A Semana - Opiniões
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Precisamos realmente é de uma Reforma Civilizatória - 23/11/2015
João Luís de Almeida Machado

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aperto de mao

Fala-se muito no Brasil de hoje, machucado pela crise econômica e pelo caos político em vigor nesse longo ano de 2015 em várias reformas estruturais necessárias para uma refundação ou reinício de sua história.

Há a reforma política, anseio de toda a população ou, ao menos, daqueles mais esclarecidos, que percebem a necessidade, a curto e médio prazo, de estabelecer limites claros para a atuação dos poderes e de seus representantes. A ideia primordial é evitar abusos como os que têm sido desvendados pela Polícia Federal e ministério público. O principal entre eles, sem qualquer sombra de dúvidas, é a corrupção e o uso da máquina pública como elemento de poder e de manutenção de cargos.

Outros advogam a real necessidade de uma reforma tributária que contribua para a continuidade das obras e serviços essenciais à toda população sem que os custos altíssimos nos impostos que incidem pesadamente no cotidiano de todos continuem a ceifar oportunidades de investimento, estudos, lazer, consumo, trabalho... A carga de taxas aplicadas ao cidadão brasileiro que contribui equivale a 5 meses de seus vencimentos. Trabalha-se muito para o governo, sejam os populares, sejam os empreendedores que igualmente são sufocados pelos tributos e por todos os ingredientes nocivos do Custo Brasil.

Já se fala também na reforma da constituição, criada em outro contexto, no final dos anos 1980, visando assegurar direitos que faltaram aos brasileiros em especial ao longo dos anos de chumbo. Garantir conquistas sociais e trabalhistas continua sendo pauta para os governantes mas é preciso flexibilizar para que itens essenciais como o trabalho continuem existindo, caso contrário de que adiantariam benefícios legalmente estabelecidos sem que as pessoas estivessem ativas e produzindo para si mesmas, para a coletividade, os empregadores e a nação?

Reestruturar a previdência pensando no evidente envelhecimento da nação, cujos aposentados em virtude do esgotamento do modelo em vigência tendem a passar por necessidades em futuro muito breve é igualmente questão sempre em pauta no país. Essa gente que trabalhou por anos a fio merece respeito e não que ao chegarem a 3ª idade tenham que passar por privações e descaso por parte do país que ajudaram a construir.

A reforma da educação é outra temática sempre em pauta quando se pensa em um novo Brasil. Mudar o processo educacional, adicionando novas estruturas e metodologias, com a renovação da didática e o acréscimo das novas tecnologias, melhorando a qualidade da formação dos futuros professores são temas em discussão que demoram a sair do papel e decolar de fato para que na ponta de todos os procedimentos tais alterações vinguem, de fato, para os alunos brasileiros.

Todas estas reformas são importantes e já deveriam ter sido implementadas ao longo das últimas 2 décadas. O Brasil está em atraso mesmo diante de ganhos percebidos na vida da população por conta de ações políticas, econômicas e sociais de impacto. Há, no entanto, para o país, duras lições de casa que se não forem realizadas, conforme já é possível perceber hoje, irão atrasar o desenvolvimento e colocar em risco, principalmente, o futuro de gerações de brasileiros que vieram ao mundo nos últimos 30 anos.

Acima de tudo, no entanto, urge uma reforma pouco falada pela mídia, políticos, formadores de opinião, escolas, empresas, por mim ou por você, a Reforma Civilizatória. Ação imprescindível através da qual o que se pretende é fazer com que as pessoas atuem de modo mais consequente, em prol da coletividade, seguindo aquilo que é eticamente adequado, agindo dentro dos ditames da cidadania, buscando a correção em seus pensamentos e atitudes sempre.

O chamado “jeitinho brasileiro”, as carteiradas, o “salve-se quem puder”, o “sabe com quem você está falando” ou o “ele que se lasque” têm que deixar de existir para que em seu lugar se estabeleça uma sociedade que respeita as leis, os direitos de todos, faz com que seus deveres sejam cumpridos, entendam com clareza o conceito de vida em grupo, respeitem o patrimônio público, zelem pela natureza, trabalhem por um mundo melhor...

É claro que isso é uma mudança cultural e que passa necessariamente pelas famílias, escolas, instituições privadas e privadas, mídia e por praticamente tudo o que nos cerca.

Cabe papel especial as escolas e a família no ensejo de uma Reforma Civilizatória, em que se busca atingir padrões altos de convívio, semelhantes aos que admiramos e percebemos em nações prósperas do mundo mais desenvolvido e que, porque não, também podemos estabelecer por aqui.

Quem, em sã consciência, há de discordar disso? Quem não deseja se sentir mais seguro e respeitado no seu próprio país? Pense a respeito e veja o que você pode fazer por isso. Convoque seus familiares, junte-se a pessoas de seu bairro, busque apoios na comunidade em que vive e ajude a realizar esta Reforma Civilizatória. Todos ganham com isso!



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