Carpe Diem
Aline Paes de Barros Diretora do Centro Social Marista Robru, na zona leste de São Paulo. Pedagoga e Mestre em Educação: Currículo pela Pontifícia Universidade católica de São Paulo.

O Brincar em tempos de infâncias - 22/05/2017
Aline Paes de Barros

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responsabilidade, regras e cobranças

Em nossas memórias afetivas, a prioridade geralmente, é daquelas situações em que nos encontramos livres, aptos para inventar e deixar a criatividade como pano de fundo para nossas ações. Há algo em nossas histórias que nos deixa cheiros, sensações e marcas como lembrança da infância, essa ação chama-se Brincar.

A infância é o momento especial para que as brincadeiras fluam em nosso cotidiano. Livre de responsabilidades, regras e cobranças, o brincar marca a nossa passagem pela vida como algo intenso e prazeroso.

Nosso tempo atual é organizado de maneira muito diferente se comparado às nossas gerações anteriores. Atualmente, na velocidade com a qual podemos “resolver” as coisas, teoricamente, nos sobraria tempo para outras. Hoje, temos o e-mail que substitui a carta, as máquinas que substituem as pessoas, a videoconferência que substitui a viagem, o telefone e as mensagens instantâneas, que são de fácil alcance e podem substituir o encontro entre duas pessoas.

Já a infância, essa tem outro tempo, algumas formas de brincar podem até ter sido substituídas pelos meios tecnológicos, mas as crianças nos fazem lembrar que sempre há tempo de brincar. O tempo numa brincadeira infantil é mero detalhe, pois é possível viajar mil anos em dois segundos. O brincar é um tempo próprio da infância e demonstra que, a despeito de tantos anos de avanços tecnológicos, a brincadeira traz à tona uma maneira de aproveitar as horas do relógio de maneira agradável, livre de imposições e controle.

Os adultos acabam tornando-se responsáveis em favorecer ou não que as crianças brinquem, sendo assim, é importante que o tempo e o espaço de brincar sejam respeitados por aqueles que um dia já foram crianças. Sabemos que em nossa memória afetiva, carregamos como boas experiências aquelas de quando estávamos livres para fazer o que queríamos ou para estar e brincar com quem nos agradasse. A infância é um momento único e tem seu tempo muitas vezes encurtado pelas obrigações próprias do mundo adulto.

Para favorecer espaços de brincar, é preciso ter clareza de que este é um direito da criança e que se ela não o tiver garantido durante este período, o tempo não poderá repor o que foi perdido. Aos adultos, cabe respeitar e valorizar este momento, proporcionando espaços que possibilitem as brincadeiras, a exploração com diversos materiais e, sempre que possível, com outras crianças. Abaixo, relacionamos algumas sugestões para os adultos que buscam tornar esta prática mais rica:

• Garanta sempre um tempo: Assim como se planeja atividades diárias, o tempo para o brincar livre pode estar na agenda, possibilitando que todos os dias a criança tenha este momento respeitado, mas sabemos que o ideal é estar, sempre que possível, livre para a brincadeira;

• Brinque com coisas diferentes: Possibilite acesso a materiais diferentes, principalmente para as crianças bem pequenas. Objetos que não são comprados para esta finalidade tem as maiores possibilidades de desenvolver a criatividade (copos, panelas, tecidos, baldes, garrafas, etc).

• Brinque junto: O Brincar intergeracional que mistura pessoas de diversas idades é uma ótima possibilidade para aproveitar as brincadeiras, neste momento, os adultos podem ensinar brincadeiras antigas e as crianças podem partilhar as ideias mais atuais;

Sendo assim, é possível que a valorização da simplicidade do Brincar seja o foco para garantir que este direito faça parte da vida de nossas crianças. Ainda que o tempo de brincar junto não seja o suficiente, entendemos que a qualidade deste tempo seja o mais importante.

Desejamos que as mesmas memórias que nos trazem hoje afeto de uma infância que nos auxiliou na formação enquanto ser humano, continue, em meio a tabletes e celulares, a encantar o tempo das crianças de hoje, trazendo a elas memórias afetivas intensas, como as nossas.



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