2017: ano de ruptura de paradigmas e de avanços na educação. Por que não? - 10/01/2017
Valentin Fernandes
É natural que no início de cada ano façamos um retrospecto do anterior, algo positivo até para delinear passos futuros; e no espectro da Educação, 2016 também foi um ano intenso.
Tivemos troca de ministros (saiu Aloizio Mercadante e entrou Mendonça Filho), o governo encaminhou ao Congresso Nacional a Medida Provisória (MP) 746/2016 para reestruturação do Ensino Médio, o MEC reviu a Base Nacional Comum Curricular, prevendo alterações no currículo das escolas.
Também foram divulgados os resultados da Prova Brasil, do Enem e do PISA e eles não traduziram a melhora da educação brasileira. É claro que a análise contempla o universo macro do Brasil e os desafios são muitos.
Ainda nesse contexto (continental), vale refletir sobre o questionamento feito pelo senador Cristovam Buarque no 20° aniversário da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) a respeito da possibilidade de termos uma lei que permitisse à educação se antecipar às mudanças da sociedade, sem precisar ser modificada a cada momento. Mas enquanto isso não acontece, caminhemos a partir do possível.
Acredito que como parte de um universo educacional privilegiado, podemos “inspirar” um pouco as iniciativas, sejam as governamentais, sejam as independentes. O principal passo para revertermos os indicadores negativos está em proporcionar aprendizagem significativa aos alunos.
Em termos práticos, isso significa trabalharmos na formação do estudante com afeto, fomentando inteligência emocional, ética, moral, contribuindo para a sua cidadania, entre outros valores. É darmos fim ao estigma de que temos uma escola do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI. É tentarmos diminuir a falta de motivação nos jovens, preparando-os a partir de competências que regem o mundo atual. E no tempo do “aqui e agora”, o aluno tem que sair dos muros da escola com capacidade aguçada de questionar, com aptidão para autogerenciamento e com uma função social definida. É claro que o conteúdo é a base para tudo isso.
Nós, enquanto educadores, produzimos mais se dermos significado para a aprendizagem deles. E aí entra outra questão delicada: a formação e a capacitação de professores. Não é possível economizar esforços para qualificar a mediação da aprendizagem, de extrema importância para o processo educacional. Com bons professores, conseguimos, por exemplo, pensar em “entregar” um Ensino Médio (foco do momento) que considere o projeto de vida do estudante, o qualificando na escolha da carreira e apontando um caminho do profissional que ele será.
Todo esse viés (de conhecimento e autoconhecimento) acaba por colaborar para a criação/manutenção de uma cultura de convivência na qual os cidadãos – egressos da escola – não promovam ou reproduzam discriminações, desigualdades ou invisibilidades.
Após as reflexões, mais do que torcer, vamos fazer de 2017 um ano de ruptura de paradigmas e de avanços na educação.
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