis no que se refere a esse contato, a essa proximidade com a cultura e a arte. Não que tivesse a intenção de poder dizer para quem quer que fosse que conheço tudo aquilo que se relaciona a produção cultural da humanidade. Não tenho essa pretensão, meu conhecimento ainda é muito reduzido, poderia dizer mesmo que ele é ínfimo se considerarmos a amplitude da cultura mundial.
Entretanto, entre os vários sabores que nos são proporcionados pela cultura e pela arte, julgava já ter tido um contato, mesmo que pequeno, com um amplo leque de iniciativas e trabalhos. Continuo pensando que já vi um pouco de tudo, só que percebi que há muito mais para se ver do que imaginava anteriormente.
E por que estou dizendo isso?
Na semana passada vivi duas experiências marcantes que me despertaram para uma nova e maravilhosa relação com as artes. Assisti a apresentações de danças, proporcionadas por duas conceituadas escolas da região onde moro (o Vale do Paraíba paulista), que literalmente me encheram os olhos de orgulho, satisfação e deleite.
No Teatro Metrópole, em Taubaté, presenciei as apresentações de Balé, Jazz e Sapateado da Academia Marian Guimarães, de Caçapava.
No Teatro Municipal de São José dos Campos, fui ao espetáculo proporcionado pela Companhia Brasileira de Sapateado (CBS).
Apresentação da CBS (Companhia Brasileira de Sapateado)
em Joinville, Santa Catarina, no Festival de Dança de 2003.
Posso dizer, como relato de um iniciante em atividades dessa natureza e, respaldado pelas várias glórias alcançadas pelas duas escolas de dança, que estava diante de dois verdadeiros shows onde se misturavam técnica, arte, entretenimento e apuro visual.
Figurinos bem selecionados, música escolhida a contento, dançarinos preparadíssimos, cenários produzidos com o objetivo específico de atender as seqüências trabalhadas, iluminação especialmente preparada e coreografias belíssimas me ajudaram a entender um pouco melhor o que a dança significa para esses artistas que desfilaram pelo palco.
Bailarinos e sapateadores das mais diversas idades, alguns mais experientes, outros nem tanto (mas com uma grande dose de boa vontade para aprender e aperfeiçoar seu conhecimento), se alternaram nos palcos de São José e Taubaté. Crianças, jovens e adultos subiram aos palcos com a intenção de fazer de sua dança um espetáculo que fosse memorável aos olhos dos espectadores que lotaram os dois teatros.
E o mais interessante de tudo isso, a dança, seja ela qual for, dá a seus participantes uma sensação incrível de leveza, de satisfação, de crescimento pessoal.
Para que pudessem se apresentar, os dançarinos tiveram que se preparar durante um longo período, aprendendo novos passos, memorizando toda uma coreografia, se adaptando aos espaços onde iriam se apresentar, reconhecendo novas técnicas, preparando-se de acordo com músicas apropriadas, treinando muito e em horários alternativos (que não atrapalhassem suas atividades diárias de estudo ou trabalho).
Apresentação da Academia Marian Guimarães, de Caçapava,
no Teatro Metrópole de Taubaté, em novembro de 2004. (Felinos)
A dança lhes dá a possibilidade de amadurecerem quando ainda jovens. Proporciona a todos a chance de aprender a trabalhar em grupo, respeitando a dinâmica das apresentações e percebendo que os holofotes estão direcionados para todos e não somente para um dos participantes.
O aprendizado consome muitas horas, durante as quais os desafios são constantes. Há passos que parece que nunca serão totalmente aprendidos, existem coreografias que tantas vezes são encaradas como impossíveis, mas que os dançarinos conseguem, depois de exaustivos ensaios, reproduzir com perfeição nos palcos.
Aprende-se a ter disciplina. Respeito pelos colegas e pelo público.
A dança promove a auto-estima tanto daqueles que participam dos números (principalmente deles) e também dos que estão presentes como amigos, parentes ou mesmo, simplesmente como admiradores dessa notável arte.
O Balé, o Jazz, a Dança do Ventre e o Sapateado dão ritmo, cadência, cor, brilho e paixão para a vida de seus participantes. Incentivam os jovens a participar de atividades que unem arte, saúde, história e cultura, todos ao mesmo tempo e, com um grande diferencial, referendados por uma incrível sensação de prazer.
Ao dançarem, todas essas pessoas celebram a vida; aproximam-se das mais nobres sensações possíveis para um ser humano; distanciam-se das drogas, da dor, do sofrimento; proporcionam ao público momentos de êxtase inigualáveis; esbanjam vitalidade e nos fazem admirar o poder de criação da humanidade. Será que é preciso dizer mais alguma coisa? Somente uma palavra para finalizar essa conversa:- Parabéns!
Obs. Através desse editorial gostaria de incentivar as pessoas a conferir a agenda cultural de seus municípios e regiões em busca de programas culturais como apresentações de dança, música, teatro, poesia e demais alternativas que podem estar acontecendo nas cercanias onde residem. Desliguem um pouco a televisão, saiam de suas casas para incentivar novas produções e espetáculos, leiam mais livros, freqüentem mais os cinemas e teatros...
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