As Olimpíadas: Da Grécia Antiga ao Rio de Janeiro do século XXI - 17/02/2016
João Luís de Almeida Machado
“O importante é competir” era o que dizia o célebre Barão de Coubertin, responsável pela retomada da tradição grega de realização de tempos em tempos de um magistral evento esportivo conhecido como Jogos Olímpicos.
Às vésperas da realização de uma nova Olimpíada, cuja sede será o Rio de Janeiro, com a competição pela primeira vez realizada no Brasil, este assunto certamente terá ainda maior destaque na mídia do que vem tendo desde que o país foi escolhido como base maior deste que é o maior evento poliesportivo do planeta.
A Grécia Antiga, berço das Olimpíadas, viu este evento surgir em Olímpia, origem do nome portanto associada a cidade sede das competições, por volta de 776 a.C., com o intuito de buscar o melhor em termos de desempenho entre os homens.
A concepção de que já existiam aqueles que eram mais fortes, capazes de pular mais alto ou de correr mais rápido já era corrente entre os povos antigos. Estava, porém, associada a caça, pesca, aos trabalhos físicos, a guerra e as ações que requisitassem dos homens esforços físicos grandiosos.
Os gregos, no entanto, não buscavam somente verificar quem entre eles eram os mais capazes nas provas de corrida, lançamentos (de dardos ou pesos), saltos sobre obstáculos e outras provas. Queriam também consolidar o culto ao corpo e a beleza física, atributos que, juntamente com uma mente sã, surgida dos estudos, da vida em sociedade e da filosofia, promoveriam o homem a patamares ainda melhores em sua vida.
Estavam certos desde então e, por isso, é claro, constituem uma das civilizações basilares da humanidade como criadores não apenas dos jogos, mas da concepção de esporte, saúde e qualidade de vida, além de tantas outras grandes contribuições que trouxeram para a humanidade em campos como as artes, a organização social e política, as leis, a ciência, a filosofia...
Apesar das divergências que existiam entre as cidades-estados, forma de organização política vigente naquela região durante a Antiguidade Clássica, marcada pela separação entre as pólis (como eram conhecidas as cidades gregas) que, apesar de apresentarem aspectos comuns quanto a sua cultura, eram independentes e, muitas vezes, rivais na luta por terras, escravos, motivações comerciais ou outras causas, o impacto dos jogos era tão grande entre os gregos que até mesmo guerras e enfrentamentos entre tais cidades cessavam para que o evento acontecesse.
O advento das Olimpíadas modernas teve como palco, em 1896, a partir da ação de Charles Freddy Pierre, mais conhecido como Barão de Coubertin, novamente a Grécia e toda a sua tradição. A partir de então, exceto nos anos em que o mundo esteve envolvido nas Guerras Mundiais, a cada 4 anos a chama olímpica foi acesa numa nova nação e atletas de diferentes nacionalidades e modalidades se envolveram numa intensa disputa pelo pódio e medalhas oferecidas aos vencedores.
O Rio de Janeiro irá receber a 26ª edição dos Jogos Olímpicos modernos e, desde a escolha da cidade como sede, está se preparando para acomodar os milhares de atletas, jornalistas do mundo inteiro e fãs do esporte que virão ao país para assistir as diferentes modalidades que terão lugar em terras brasileiras.
O legado dos Jogos Olímpicos passa, necessariamente, por melhorias de infraestrutura em comunicações, transportes, instalações, hotelaria, serviços e tantas outras áreas pois ao acomodar tantas pessoas, entre as quais estarão incluídas, em alguns momentos, as autoridades máximas de diferentes nações além dos atletas, é preciso disponibilizar atendimento de qualidade, dentro de padrões internacionais, com garantia de segurança e estabilidade além do conforto e das plenas condições para que os esportistas realizem o melhor em suas modalidades.
Os desafios usuais já se colocam para o Brasil desde a escolha da Cidade Maravilhosa, o Rio de Janeiro, como sede dos jogos. Há as questões relacionadas ao financiamento de toda esta estrutura de apoio ao evento que, num país como o Brasil, orçadas dentro de um limite, acabam extrapolando os valores e os prazos. Infelizmente os desvios de verba e a corrupção grassam também na área esportiva e isso acaba manchando a organização do evento. Mas mesmo este empecilho pode ser uma importante lição para o país em seu processo democrático de reorganização em que se busca sanear a máquina pública e evitar tais desvios. Com a atenção internacional voltada para o Brasil as cobranças se tornam ainda maiores e isso pode ajudar a nação no combate a uma de suas maiores chagas, no caso, a corrupção.
Uma das principais questões em debate quanto a realização das Olimpíadas no Brasil, no momento, refere-se a saúde pública. O aumento considerável de casos de Dengue, Zika e Chikungunia, doenças que estão atingindo não apenas o Brasil, mas também outras nações do mundo em desenvolvimento, tem gerado preocupações e dúvidas quanto a participação ou não de atletas no evento brasileiro. Há, inclusive, por parte de algumas confederações esportivas de alguns países, como os Estados Unidos, a autorização para que os atletas convocados e com índice, escolham se querem ou não participar dos Jogos no Rio de Janeiro. A tendência, no entanto, é que a participação da grande maioria dos atletas aconteça.
No campo estritamente esportivo, o Brasil continua a ser um azarão na maioria das modalidades. A participação do gigante adormecido na história dos Jogos Olímpicos é muito modesta tendo em vista as possibilidades continentais existentes em tão grande território.
Temos algumas modalidades, como o Vôlei, por exemplo, bem organizadas, com equipes competitivas, treinadas em alto nível, com intercâmbio regular na área a partir de sua participação, tanto no masculino quanto no feminino, seja no vôlei de quadra ou de areia, nos maiores torneios mundiais.
A evolução em outras áreas, como por exemplo, o handebol ou a recuperação e crescimento em outros esportes, individuais ou coletivos, como a natação, a ginástica olímpica, o basquete ou o atletismo, podem garantir algumas medalhas para o país. A ambição é a de terminar entre os 10 primeiros colocados no quadro de medalhas, o que seria extremamente honroso e demonstraria uma clara evolução do esporte brasileiro.
O que se espera, no entanto, é que a realização dos Jogos Olímpicos em terras brasileiras leve o país a organizar sua estrutura esportiva não apenas no âmbito das instalações ou de algumas modalidades somente, mas que isso gere consequências positivas para todas as práticas esportivas.
O principal, neste caso, seria agregar, de fato, ao cotidiano das escolas, nas aulas de educação física, a prática esportiva visando o surgimento de novos atletas, com a consolidação de ligas municipais envolvendo as unidades educacionais e, posteriormente, que novos torneios, regionais e estaduais, possam levar tais esportistas a participação em eventos nacionais e internacionais, ocasionando o surgimento de talentos que possam, realmente, atingir os ideais gregos relacionados a ideia dos mais fortes, rápidos e capazes de saltar mais longe ou mais alto.
É evidente que a participação nos Jogos Olímpicos, por si só, já constitui um feito notável pois que entre os milhares de atletas que participam nas diferentes modalidades, foram selecionados em seus países de origem a partir de índices e processos rigorosos para que possam representar suas nações. Neste sentido, a máxima do Barão de Coubertin de que o “importante é competir”, passa a ter o sentido real atribuído a esta ideia por ele e por todos os que amam o esporte...
Para saber mais leia os textos e veja os vídeos a seguir:
1896 – Os Jogos Olímpicos da Era Modern (Deustche Welle)
Origem dos Jogos Olímpicos (Portal da Educação Física)
Olimpíadas Rio 2016 (Portal Rio 2016)
Comitê Olímpico Internacional (em inglês)
Comitê Olímpico Brasileiro (Site oficial do COB)
Olympics (Canal oficial dos Jogos Olímpicos no YouTube)
Rio 2016 (Canal oficial dos Jogos Olímpicos do RJ no YouTube)
# Estamos todos armados: Campanha pelo desarmamento
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