Integrando o digital e o presencial na educação - 03/01/2017
João Luís de Almeida Machado
É, a tecnologia chegou nas salas de aula. Muitos e muitos recursos estão sendo criados, contratados, usados ou não por gestores, professores, alunos ou por pais e responsáveis. Relatos de ações bem-sucedidas são trazidos pela mídia especializada ou por meio de sites, jornais e revistas de grande circulação. O que, de fato, já representa a integração entre o digital e o presencial nas escolas brasileiras? O que há de fato e o que é apenas ficção? Quais são os sonhos dos educadores quanto aos recursos tecnológicos a serem usados nas escolas em que lecionam? Como a tecnologia ajuda diretores, coordenadores e orientadores educacionais?
Vamos então, em tópicos, abordar estes temas para que possamos compreender o impacto real das tecnologias de informação e comunicação no universo educacional. Comecemos então pelo que chegou, de fato, as escolas brasileiras, conforme descrevemos a seguir:
1 - O mundo digital clonou ferramentas do universo físico e os transportou para a internet, computadores, tablets e smartphones. Esta é a primeira constatação, ou seja, a de que o que temos, na maioria dos casos, é reprodução em modo digital de livros, cadernos, boletins escolares, listas de chamada, registros da vida acadêmica dos alunos...
2 - Passamos a usar, em grande escala, cada vez maior, o Big Data na educação. Isso significa que, na prática, os sistemas criados para gerir as escolas e todos os seus agentes acompanham, uma vez registrados alunos, professores, gestores e responsáveis no sistema, dados sobre eles inseridos nas plataformas por meio de softwares ou aplicativos.
3 - Passamos a ter acesso maior a repositórios de recursos culturais que podem ser usados nas aulas, como bibliotecas digitais, canais especializados em vídeos e filmes utilizáveis em aulas, museus on-line, podcasts e outros recursos.
4 - Animações, simulações e laboratórios digitais entraram com força nas salas de aula como recursos de apoio aos estudos realizados pelos alunos e também como materiais que auxiliam os professores em suas explicações durante suas explicações.
5 - Os games se tornaram formas lúdicas de atingir objetivos ou metas educativas juntamente aos nativos digitais que estão nas salas de aula do Brasil e do mundo como o público em formação.
6 - Cursos online, gratuitos ou pagos, como os MOOCs (Massive Open Online Courses como Veduca, Coursera ou EDx) ou o EAD por meio de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (entre os quais se destaca o Moodle) tornaram-se parte frequente dos processos formativos no país, em especial, entre as instituições de ensino superior.
O que ainda é incipiente e não atingiu o nível desejado pelos pesquisadores e educadores em tecnologia educacional?
1 - O LMS (Learning Management System) tem sido prototipado e testado em diferentes versões ou modelos sem que exista, ainda, um real consenso ou uma plataforma que seja completa, abrangendo os aspectos acadêmicos e administrativos de modo efetivo e, ao mesmo tempo, utilizando os dados para oferecer aos usuários as informações que lhes permitam, de fato, melhorar seu rendimento nos estudos, auxiliar em escolhas profissionais, indicar quais os melhores cursos de acordo com o perfil dos alunos, gerir de forma inteligente os dados administrativos e financeiros das instituições, compor bases de dados de forma perene para oferecer mais recursos aos estudantes e docentes...
2 - A compreensão e a cultura para uso inteligente, coerente e adequado das novas tecnologias em paralelo as boas e necessárias práticas da escola presencial.
3 - A plena preparação para inserção dos recursos de tecnologia pelos professores em seus planejamentos e o uso regular destas ferramentas em suas aulas.
4 - A maturidade dos alunos quanto ao uso dos recursos de tecnologia em sala de aula, ou seja, em ambiente educacional, sem se perder em redes sociais e no infinito universo de oportunidades outras oferecidas na web.
5 - O uso regular e consciente dos dados auferidos pelo Big Data na educação por gestores, professores, pais ou responsáveis e pelos próprios educandos para melhorar o desempenho de todos e da educação brasileira no geral.
E quais são os sonhos para área educacional quanto a produção de tecnologias utilizáveis para melhorar o rendimento dos alunos e o trabalho de gestores e professores?
Temos aqui desde questões básicas, como por exemplo, softwares e aplicativos que auxiliem as escolas na gestão de tarefas ou que de algum modo ensinem de forma realmente efetiva, adequada ao perfil de cada aluno, o que eles não aprenderam durante as aulas, até a própria configuração dos LMS ou a curadoria geral de recursos e sua indicação para aplicação imediata pelos educadores em suas aulas.
Há, também, questões mais amplas, relacionadas ao currículo nacional e a formação de novos professores e gestores nas universidades brasileiras já prevendo a inserção, em seus processos formativos, dos conhecimentos e habilidades necessários para que saibam e utilizem de forma consequente as tecnologias quando estiverem no mercado, atuando juntamente a seus alunos, seja no presencial ou no virtual.
O que é certo, neste momento, é que há avanços percebidos e claros, mas que, no entanto, é preciso generalizar isso por meio da preparação dos educadores e da conscientização dos usuários, em geral, de que o futuro não é somente digital e, sim, a fusão de elementos e ferramentas, de metodologias e estratégias, de plataformas e espaços do mundo real, que irão compor a educação e que, como isso somente se consolida por meio do estabelecimento de uma cultura que seja aprendida e incorporada por todos, estamos em pleno processo de transição para que isso se efetive de fato.
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