Educação e Tecnologia
Wanda Camargo é educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil.

O celular na escola - 16/11/2016
Wanda Camargo

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aluno usando smartfone em sala de aula para fazer a lição

A denominada m-learning, aprendizagem móvel (mobile learning), constitui-se hoje em nova área de pesquisas para educadores, pois aprender a utilizar pedagogicamente recursos de comunicação acessíveis a boa parte das pessoas, e verdadeira mania entre os jovens, pode vir a ser extremamente valioso para o acréscimo de qualidade no processo educacional.

Equipamentos que utilizam a rede de internet possuem duas características importantes: facilidade de interação em qualquer faixa etária e, portanto, a instauração de novos laços sociais baseados no fluxo das ideias e interesses; no entanto, embora algumas instituições de ensino estejam efetuando grandes modificações em suas metodologias para a inserção de celulares e tablets em salas de aula, outras resistem fortemente a esta utilização, chegando mesmo a proibir seu uso, pois muitos estudantes atendem e efetuam ligações durante a aula, ou saem da sala para este fim.

Escolas que estão utilizando celulares como ferramentas de aprendizagem tem percebido que os alunos tendem a incorpora-los com naturalidade em atividades de estudo ou em práticas durante a aula relacionadas à disciplina, aumentando seus conhecimentos segundo uma linha própria de curiosidade e aprofundamento do ministrado pelo professor.

Conectados com pessoas em locais diferentes, com acesso a pesquisas em qualquer área, sem limitações provocadas pela distância física, frequentemente com novos aplicativos disponíveis, os jovens se sentem parte da sociedade informacional, porém devem aprender a separar bons e maus conteúdos da rede. Para isso, além de alguma vigilância dos pais, o auxílio de professores é fundamental.

Famílias e escolas são, em conjunto, responsáveis pelas atitudes e valores sociais indispensáveis ao bom uso da tecnologia, pois o exemplo, as conversas, a utilização de sites para pesquisas e complemento do ensinado no espaço escolar não virão sem ajuda daqueles mais experientes. Entender a expectativa juvenil pode ser a diferença entre aulas monótonas ou “antenadas”, que prendam a atenção, e possivelmente retirem o aspecto de transgressão que o aparelho possa ter, caso proibido em seu colégio. Algumas ocorrências mostraram que as vezes os próprios pais são indisciplinados, ligando muitas vezes para os filhos durante o horário de aulas, o que, em princípio, só deveria ocorrer em casos excepcionais; mostrando que todos nós precisamos refletir sobre o tema.

Há um paradoxo recorrente no uso de celulares, tablets e outros aparelhos portáteis de comunicação, é compreensível o desejo de estar em contato com amigos e pessoas queridas que não estão presentes, saber sempre o que estão fazendo, pensando e até mesmo comendo, mas a realização exagerada deste desejo tende a alienar as relações sociais e até afetivas daqueles que estão próximos. São comuns os casos de pessoas sentadas em um restaurante “teclando” freneticamente, como se os seus companheiros de mesa não fossem tão interessantes; e, absurdamente, após se separarem provavelmente se comunicarão pela rede para comentar como a refeição foi agradável. Há histórias, talvez exageradas, de pais e filhos que só conseguem se comunicar, na mesma casa, pela troca de mensagens.

Tudo que é novo pode aparentar ser ameaça, as máquinas do início da Revolução Industrial, os trens, o rock, a luz elétrica, o Uber... smartphones não são exceção, a revolução que representam nos relacionamentos, na comunicação, na forma de pensar e falar, na educação, no trabalho, não pode ser exagerada, e ainda sequer mensurada. Porém, como as proverbiais poções que podem matar ou curar dependendo da dosagem, devem ser pensados como o que são: um magnífico instrumento cuja utilização plena ainda carece de alguma sintonia.



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