A Semana - Opiniões
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

O fim da corrupção no Brasil - 01/09/2017
João Luís de Almeida Machado

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impostos, receita federal, jeitinho brasileiro

– Sou culpado!

Afirma o político corrupto ao surgirem as denúncias contra ele nos principais jornais do país.

Seus advogados imediatamente vêm a público dizer que seu cliente está passando por problemas de saúde sérios e que suas declarações foram ditas sob o efeito de fortes medicamentos, ou seja, que não condizem com a realidade.

– Sou culpado e não estou doente!

Estampada nas manchetes dos principais jornais, em sites e replicado nos jornais televisivos várias vezes, a declaração do político chega aos quatro cantos do país.

Advogados novamente se reúnem e saem em defesa do réu confesso. Afirmam que o que ele disse tem que ser examinado, contextualizado, auferido para saber em relação a que se refere o congressista.

– Sou culpado pois recebi propina de empresas beneficiadas em projetos públicos. Além de mim também estão envolvidos o deputado Praxedes, o senador Teixeira e a governadora Doralice.

Ele não sabe o que está falando, dizem os advogados, que passam a requisitar a internação de seu cliente.

Estranhamente para todos, também as mencionadas autoridades igualmente envolvidas no escândalo das rodovias, como o caso estava sendo chamado pelos jornalistas, no caso, o não tão nobre deputado Praxedes, a governadora Doralice e o senador Teixeira, admitem publicamente sua culpa e participação no propinoduto.

Advogados de todos tentam igualmente desqualificar suas afirmações, atribuindo-lhes doenças, uso de medicamentos fortes, palavras ditas fora de contexto ou pedindo averiguações da Polícia Federal quanto a o que realmente aconteceu.

O mais estranho aos olhos da opinião pública é que nenhum deles tinha feito acordo de delação premiada. As declarações foram espontâneas e gravadas por câmeras de diferentes emissoras de televisão.

Foram exonerados de seus cargos. Tiveram suas contas bancárias vasculhadas. Dinheiro foi encontrado em contas na Suíça e em outros paraísos fiscais. Laranjas envolvidos foram igualmente investigados, processados e presos. Outros políticos envolvidos, assim como as empresas corruptoras foram punidas.

O dinheiro que foi parar nos bolsos dos políticos corruptos foi recuperado, seus bens foram leiloados para reaver fundos perdidos. Os brasileiros passaram a acreditar que o sistema de fato funcionava pois outros casos foram sendo descobertos, desde situações pequenas, em prefeituras de cidadezinhas do interior ou em câmaras de vereadores até em casos que atingiam o poder executivo em nível federal, com ministros que tiveram que pedir demissão e que foram acionados pela justiça e punidos com rigor.

O dinheiro recuperado nas dezenas, ou melhor, nas centenas de casos investigados, uma vez tendo retornado ao erário público, foi enfim aplicado na conclusão de obras ou em investimentos na melhoria de serviços públicos essenciais como educação, saúde e segurança pública.

A honestidade tinha voltado a ser a regra e as poucas exceções que restavam, casos isolados de corrupção, passaram a ser investigados de forma séria e consequente desde o momento em que surgiam os primeiros indícios com imediato afastamento dos envolvidos de suas funções públicas.

Passaram-se alguns anos e o Brasil estava se tornando uma referência mundial no assunto, sendo um bastião da ética e da honestidade, da aplicação correta dos recursos públicos em prol da população. O “jeitinho brasileiro”, até mesmo ele, foi sendo abandonado. As pessoas não furavam filas, jogavam papel no lixo, respeitavam uns aos outros nos estádios e, pasmem, pagavam impostos corretamente, sem tentar enganar a receita federal, pois sabiam que o que estavam pagando revertia em melhor qualidade de vida para todos.

O país se tornou um centro de investimentos pois funcionava perfeitamente, sem burocracias, sem intermediários achacando os empresários que traziam seus negócios para cá, com grande incentivo aos brasileiros que queriam abrir seu próprio negócio. A arrecadação governamental através dos tributos só crescia e o nível de felicidade geral da nação era grande.

E tudo começara com um surto de sinceridade de um político corrupto que resolveu falar a verdade… Deste exemplo pouco provável vários outros tiveram igual iniciativa e o país foi aos poucos saneado da terrível praga que por tantos anos de sua história tinha tirado do povo o acesso a direitos essenciais. Que orgulho de ser brasileiro. A corrupção tinha deixado de existir e passara a ser apenas lições duras de um passado de problemas que ensinávamos as novas gerações nas escolas. Como a inflação, que um dia foi debelada, depois de ter sido a mais alta do mundo, também a corrupção fora vencida pelos brasileiros! Aí todos nós acordamos e vimos que tudo não passava de um sonho…

Obs. Este é um sonho que não é de uma pessoa apenas, mas de todos os cidadãos honestos que todos os dias trabalham em prol de um Brasil melhor para seus filhos e netos. Façamos deste sonho uma realidade. Precisamos lutar para que a corrupção deixe de existir no país e que isso reverta em favor de todos!



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