Aprender com os filmes e toda sua ludicidade - 12/09/2017
João Luís de Almeida Machado
Filmes ensinam muitas coisas. Não apenas o que uma escola convencional quer que seus alunos aprendam. Há vários elementos em cena e, com eles, os espectadores se relacionam de diferentes maneiras, ou seja, podem simplesmente desprezar ou, por outro lado, gostar tanto que levarão por toda a vida.
Em "Quero ser grande", por exemplo, comédia estrelada por Tom Hanks nos anos 1980, na qual o protagonista, por algum misterioso e inexplicável passe de mágica, se transforma de menino em adulto sem que sua cabeça acompanhe esta mudança, poucos são aqueles que passam incólumes pela cena do piano. Há ali a magia pura do cinema a embalar a metáfora do menino que cresceu fisicamente, mas cuja cabeça consegue ainda manter toda a energia, pureza e capacidade criativa da infância.
E o que aprendemos com isso? Que tal pensar de forma diferente, sair da caixa, tentar por outros caminhos, abandonar as fórmulas de sempre que talvez até funcionem, mas que não possuem a mesma eficácia e encanto de antes?
Quando o professor John Keating (protagonizado pelo inesquecível Robin Williams), de Sociedade dos Poetas Mortos, diz a seus alunos que "palavras e ideias podem mudar o mundo" o que se vê é o ensejo a leitura, a capacidade de ouvir o outro, de perceber o que há por trás do pensamento alheio, de poetas ou filósofos, de economistas ou educadores.
Num mundo em que queremos sempre falar muito e ouvir pouco a lição é riquíssima, mas usamos isso a nosso favor?
Pablo Neruda, personagem principal do filme "O Carteiro e o Poeta", com toda a sua sabedoria, tem como interlocutor um carteiro que mal aprendeu a ler. O que é possível aprender neste encontro tão díspar? Que tal pensar em algo como a relação entre pessoas diferentes e como isso pode ser bom para ambos e para tantos outros. A diversidade humana é uma riqueza para a qual poucas vezes atentamos.
A cena final de "Casablanca" em que o personagem de Humphrey Bogart diz a bela Ingrid Bergman, mulher que ama profundamente que deve ir embora com seu marido é tocante pela capacidade ímpar de expressar o mais forte de todos os sentimentos por parte de um personagem que é extremamente cínico e pouco afeito a sentimentalidades como o Rick de Bogart. Será que podemos tirar lições desta ação para nossas próprias vidas?
Em "O Show de Truman", Jim Carrey vive num mundo de câmeras e atores sem saber que tudo ao seu redor é farsa e não realidade, apenas televisão em busca de audiência. Na web de hoje, será que também não vivemos uma era de muitos "shows" em que todos interpretam e poucos deixam transparecer realmente quem são? Que tal uma aula de filosofia sobre o assunto?
A animação "Universidade Monstros", já terminando esta breve reflexão, é outro bom exemplo de como o cinema pode nos ensinar muito. Ao mostrar que para atingir seus objetivos como monstros que realmente assustam os protagonistas precisam unir forças e usar o que de melhor cada um deles apresenta, ou seja, um como articulador dos sustos e outro como realizador. Unir forças e valorizar o que cada um tem como melhores qualidades é uma das aulas a se explorar neste delicioso desenho animado.
E o melhor de tudo isso é que o cinema é entretenimento, ou seja, é possível aprender se divertindo. Na escola é preciso, no entanto, planejar o uso, organizar a ação, compor elementos com livros, temas do currículo, de forma multi ou interdisciplinar e colocar os alunos na roda, produzindo e relacionando as ideias o tempo todo!
# Tablets e smartphones para crianças de 1 ou 2 anos...
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