O modo como ensinamos mudou com as tecnologias educacionais? - 12/01/2016
João Luís de Almeida Machado
Tendo a oportunidade de participar de eventos diferentes sobre o uso de tecnologias na educação, é possível chegar a algumas conclusões bastante favoráveis e estimulantes no tocante a inserção da internet, computadores, tablets, smartphones, canais de vídeo, plataformas adaptativas de estudo e outros recursos nas escolas, como detalho a seguir em breves notas/comentários feitos por mim ou por outros participantes com os quais tive contato:
– As ferramentas oferecidas pelas tecnologias são fantásticas e estão mudando a educação.
– O uso de tablets e smartphones, além de e-readers, permite ampliação do acesso ao conhecimento a alunos e professores.
– A internet oferece acesso a saber atualizado, de diferentes origens, numa proporção nunca antes experimentada pela humanidade.
– Nas escolas, com o uso de plataformas de LMS (Learning Management System) e do Big Data, é possível conhecer melhor os alunos, personalizar o estudo, oferecer recursos para aprofundamento ou para tirar dúvidas, dar acesso rápido a informações de desempenho e tantas outras facilidades que realmente melhoram a educação.
São apenas alguns pontos, entre tantos outros que são possíveis destacar nessa ação humana de grande impacto que está mudando não somente a educação, o trabalho, a produtividade mas as relações humanas, a forma como pensamos, o modo como nos divertimos, as comunicações e tudo o que diz respeito à vida no planeta.
No tocante a educação, no entanto, como questionei ao participar de evento promovido pela Fundação Lemann no qual jovens empreendedores, a frente de startups com foco em educação, vieram relatar suas experiência, o que de fato há em todos estes recursos que está alterando a didática, a forma como ensinamos, fugindo dos modelos e metodologias tradicionais adotadas desde que a escola pública surgiu na Revolução Francesa, há mais de 2 séculos?
A métrica do aluno é uma diferença significativa, com dados expressos, rápido acesso a todos os interessados, do próprio aluno aos gestores das escolas, passando por pais ou responsáveis e professores. A escola ganhou agilidade, mas o processo já existia antes, o que há de novidade é a transparência e o que precisamos imputar ao processo é a leitura real e atenta dos dados para que sua compreensão leve a uma aplicação em favor dos estudantes, dos professores e da escola, visando melhoria de resultados tanto quanto de processos e métodos de ensino e aprendizagem.
O uso e acesso a versões digitais de livros e materiais didáticos, mesmo videoaulas, também não é novidade, tendo em vista que o telecurso, por exemplo, existe praticamente desde que a TV foi inventada e que, se antes não tínhamos os e-readers ou os tablets e smartphones como plataformas, ao menos tínhamos os livros em papel e as bibliotecas. A diferença está, novamente, no uso. Facilidade de acesso, transporte, diversidade de títulos, possibilidade de realizar a métrica da leitura ou de imputar questões e outros recursos ao longo da leitura, tudo isso surge como inovação. Usar de forma regular, adicionando ao cotidiano das escolas, no entanto, é que é o grande desafio, ao qual os professores, principalmente eles, precisam aderir. É lógico que a infraestrutura de apoio, com internet rápida é igualmente essencial, senão básica, mas em se contando com isso, formar e preparar os professores, além de equipar o corpo docente é a maior das tarefas que temos pela frente.
Plataformas LMS que oferecem informação rápida sobre desempenho, feedback para que alunos, professores, gestores e mesmo responsáveis possam organizar ações de apoio e melhoria de desempenho dos alunos, tanto em nível individual quanto coletivo, além de oferecer soluções personalizadas, gamificadas e em grande monta, com incrível acervo de vídeos, animações, simulações, infográficos, textos e outros recursos, facilita muito a vida de todos, mas constitui ação que replica o trabalho nas escolas desempenhado pelas secretarias, pelos docentes em reuniões de pais, dos gestores no contato agendado com famílias ou educadores, da orientação educacional no dia a dia com os alunos. Ganhamos muito em agilidade, diversidade de fontes, personalização, possibilidade de inverter o fluxo das aulas com o uso da Flipped Classroom (Sala de Aula Invertida) ou com as aulas híbridas misturando vários recursos e tendo acesso a diferentes fontes (Blended Learning). Formar os docentes e os gestores para esta nova escola com diferentes metodologias é a batalha que se faz presente, pois há um embate cultural em curso. É difícil para os professores modificar sua atuação da noite para o dia, é preciso tempo, preparação, paciência para efetivar a transição e, em sendo assim, compreender que será gradual, com alguns professores aderindo antes assim como com o uso parcial que aos poucos vai se tornando mais frequente.
Provas, simulados e avaliações online são muito bem-vindas, assim como o compartilhamento de arquivos, as redes online geridas pelas instituições de ensino, o uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem e o EAD, as MOOCs (Massive Open Online Courses), a robótica, o ensino de linguagem de programação, enfim, todas as novidades.
O essencial continua sendo, no entanto, que todos, respeitando-se os diferentes ritmos e, em especial, os professores, sejam integrados e tornem-se realmente usuários, para que os recursos deixem de ser utilizados dentro de modelos que repetem a sala de aula tradicional, para algo realmente inovador e inspirador, num novo modelo educacional.
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