Projeto Rádio na Escola - 20/05/2016
João Luís de Almeida Machado
O rádio foi o primeiro equipamento popular de transmissão de informações e veiculação de lazer a atingir grandes massas. Sua invenção remonta ao final do século XIX e é atribuída a pioneiros como Guglielmo Marconi, italiano que desenvolveu a tecnologia de transmissão do som por meio de ondas de rádio, ao austríaco Nikola Tesla, que desenvolveu 19 patentes relacionadas ao tema utilizadas por Marconi em seu projeto e, também, a um brasileiro, o padre Roberto Landell de Moura, o primeiro homem a realizar transmissões de rádio no mundo, na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
O advento das novas tecnologias de informação e comunicação que, a princípio poderiam enfraquecer o uso do rádio, da televisão e das mídias impressas, pelo contrário, estão apenas reinventando estas poderosas mídias, adequando-as a novos formatos e plataformas.
Acima da questão tecnológica por si só, tais meios de comunicação de massa pautam-se em serviços e, em assim sendo, organizam suas ações de modo a oferecer com qualidade profissional o acesso a notícias, comentários, música de qualidade, entrevistas, programas de ficção, humorísticos e tantas outras formas de entretenimento e acesso ao que há de mais recente no mundo da informação.
Organizar uma rádio escolar, neste sentido, passa tanto pelo projeto técnico, que precisa ser coordenado e orientado por professores que entendam e ensinem os conceitos relacionados aos equipamentos e ao próprio processo de transmissão de ondas radiofônicas, assim como dirigido e acordado pelos alunos juntamente a direção das escolas nas quais estudam, visando apresentar projeto que seja de interesse geral e que motive a audiência almejada.
Definir, por exemplo, o alcance da rádio, se será somente ouvida na escola ou se poderá ir além disso, prestando serviços para a comunidade mais próxima, como o bairro no qual está inserida a unidade educacional, é uma meta primeira e importantíssima.
Isso irá orientar as escolhas relacionadas a programação a ser oferecida pela rádio. Se for estritamente focada na escola, por exemplo, informes de compromissos, eventos, notícias e atividades educacionais farão parte da pauta regular e, provavelmente a programação ficará restrita a determinados horários, como os intervalos entre as aulas e o turno invertido em relação ao qual os alunos têm aulas.
Se a rádio tiver a intenção de prestar um serviço e atendimento a comunidade local, poderá buscar apoio financeiro com aporte de empresas que façam a publicidade de seus produtos ou serviços por meio da ação dos alunos. A programação terá que prever acompanhamento das notícias locais, entrevistas com pessoas da região, possibilitar a escolha de músicas por parte dos ouvintes...
Além destas questões técnicas e de alinhamento juntamente a direção é preciso fazer estudos sobre como se organizam e operam as rádios comerciais. De que forma estruturam sua programação, como veiculam a publicidade, quais são as linhas dos programas, que estilo adotam seus radialistas, qual é o modelo de reportagem que adotam, de onde vem as informações que divulgam...
Esta pesquisa permite aos estudantes partir para sua própria iniciativa tendo por base modelos consistentes, já estabelecidos e que atingem audiência considerável. O ideal é que tal levantamento não se restrinja somente a buscas na internet. Realizar visitas a rádios locais ou em municípios próximos, conversar com os radialistas, ter informações a partir do contato com o ambiente, os técnicos, os repórteres e, ainda, se possível, acompanhar algumas ações de gravação ou transmissão são de suma importância para vitalizar o projeto, dando-lhe maior estofo e interesse.
Após esta pesquisa é preciso planejar o início das ações. Definir horários, grades de programação, quem irá apresentar programas, que músicas serão veiculadas e, ao mesmo tempo, ter um grupo de alunos que irá escrever as notícias, os roteiros dos programas e ainda quem irá fazer matérias na rua, entrevistas ou pesquisas. Além disso há a questão da publicidade, que demanda por parte dos alunos não apenas a busca de anunciantes, mas a criação de projetos personalizados, de acordo com os clientes e, ainda, o gerenciamento dos recursos obtidos que, numa rádio escolar, podem reverter como fundos para manter a estrutura, comprar mais equipamentos, bancar matérias ou até financiar cursos.
Um projeto como este depreende, portanto, não apenas aprender e aplicar conceitos relativos a radiodifusão e a dotação de um estúdio para tal ação na escola.
O planejamento é muito mais rico e preconiza a ação de profissionais de exatas como apoio a todo o projeto estrutural a ser desenvolvido pelos alunos; acompanhamento pelos gestores pois o nome da escola está relacionado e é preciso monitorar o trabalho para agir como “patrocinadores” maiores desta ação; revisão e orientação de professores de português e humanidades para a composição de conteúdo, criação de programas, elaboração dos textos, busca de fontes críveis...
Este projeto não se encerra. Na realidade, a cada ano é preciso ir formando novos alunos para participar e aderir a ideia, trazer novidades, criar programas inéditos, promover talentos.
A ação em conjunto com a comunidade gera benefícios grandes para ambos os lados. Os alunos ficam mais sintonizados na realidade que os cerca e, ao mesmo tempo, a sociedade valoriza mais a escola e suas iniciativas.
Nas ondas do rádio há prestação de serviços e aprendizagem. Porque a escola não pode explorar este potencial, ainda mais com os recursos das novas tecnologias que baratearam os custos e tornaram acessíveis os equipamentos? Que tal fazer um projeto como este na sua escola?
# EJA e a arte de educar jovens e adultos
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