Educação e Tecnologia
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

O EAD na internet e suas possibilidades para a formação - 21/11/2016
João Luís de Almeida Machado

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mulher estudando na sala de sua casa

O Ensino a distância, conforme nos ensinam os especialistas, não surgiu com a internet. Esta modalidade de trabalho educacional remonta ao ensino por correspondência que, por sua vez, teve como sucedâneos as aulas por meio de rádio, televisão, videocassete e outras mídias ou instrumentos.

O advento da internet tornou possível, com o surgimento de ferramentas de comunicação muito mais ágeis, disponibilizando a troca de mensagens e anexos de forma síncrona ou assíncrona, que o EAD se tornasse ainda mais popular e tivesse muito maior repercussão em todo o mundo.

O surgimento de recursos destinados a formação, em especial as plataformas que reúnem atributos variados que vão da inscrição num curso oferecido online a tutoria, passando pelo envio de produções dos alunos, por videoaulas ou mesmo por videoconferências, entre outros, transformou a formação via tecnologias de informação e comunicação numa verdadeira "febre" mundial.

No Brasil, por exemplo, estudos indicam que até a metade da década de 2020 a maior parte das formações realizadas em nível superior irá ocorrer nesta modalidade.

Os processos estão sendo maturados para que as formações possam ser as mais efetivas possíveis. As formações contam com tutoria e variadas formas de captação do andamento e rendimento dos participantes. O monitoramento passa por leitura de dados relativos a quantidade de minutos que um aluno assistiu uma determinada videoaula e se estendem além desta métrica para registros de participações em fóruns, chats ou mesmo pelas videoconferências. Isso tudo sem contar, é claro, o envio nos prazos, dos trabalhos requisitados e sua consequente avaliação, sejam eles exercícios objetivos ou produções escritas, como papers ou artigos.

As formações via EAD em nível de graduação ou não contam ainda com aulas presenciais agendadas em polos instalados pelas instituições que oferecem tais cursos. Há um montante de horas a serem cumpridas, obrigatoriamente, nestes momentos formativos que contam com a presença de professores que irão ministrar aulas específicas, tirar dúvidas, ativar projetos e ensejar alguma troca entre os participantes que seja local.

No próprio ambiente virtual de aprendizagem (AVA), ou seja, na plataforma onde o curso ocorre online há momentos destinados a interação, troca de informações e, mesmo, produção compartilhada de trabalhos ou realização de projetos em pequenos grupos online.

A estrutura online tende a se tornar ainda mais amigável e apropriada a formação em moldes que a façam ficar cada vez mais semelhante a uma sala de aula presencial.

Estudar online demanda, no entanto, que o participante adote novos procedimentos e que, de fato, se adeque a uma cultura diferente. Por exemplo, é preciso cumprir os cronogramas estipulados de forma “religiosa”, ou seja, não há espaços para devolutivas fora dos prazos estipulados. Nenhum jeitinho de burlar o sistema pois tudo é ativado por meio de máquinas previamente programadas.

Apesar de muitos pensarem que fazer o curso pode ser fácil tendo em vista que para realizar trabalhos escritos basta fazer a colagem de trechos de textos e remendar com algumas falas próprias, tanto os sistemas informatizados quanto os professores que fazem a tutoria estão muito atentos e dispostos a não permitir que estas ações que burlam o processo formativo. É preciso estudar, ler, estar atento aos referenciais e, ao mesmo tempo, produzir e realizar seus próprios pensamentos, a sua escrita, o seu registro, a sua análise ou interpretação de dados.

Disciplina e foco são essenciais, sem dúvida alguma, mas não são os únicos elementos requisitados nesta nova forma consolidada de estudo e aprendizagem pois os alunos precisam ser curiosos, ir além daquilo que é prescrito nas ementas dos cursos, buscando novas informações e fontes para que sejam não apenas reprodutores de conteúdo educacional, mas sim, para que se efetivem como produtores, pensadores, realizadores e artífices de fato.

Outro quesito fundamental para quem entra nesta nova seara de estudos virtuais é a criatividade e a capacidade de se comunicar usando as diferentes formas oferecidas no mundo digital. A produção referencia-se e muito na palavra, por isso os textos base são essenciais. Há, no entanto, demanda pelo uso da imagem, do áudio, de vídeos, de apresentações em slides ou outras formas de comunicar ideias e expressar conceitos aprendidos.

A formação em plataformas de EAD carece, no entanto, de uma prática para a plena formação do aluno que não depende da instituição, do AVA ou dos formadores e tutores que oferecem os cursos. O que seria isso? Da capacidade de interagir com o mundo ao seu redor e com as pessoas não apenas por meio de telas. Estas ações não são previstas em ementas de cursos presenciais ou virtuais e incluem desde realizações culturais como idas a museus, concertos, peças de teatro, feiras de artesanato ou cinemas até viagens e interação com as pessoas nos mais cotidianos e básicos momentos da vida como ir a uma feira livre, encontrar amigos para com eles confraternizar ou mesmo praticar esportes ou atividades ao ar livre.



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