Redes sociais na sala de aula - 18/08/2016
Wanda Camargo
A maior parte de nós tem necessidade de participar de grupos, desportivos, sociais, profissionais, de estudo; e atualmente as redes sociais tem exercido papel de relevo na inserção em coletividades específicas no ambiente virtual.
Mas é preciso lembrar que Pierre Lévy, filósofo, sociólogo e pesquisador em ciência da informação e da comunicação, professor de Hipermídia da Universidade de Paris, define “virtual” como o que não se opõe ao real ou material, para ele “ainda que não esteja fixo em nenhuma coordenada de tempo e espaço, o virtual existe, ele é real, mas está desterritorializado”, ou seja, ocupa um espaço físico, o computador, ferramenta de produção de textos, sons e imagens, constituindo-se, portanto, num “operador da virtualização”.
Este mesmo pesquisador declara que embora nenhum ser humano saiba tudo, a humanidade possui todo o saber, todos sabem alguma coisa, e é dentro desta perspectiva que muitos professores têm utilizado as redes sociais, e especificamente o Facebook, como ferramenta de ensino-aprendizagem, que permite criar novos espaços e comunicação independente de distância ou tempo de encontros presenciais. Entretanto, embora saibam que redes assumem aspectos positivos como estes, criando laços emocionais entre indivíduos distantes e aumentando sua tolerância, elas também podem facilitar comportamentos violentos ou pelo menos agressivos, que ferem abertamente as regras da etiqueta que procura disciplinar atitudes e linguagens dentro do ambiente virtual; e assim estruturam o uso de acordo com os interesses de suas respectivas disciplinas, sincronizado com o desejo de compartilhamento e comunicação colaborativa que tanto atraem os jovens.
Utilizado desde 2004 na Universidade Harvard, o Facebook tornou-se uma das redes mais populares a partir de 2006 nos meios corporativos e individuais, e pode representar um apoio significativo para o ensino presencial, exatamente por expandir a sala de aula, não apenas no aspecto material, pois o próprio quarto do estudante passa a ser um prolongamento dela; pode ser levada no bolso com o celular, é portátil no tablet, é apreciada como forma de interação com amigos e de grande familiaridade em suas potencialidades, o que facilita a participação.
E é exatamente na aprendizagem colaborativa que o Facebook tem sua maior potencialidade pedagógica: ao interagir sobre um determinado tema, opinando, criticando, citando outras fontes, complementando informações mútuas, o sentimento de pertencimento é fortalecido de forma positiva, e a construção do conhecimento se efetiva por meio de uma abordagem inovadora da simples leitura de texto seguida de debate.
Ao lado destas qualidades, surge a necessidade premente de discussões acerca de novas relações trabalhistas, pois o docente é demandado pelos estudantes inclusive nos fins de semana: adictos ao Face, enviam perguntas, fazem comentários, exigem intermediações contínuas. Parece muitas vezes impossível a eles que o professor não possa estar eternamente disponível. Metodologicamente também é indispensável estudarmos um pouco melhor este espaço complementar de aprendizagem, como melhorar as condições de interação entre docentes e discentes sem comprometer fundamentações teóricas importantes apenas no seu aspecto lúdico. Compreender exatamente onde termina a simples brincadeira – importante e facilitadora da aprendizagem – e começa o verdadeiro conhecimento sobre o tema abordado é fundamental para um professor, a ferramenta não pode substituir o objetivo a ser alcançado com ela.
Outro tópico a ser aprofundado diz respeito às aprendizagens com o suporte da internet, pois implicam novas relações em termos de propriedade intelectual; extrapolam o individual, ampliam as capacidades cognitivas de cada participante, porém ainda desafiam seus usuários.
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