“Era uma vez no Oeste” - 16/09/2004
O estilo de vida dos Cowboys
A romântica visão dos cowboys como justiceiros, foras da lei ou ainda como grandes pistoleiros apresentada pelos filmes feitos em Hollywood é uma estereotipização que desviou os olhos do grande público do cotidiano simples de trabalho com gado por parte desses vaqueiros. (acima, cena do clássico filme “Sete Homens e Um Destino”, com Yul Brinner e Steve Mcqueen).
A palavra ‘cowboy’ foi utilizada inicialmente no estado norte-americano do Texas, por volta da década de 1860. Era usada para descrever os homens que, de cima de seus cavalos, controlavam o gado. Sua existência foi estimulada pela grande demanda existente nos mercados das regiões nordeste e sudeste dos Estados Unidos.
A principal tarefa dos cowboys era atravessar longos caminhos levando o gado de uma cidade para outra, onde esses bois e vacas acabariam sendo vendidos. Apesar do maior fluxo acontecer no estado do Texas (em cidades como Newton, Dodge City ou Wichita), eles também atuavam em Montana, Novo México, Kansas, Wyoming, Arizona e Colorado.
Além de conduzir o gado das cidades onde se comercializavam esses animais para fazendas e regiões comerciais, os vaqueiros ainda tinham que marcar o gado a ferro quente, identificando os animais com os símbolos das fazendas e de seus proprietários. Pelo trabalho que desenvolviam, esses homens costumavam ganhar cerca de 10 dólares por semana. Esse dinheiro tinha como destino quase certo os animados prostíbulos da região, muitas garrafas de bebidas alcoólicas e os jogos de azar (pôquer, roleta).
“Assim que recebe seu pagamento, o cowboy se encontra totalmente à vontade para gastar o dinheiro ganho no longo caminho percorrido a partir do Texas, e os apostadores, jogadores e prostitutas que passam o inverno em Kansas City e em outras cidades grandes, geralmente negociam até chegar no ponto em que os vaqueiros ficam sem dinheiro em troca de uma boa chance de investir seus vencimentos em diversão”. (extraído do jornal “The Pueblo Chieftain”, do ano de 1878).
Era comum que os cowboys tivessem entre seus pertences principais revólveres, cordas (com a qual produziam laços utilizados para capturar animais desgarrados dos rebanhos), selas (que procuravam identificar, personalizando) e que se vestissem com roupas de brim (como os jeans atuais), resistentes a quedas e outros acidentes previsíveis nesse tipo de trabalho. Era comum que usassem sobre a perna de suas calças algumas coberturas de couro (conhecidas como chaparreiras) que tinham como objetivo aumentar a proteção e evitar que suas calças se rasgassem com as plantas arbustivas.
Depois do trabalho, tendo conseguido acumular alguns dólares, e tendo bebido uma parte desse dinheiro em uísque, os cowboys avançavam com seus cavalos, desabaladamente pelas ruas principais das cidades onde viviam, faziam alguma arruaça, jogavam nos saloons e gastavam seus últimos trocados com prostitutas. (acima, cena do filme “O Homem que matou o Facínora”, estrelado por John Wayne e Gary Cooper).
“O cowboy típico usa um chapéu branco, com um cordão dourado e adornos, botas de cano alto, calças de couro, camisas de algodão, um casado e nada de colete. Em seus calcanhares eles usam um par de esporas do tipo mexicano. Quando se sentem bem, os cowboys não são homens difíceis de se lidar. Armados até os dentes, montados em seus cavalos, e tendo consumido suas bebidas favoritas, os cowboys irão correr pelas ruas principais das cidades gritando como os Comanches. Eles chamam isso de ‘limpando a cidade’”. (D. W. Wilder, na obra “Os Anais do Kansas”, de 1882)
Segundo alguns historiadores, no auge da conquista do Oeste e dos negócios envolvendo cabeças de gado, chegaram a existir na região aproximadamente 35 mil cowboys. Outro detalhe muito interessante diz respeito ao fato de que cerca de 25% desses vaqueiros eram negros, o que não é muito retratado pelos principais filmes produzidos atualmente nos Estados Unidos.
Os cowboys eram pessoas simples, de poucas posses materiais, trabalhadores de um ramo perigoso, com pouco ou nenhum estudo, rudes e viris. Bem ao estilo dos personagens vividos no cinema por astros como Clint Eastwood ou John Wayne. (Na foto, Eastwood no premiado filme “Os Imperdoáveis”).
“No final de fevereiro nós pegamos todo o nosso gado e rumamos em direção a Abilene, no estado do Kansas. Jim Clements e eu devíamos levar essas 1.200 cabeças de gado para Abilene e também para Manning. Estávamos ganhando 150 dólares por mês.
Nada de importante tinha acontecido até que chegássemos na cidade de Williamson quando todos os outros vaqueiros pegaram sarampo, menos o Jim e eu. Nós acampamos a duas milhas ao sul de Corn Hill e lá ficamos descansando e recrutando novos cowboys. Eu gastei o tempo ajudando alguns dos companheiros que estavam doentes ao mesmo tempo em que cozinhava e marcava gado.
Depois de várias semanas de viagem nós atravessamos Red River, num ponto conhecido como Estação de Red River. Nós estávamos entrando em terras dominadas pelos índios e dois homens brancos haviam sido mortos pelos índios cerca de duas semanas antes de termos chegado a região“, (John Wesley Hardin, cowboy, em sua autobiografia publicada em 1896).
A lista de cowboys célebres, conhecidos por suas façanhas e conquistas, por suas desordens e condutas dentro e fora da lei, inclui nomes como Billy the kid, Butch Cassidy, Sundance Kid, Jeff Milton, William Carver e Jack Omohundro.
“Quando eu tinha aproximadamente dezoito anos fui trabalhar para os McSweens. Eu fiquei com eles por mais ou menos dois anos. Me lembro que num inverno Billy the Kid ficou com os McSweens numa estadia que se prolongou por sete meses. Eu acho que ele foi recebido como numa pensão. Ele era um jovem sujeito muito agradável que tinha cabelos castanhos, olhos azuis e grandes dentes frontais. Ele sempre se vestia de forma muito bem cuidada.
Ele costumava praticar tiro ao alvo muitas vezes. Ele jogava uma lata para cima e depois atirava na lata com seu revólver de seis tiros e conseguia acertar a lata seis vezes antes que ela chegasse ao chão.
Andou em seu grande cavalo durante todo o inverno e, quando o cavalo estava pastando, Billy ia até o portão e assobiava e o cavalo vinha na direção do portão em que ele se encontrava. Aquele cavalo seguiria Billy e o obedeceria como um cachorro. Era um cavalo muito rápido e conseguia correr mais rápido que qualquer outro cavalo das redondezas”. (Depoimento de Francisco Gómez, que conheceu Billy the Kid).
Obs. Os depoimentos que ilustram esse artigo foram extraídos do site educacional inglês Spartacus (www.spartacus.schoolnet.co.uk).
1 Manoel Filho Borges - MuricilândiaTO
Gostei muito da matéria. Sou professor de História e produtor cultural na pequena cidade de MuricilândiaTO. Em 2002 produzimos um filme de Faroeste com alunos. Foi um sucesso. Ganhamos prêmios e festivais.
11/03/2010 10:58:10
2 Dalva Medeiros - Imperatriz MA
Adorei este arquivo gosto muito de historias de faroeste vai me ajudar no relato com os alunos.
14/09/2009 18:10:19
3 ivanilde carvazoni - lençois paulista
sou professora e gostei muito ,pois ajuda a entender melhor o conteudo para poder passar para os alunos ,coisas novas
06/05/2009 13:52:05
4 Edna Maria de Souza Leão - SanharóPE
Adorei o site ,trabalho com eja e vai me ajudar muitos em alguns temas para debates e curiosidade
27/07/2008 11:00:18
5 Guilherme Fernando Alleoni - Nova Odessa - SP
Acho que há um equívoco nos créditos da fotografia em que se comenta o filme "O homem que matou o facínora". Os principais atores do filme foram John Wayne e James Stewart. Acho que Gary Cooper não trabalhou nesse filme. O outro ator que aparece na foto com John Wayne é Lee Marvin.
06/07/2007 16:12:30
6 Eliane Alves - Pouso Alegre
Sou aluna, amei o site esta me ajudando muito,
Obrigada!
20/03/2007 14:07:28
7 ADRIANA NASCIMENTO - ILHÉUS
COMO FAÇO PARA FAZER O MEU LOGIN? AMEI O SITE. SOU PROFESSORA E ME AJUDARÁ BASTANTE.
17/03/2007 18:48:19
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