A
Educação Financeira para as crianças
deve começar desde cedo. Assim, além da escola,
os pais possuem um papel fundamental nesse processo.
Mas, como os pais podem fazer isso? São várias as
formas, uma delas é a mesada.
Para os pais que ainda não disponibilizam esta ferramenta
para os filhos, esta é uma ótima oportunidade
para avaliar a possibilidade.
A primeira dúvida em relação a esse
tema é a idade com que a criança deve iniciar o
contato com o dinheiro.
Isso dependerá de cada caso, entretanto, a partir dos
três anos, quando a criança começa a
demonstrar desejos próprios, já é o
momento de iniciar a analisar a melhor forma de inserir a
educação financeira (não a mesada),
mostrando o processo de troca do dinheiro por produtos.
Um ponto muito importante é explicar para seu filho por meio
de conversas, jogos e brincadeiras, que nem tudo que ele quer ou
assiste na TV é para ele comprar.
Estimule-o a refletir e pensar sobre como utilizar dinheiro,
priorizando os sonhos. Reserve as datas especiais (como o Natal,
aniversário) para dar brinquedo à
criança, isso evitará que ela queira tudo o tempo
todo.
Depois desses passos, quando os jovens já estiverem
acostumados com o contato com o dinheiro, já é a
hora de progredir na educação financeira dos
filhos começando a dar as mesadas.
Contudo, cuidados devem ser tomados para que esse artifício
realmente atinja sua finalidade.
Um deles é definir qual a finalidade que a mesada
terá, ou seja, qual o limite de dinheiro que essa
criança irá administrar, e qual o prazo que
receberá (geralmente, semanal ou mensal).
Isso variará de acordo com a finalidade do dinheiro
em cada caso, desde para a compra de doces, revistas e figurinhas, ou
até os jovens que já estão mais
avançados na forma de cuidar das finanças, os
quais podem assumir o pagamento da escola e cursos que
realizam.
O que sempre observo na utilização da mesada
é que a evolução do seu valor deve ser
gradativa, sempre acompanhada de conversas que mostram a
importância desse dinheiro e o porquê ele deve ser
utilizado com responsabilidade.
Também deve mostrar às crianças a
importância de poupar parte para
realização de pequenos sonhos, como o de guardar
dinheiro por um período para a compra de um brinquedo ou
mesmo uma bicicleta.
É interessante educar os jovens a criarem planilhas anotando
durante o mês onde vão gastar seu dinheiro, isto
fará que eles possam analisar melhor e evitar gastos
desnecessários e até mesmo eliminando excessos.
As sobras para os mais novos podem ser postas em cofrinhos, que
é um ótimo incentivador para pouparem, sempre
lembrando que o dinheiro deverá ter objetivo, para que a
criança saiba priorizar sonhos antes de sair gastando.
É fundamental também que se mostre aos jovens a
importância de conquistar os valores que recebem, entretanto,
não é interessante associar esse dinheiro a
desempenho escolar, pois, o estudo deve ser incentivado pela
importância que ele terá para vidas dessas
crianças.
Uma criança que só estuda para garantir a mesada
no fim do mês poderá ter um rendimento muito baixo
se, por algum motivo, a família deixar de ter
condições de dá-la, além de
limitar o desenvolvimento intelectual a essas metas atingidas.
Os benefícios da mesada são inegáveis:
além de desenvolver o senso de responsabilidade, a
administração de uma mesada pode ensinar o quanto
pode ser difícil fazer o dinheiro render quando
não se tem controle sobre os próprios impulsos de
consumo.
Assim, não se deve complementar com frequência a
falta de dinheiro ocasionada pela má
administração da mesada.
Muitas crianças e adolescentes gastam além da
conta e passam a recorrer sistematicamente aos pais para conseguir mais
dinheiro.
Se os pais cedem aos pedidos, não ensinarão a
controlar os impulsos, criando a ilusão de que pode gastar
sem limites. Quando isso acontece, a mesada perde a sua
função.
Mostre a seu filho a importância de priorizar seus sonhos e
que poupar é o caminho mais curto para a
independência financeira.
Reinaldo
Domingos
é
educador financeiro, presidente da DSOP Educação
Financeira e Editora DSOP, autor dos livros Terapia Financeira,
Livre-se das Dívidas, Ter Dinheiro Não Tem
Segredo, das coleções infantis O Menino do
Dinheiro e O Menino e o Dinheiro, além da
coleção didática de
educação financeira para o Ensino
Básico, adotada em diversas escolas do país.