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João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Dignidade: Mais que um direito - 14/09/2015
João Luís de Almeida Machado

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“Quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de homem obedecer a leis injustas, nenhuma tirania pode escravizá-lo.” (Gandhi)

“A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da vida, a liberdade do ser humano.” (João Paulo II)

“Uma conduta irrepreensível consiste em manter cada um a sua dignidade sem prejudicar a liberdade alheia.” (Voltaire)

Perder a dignidade é abdicar do respeito próprio. Há também os casos em que somos tratados por outras pessoas de forma indigna e, neste caso, a altivez é necessária, ou seja, é preciso que lutemos pela necessária consideração e igualmente pelo respeito que nos cabe.

Não há, entre todos os seres humanos, dos mais simples aos mais poderosos, alguém que não tenha o direito de ser tratado com dignidade. Inclusive as pessoas que vivem à margem da sociedade, a praticar delitos, mesmo os mais graves, tem direito a tratamento digno que muitas vezes lhes falta ou que, por conta da sua história de vida, lhes faltou, o que ocasionou a sua exclusão ou rejeição social.

Muitas vezes, inclusive, são os mais poderosos que se sentindo supremos, ricos, acima de tudo e de todos, abusam de sua posição e ofendem, atacam e oprimem os mais humildes, fazendo com que se sintam ou vivam de forma indigna. A corrupção, por exemplo, que enriquece alguns poucos, tirando de muitos, tornando suas vidas pobres, sujas, indignas, é uma violência praticada cotidianamente contra milhares, senão milhões de pessoas.

No trabalho, a forma como se remuneram e os reconhecimentos devidos a homens e mulheres, ainda que atuando em funções semelhantes, com o sexo feminino sendo quase sempre colocado alguns degraus abaixo do masculino, é igualmente uma forma de tratamento indigno.

Homens ou mulheres discriminados pela cor de sua pele, por suas origens humildes, pela etnicidade que transparece em seus traços, por escolhas religiosas, por conta de suas preferências políticas ou qualquer outro motivo, tudo isso constitui conspiração contra a dignidade humana, a extirpar destas pessoas o que lhes é de direito, seja a liberdade, o direito de se expressar livremente ou, ainda mais grave, a própria vida.

Quando alguém se coloca acima de outro alguém, a despeito de qualquer fator que diferencie estas pessoas, e a humilha, a ofende, a agride, de forma ostensiva ou sutil, falta com a dignidade alheia e, igualmente demonstra não ter respeito próprio.

O que fazer?

Além da altivez, da capacidade de olhar diretamente nos olhos de qualquer pessoa, independentemente da hierarquia, da conta bancária, da posição social ou de qualquer outro aspecto subjetivo que possa nortear a ação das pessoas, é preciso agir com coragem, acionando os meios legais disponíveis no país e no mundo para que ninguém seja tratado de forma indigna.

E a indignidade não se dá apenas entre pessoas, é também algo que ocorre quando o poder público ou corporações distratam a população, deixando de oferecer o que lhes cabe, como acesso a serviços e/ou produtos de qualidade. Se o ônibus ou o trem não chegam no horário, quando falta água ou luz no bairro, a entrega de produtos defeituosos, o descaso no atendimento hospitalar ou escolas para as crianças sem recursos ou profissionais para atender de forma satisfatória no processo de ensino e aprendizagem são algumas amostragens do tratamento indigno a que somos submetidos.

E não somente a pessoa atingida pelo tratamento indigno deve se manifestar, também quem presencia ou é igualmente vítima de tal ação deve juntar-se na luta contra tais agressões. Quando há mais pessoas juntas num processo contra o agressor, seja ele um indivíduo, uma corporação ou o próprio governo, o peso e a força na ação tornam-se muito maiores. Associações de classe, de bairro, famílias inteiras, grupos de amigos, entidades estudantis ou qualquer outra agremiação pode e deve dar apoio as pessoas que necessitem nesta briga contra o tratamento indigno.

Arbitrariedades praticadas contra uma pessoa ofendem a todos. A agressão sentida por um deve ocasionar reações coletivas que façam com que a injustiça seja combatida com muita força e que os agressores sejam punidos. Somente assim prevalecerá a dignidade!



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