Mais brasileiros estão
percorrendo o Caminho de Santiago.
É o que demonstra os dados estatísticos da
Catedral de Santiago de Compostela, divulgados recentemente. Segundo os
números, o Brasil ocupa atualmente a 13ª
posição entre as 143 nações
presentes no levantamento. Na América, o País
fica atrás apenas de Estados Unidos e Canadá.
Ainda de acordo com a pesquisa, 2.229 brasileiros chegaram a Santiago
de Compostela no ano passado, um crescimento de quase 100% em
relação aos dados de 2006.
Considerado pela
Unesco como Patrimônio da Humanidade, o Caminho de Santiago
tornou-se conhecido no século IX depois que os restos
mortais do apóstolo Tiago teriam sido encontrados em uma
sepultura, na qual, mais tarde, seria erguida a Catedral de Santiago de
Compostela.
Desde então, viajantes do mundo inteiro têm
deixado suas casas para percorrer a pé ou de bicicleta um
trajeto com início na pequena cidade de Saint Jean Pied
Port, na França, até Santiago de Compostela, na
Espanha, o que totaliza de cerca de 800 quilômetros.
Mas o que move esses viajantes? O que leva os brasileiros a deixar o
país para caminhar por um território desconhecido?
A resposta a essa questão nem sempre é conhecida.
Muitos viajantes - chamados de peregrinos - relatam que não
sabem ao certo o porquê de fazerem o Caminho. Na
realidade, não existe um motivo único para fazer
esta viagem.
O que se observa, em termos gerais, é que a maioria dos
viajantes está em busca de se tornar uma pessoa melhor.
Liberar-se de pesos, sofrimentos, angústia, estresse e, a
partir disso, enxergar a vida sob outro ponto de vista.
Caminho:
O analista
Acredito que o ambiente que o peregrino encontra no Caminho de Santiago
o ajuda a refletir a respeito de sua vida, o que, a meu ver, constitui
o principal sentido da viagem: a reflexão.
Questões ligadas à família,
à maneira particular de viver, ao dia a dia no trabalho,
às metas pessoais e às atitudes em geral passam a
ser revistas por quem faz o caminho.
É como se tudo estivesse em análise e sob uma
meticulosa auditoria interna, cujo objetivo é corrigir o que
está errado e ratificar o que está certo. O ato
de andar, muitas vezes sozinho, ao longo de um mês,
dá ao peregrino a oportunidade de refletir como nunca talvez
tenha feito.
É um encontro que se tem consigo, sem
interferências. E nesse processo, uma conclusão
é certa: o viajante que inicia o caminho de Sain Jean Pied
Port não é o mesmo que termina em Santiago de
Compostela.
Daniel
Agrela é
jornalista e autor do livro “O Guia do Viajante do Caminho de
Santiago – uma vida em 30 dias”, da Editora
Generale, com lançamento marcado para abril de 2013.
É também criador da comunidade sobre o Caminho de
Santiago no Facebook (www.facebook.com/ocaminhodesantiago).