A Semana - Opiniões
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Empresas Júnior: um promissor futuro para o Brasil - 12/12/2016
João Luís de Almeida Machado

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óculos e caneta sobre mesa de escritório com gráficos e relatórios

Reúna um grupo de pessoas que estudam e trabalham com grande envolvimento, paixão e garra pelo que fazem. Pense em números expressivos como os que serão apresentados a seguir:

- Mais de 11 mil jovens profissionais com idades entre 18 e 25 anos trabalhando;

- Aproximadamente 1200 sedes espalhadas por todo o país;

- Faturamento de mais de 10 milhões de reais em 2015;

- Lucro estimado em mais de 5 milhões;

- Crescimento esperado para 2016 na casa dos 26% (em ano de crise econômica no país);

Com estes resultados tão expressivos o Brasil se tornou, em 2016, o país com a maior quantidade de empresas juniores do mundo superando o continente europeu, que até então tinha esta primazia, e a frente dos Estados Unidos.

Ainda que, também para este segmento sem lucros e salários, a burocracia e os entraves próprios dos estamentos universitários tantas vezes atrapalhem o estabelecimento, desenvolvimento e crescimento de Empresas Júnior, elas felizmente continuam a brotar e a oferecer seus préstimos local e regionalmente, permitindo a empreendimentos de diferentes setores e naturezas, empresas pequenas, médias ou grandes, nas cidades e na zona rural, possam contar com seu entusiasmo, conhecimento atualizado, vontade de transformar o mundo e valores éticos.

Uma empresa júnior consiste em empreendimento que acontece dentro de uma universidade e que tem o intuito de oferecer aos graduandos a possibilidade de vivenciar uma experiência real de interação com o mundo do trabalho, realizando projetos que permitam a empresas que estão ativas no mercado melhorar seu rendimento com a criação, por parte dos estudantes que compõem a diretoria e os grupos de ação das juniores, de ações de marketing, pesquisa de mercado, cursos, remodelação do empreendimento, ações por meio da internet, estudo de viabilidade financeira...

Participar de uma empresa júnior demanda por parte do universitário esforço dobrado. Além de continuar frequentando as aulas, desenvolvendo os trabalhos, estudando para as provas e tudo o mais que está relacionado ao seu desempenho acadêmico, os membros de uma empresa júnior têm horários compromissados com a instituição júnior a qual estão vinculados. Isso significa que semanalmente participam de reuniões, elaboram relatórios, fazem ações indo a campo, tem contato com clientes, realizam pesquisas de mercado, criam e estruturam dados em planilhas e documentos em PDF ou Word, enfim, atuam como profissionais ainda que estejam em formação.

Conforme explicitado, não há remuneração, o que se busca é a intensidade e a experiência do mundo real, do trabalho que terão pela frente, assumindo responsabilidades, entregas, busca de resultados, organizados em equipes e times, traçando metas, realizando planejamentos, aprendendo a lidar com softwares especializados, a organizar reuniões, lidar com as finanças... O aprendizado é espetacular porque firma de modo consistente a ligação que sempre deveria existir entre universidade e empresas.

As empresas júnior, além de oferecer a experiência e contato com o mundo real são também fomentadoras de oportunidades de estudo pois usam os recursos ganhos para custear cursos, livros e participação em eventos por parte de seus membros, ampliando o conhecimento acadêmico e permitindo que conheçam ferramentas do mundo do trabalho por meio de formações e da aplicação nos projetos.

Para as empresas contratantes há, além do produto ou serviço final oferecido pelas empresas juniores, fatores como, por exemplo, contar com jovens extremamente atualizados, interessados, disponíveis e aptos para o trabalho; os custos são reduzidos, muito menores do que aqueles praticados pelo mercado, caso busquem um empreendimento juntamente a negócios já estabelecidos.

O empreendimento júnior está localizado principalmente junto a cursos como administração, economia ou engenharias. Seria importantíssimo que expandisse seus limites e fosse implementado em áreas relacionadas a saúde e educação, por exemplo, com o surgimento de empreendedores e gestores de projetos para melhorar a qualidade do ensino e dos serviços em hospitais, clínicas e laboratórios, entre outras instituições destes segmentos.

Pessoalmente creio que este tipo de empreendimento seria ótimo para minha própria formação se existisse na universidade em que me graduei na década de 1980 e, como professor universitário, apoiaria ações de tal natureza se fossem implementadas em cursos de licenciatura, visando estudos e melhorias a serem levadas para as escolas por pedagogos e graduandos em história, matemática, letras, física...

Em relação aos jovens que ingressam nestas iniciativas o que é possível prever e que já se referenciou com o passar dos anos desde o surgimento das primeiras empresas júnior é que, entre eles estão as lideranças que comandam e que irão liderar os empreendimentos públicos e privados do Brasil nos próximos anos. O nível de formação e excelência que estes jovens atingem os qualificam para o exercício, por notório saber e experiência, a posições de destaque e importância na hierarquia de empresas particulares ou governos no país.

Neste sentido a compreensão do valor e importância das pessoas que constituem as equipes, o fato de todos envolvidos literalmente “colocarem a mão na massa” (mesmo os diretores e gerentes) e o compromisso ético assumido são de essencial importância. Um jovem que passa por uma experiência tão intensa quanto aquelas em que estão envolvidos numa empresa júnior nunca esquece e, ao mesmo tempo, amadurece de forma a se tornar de grande valor para o mercado e o país, como profissional e enquanto cidadão.

Há que se ter, no entanto, alguns cuidados nessa imersão em empresa júnior, entre os quais, os principais seriam: conciliar estudos e empresa sem prejuízo para a formação acadêmica; não deixar a soberba tomar conta e fazer com que os participantes sejam vaidosos ou mesmo arrogantes por conta deste passo a mais que deram em relação aos demais (humildade e respeito sempre); aproveitar a oportunidade para aprender o máximo possível sem perder a alegria de viver e o prazer da jornada, ao lado dos amigos que surgem nesta incrível experiência.


Saiba mais sobre o assunto nos seguintes links:

1- O que é e como funciona uma empresa júnior. Disponível em

http://www.sobreadministracao.com/empresa-junior-o-que-e-e-como-funciona/

2- Manual para a criação de empresas juniores em universidades. Disponível em

http://pt.slideshare.net/davi_eps_udesc/manual-para-criao-de-empresas-juniores-em-universidade-e-faculdades

3- Brasil Júnior. Disponível em

http://www.brasiljunior.org.br/

4- Brasil líder mundial em empresas júnior. Artigo do jornal O Globo, disponível em

http://oglobo.globo.com/economia/com-12-mil-empresas-juniores-brasil-lider-mundial-no-segmento-19869385

5- Brasil passa Europa e se torna líder em empresas juniores. Artigo da Folha de São Paulo. Disponível em

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/06/1778932-brasil-passa-europa-e-se-torna-lider-em-empresas-juniores.shtml



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