Big Data na Educação - 20/07/2015
João Luís de Almeida Machado
Dados são essenciais para se conhecer o mundo. Não há dúvidas quanto a isso. A pesquisa, a leitura, a troca de informações, a análise de dados, a criticidade e todos os elementos associados ao processo de leitura do mundo relacionam-se ao acesso que temos ao que há no mundo e que pode, de algum modo, ser racionalizado, colocado em palavras, transformado em números ou qualquer tipo de simbologia criada pelos seres humanos a fim de decodificar o que está ao seu redor.
O surgimento e aperfeiçoamento dos sistemas computacionais e o advento e melhoria constante da internet, a rede mundial de computadores, têm permitido a humanidade ir além neste processo de coleta de dados. O que temos hoje é conhecido como Big Data e o “storage” ou armazenamento de informações sobre tudo e todos é prática regular, alimentada pelos próprios usuários de computadores, tablets e smartphones a partir do momento em que digitam um número de telefone, enviam um SMS, entram numa rede social, postam em um site ou blog, enviam um vídeo ou uma imagem.
Adicione-se a isso o fato de que instituições as mais diversas possíveis, relacionadas ao comércio, a governos, a indústria ou a que segmento de interesse for, estão captando seus dados e, uma vez inseridos num Big Data sobre você, estão decodificando-o, tornando-se capazes de saber onde está, o que faz, o que lê, com quem se relaciona, onde estudou, em que empresa trabalha e, de certo modo, até mesmo como pensa.
O Big Data tem 5 características essenciais percebidas pelos especialistas e é preciso compreender o que significam para que um melhor aproveitamento das informações possa acontecer. Pelo fato das palavras que descrevem estas características começarem com a letra “V”, são identificadas como 5 Vs. São elas: Velocidade, Volume, Variedade, Veracidade e Valor.
Quando nos referimos a volume, no caso do Big Data, estamos falando sobre a crescente e monumental inclusão de informações a respeito de tudo e de todos nos gigantescos bancos de dados de grandes empresas espalhadas pelo mundo. A velocidade de processamento, armazenamento e mesmo de produção destas informações, por sua vez, associa-se ao desenvolvimento das plataformas, redes e cabos que conectam o mundo e que a cada dia incorporam melhorias capazes de aumentar ainda mais o fluxo destes dados. A variedade, por sua vez, relaciona-se a diversidade de pessoas, empresas, culturas e demais variáveis que tornam únicas as inclusões de informações na rede mundial de computadores. Há bilhões de usuários alimentando o sistema e, deste modo, disponibilizando dados como nunca antes havia acontecido na história humana. Estimam os cientistas que em prazos reduzidos, equivalentes a 2 ou 3 anos, o “input” de dados na internet dobre em relação ao volume antes percebido.
Para agregar o necessário valor, ou seja, para que as informações tenham utilidade e deem retorno para as pessoas, as empresas e a sociedade como um todo é preciso que se verifique sua veracidade, ou seja, a credibilidade das fontes, se os dados são consistentes, se expressam a realidade dos fatos, se são críveis e verdadeiros.
O acesso a todo este manancial de informações pode ser bom ou ruim, é claro, uma vez que a privacidade – muitas vezes por ações desmesuradas e imprudentes dos próprios internautas, quando não a partir da ação de terceiros, os colocam em riscos quanto a sua segurança e individualidade; ou, por outro lado, controlada ou superada esta superexposição, pode ser interessante e benéfica se analisarmos que com os dados relativos ao perfil de cada indivíduo, é possível cuidar melhor de sua saúde, educação, carreira…
No que tange a educação, especificamente, a corrida que está em pleno curso refere-se à busca e processamento dos dados de cada aluno quanto ao seu rendimento, notas, leituras, vídeos assistidos, horas dedicadas ao estudo e todos os referenciais que de algum modo indiquem quem é este estudante, porque vai muito bem ou muito mal nos estudos, quais são suas perspectivas futuras quanto a educação, carreira e vida…
A ideia que se estabeleceu é a de que, com base nos dados é possível reverter quadros crônicos quanto aos estudos, ou seja, ajudar alunos que têm rendimento baixo a melhorar não apenas as notas, mas a aprender a estudar, ter mais foco, dedicar-se mais, ter metas plausíveis e, até mesmo, identificar eventuais dificuldades de aprendizagem neles presentes.
Outra meta é a de oferecer referenciais para estudo que sejam adequados a seus padrões e ritmo, o que, melhor dizendo, significa oferecer os conteúdos em mídias diferentes, que se adequem melhor a sua capacidade e condição de leitura de mundo. Há estudantes que aprendem mais vendo vídeos sobre um determinado tema, outros são mais afeitos a leitura de textos, há aqueles que entendem melhor vendo uma simulação ou animação…
Ao mapear os alunos, o que se pretende, com o Big Data educacional é melhorar o rendimento ou tornar ainda mais preparados aqueles que já se destacam, oferecendo a eles recursos e meios para que se aprofundem e se tornem, futuramente, os líderes que irão criar referências e atuar em diferentes campos para compor as melhorias da medicina, da educação, da política, das artes, da ciência, das artes ou da cultura.
Os algoritmos ainda não foram completamente descobertos a ponto de indicar todos os parâmetros, caminhos e recursos indicados para cada estudante. Isso não aconteceu da forma como se espera até o presente momento, seja no Brasil ou em qualquer país do mundo, a fórmula mágica está sendo perseguida por pesquisadores aqui e alhures, no entanto, ainda está faltando. De qualquer modo, com o que já está presente no mercado, já é possível criar alternativas viáveis para um melhor desempenho dos estudantes, para se compor aulas mais interessantes e instigantes e para, certamente, dinamizar desta forma, a escola, a fim de que se torne mais próxima daquilo que dela se espera, tanto para os alunos como para toda a sociedade.
E quando virão os algoritmos inteligentes, capazes de indicar os melhores rumos para a vida destes estudantes com baixa ou nenhuma margem de erro? Provavelmente num futuro muito breve, mais rapidamente do que esperamos. No entanto, ainda que isso seja algo de bom, é preciso ter consciência de que se trata de algo que deve ser sempre utilizado com o apoio do olhar e da inteligência humanas a referenciar e analisar os dados numa constante ação de interpretação para que o melhor possa, de fato, acontecer para cada indivíduo e toda a sociedade.
# Artigo: O Livro de Informática do Menino Maluquinho
Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.