A Meritocracia na Educação e a Mudança de Paradigmas - 07/03/2014
Wanda Camargo
O chamado tripé da educação superior é constituído por Ensino, Pesquisa e Extensão. A pesquisa, quando feita seriamente e não apenas para alavancagem de currículos, é a garantia do futuro de uma nação. Extensão é democracia, a abertura para a comunidade das benesses da universidade. Mas é o ensino que encerra em si quase toda esperança depositada pela sociedade na academia, os recursos imensos que são gastos (tanto na esfera pública quanto privada), o tempo, o labor, a dedicação dos professores, estudantes e seus familiares na procura por conhecimento, reconhecimento, empregabilidade e melhoria de vida.
E para que isso seja alcançado é crucial que se tenha em mente uma palavra, um verdadeiro palavrão, segundo alguns: resultados. É impossível que se faça qualquer coisa em qualquer área ignorando os objetivos que se almeja - e a Educação, como todas as instituições, deve ser avaliada, deve ser fiscalizada, deve ser cobrada. Toda a sociedade paga por ela - e merece retorno em forma de qualidade, de estudantes bem formados, de um país melhor.
Há uma enorme resistência quando se fala em avaliar educação, educandos e educadores. Qualquer proposta de analisar métodos e resultados nesta área gera acusações ao proponente de ser “positivista”, “fordista-taylorista” ou coisa pior. De fato, as teorias de Taylor, Fayol e os métodos de Ford estão superados, mas tiveram o seu momento e a sua relevância.
A produção totalmente artesanal anterior à primeira revolução industrial era, talvez, mais “humana”. Os objetos produzidos eram o que hoje caracterizamos quase como obras de arte: únicos, individuais. O senão era a pequena escala produtiva, que os encarecia demais e restringia sua posse a poucos privilegiados - não esquecendo que o ingresso nas corporações de artesãos seguia protocolos que enrubesceriam nossos mais renitentes nepotistas.
Os processos industriais, com destaque para a linha de montagem implantada por Henry Ford, possibilitaram que uma imensa maioria de pessoas tivesse acesso a bens de consumo, mais do que em qualquer outro momento da história. Embora o mero consumo não traga felicidade - seja evidente que são muitas as injustiças sociais decorrentes da industrialização -, que atire a primeira pedra quem tiver coragem de dizer isso ao cidadão que finalmente consegue comprar o seu primeiro carro - ou quem puder afirmar que os servos feudais viviam em condições sequer comparáveis às dos trabalhadores modernos.
Carregamos, é verdade, a má consciência de uma das distribuições de renda mais indecentes do Ocidente - e relutamos em adotar melhorias que impliquem em uma atribuição madura de responsabilidades. Em função de um socialismo utópico que nunca conhecemos na prática, adquirimos ojeriza à meritocracia. A simples ideia de que alguém possa responder por seus atos, ser premiado por seus esforços ou punido por seus erros parece um crime de lesa pátria. A mudança de alguns velhos paradigmas certamente traria benefícios ao processo educacional.
# Artigo: Aprender exige esforço e satisfação
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1 Zélia Pimenta - Belo Horizonte
Já fiz um comentário sobre esse belíssimo artigo e o portal não o publicou.
13/03/2014 11:27:11
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