Todo início de ano é a mesma coisa: o corre-corre
dos pais nas pesquisas e compras de material escolar dos filhos.
A lista de material escolar varia muito de uma escola para outra, e o
ideal para economizar é pesquisar preços e
marcas, além de, é claro, orientar as
crianças e os adolescentes antes de saírem de
casa.
Uma boa alternativa também são os pais tentarem
“reaproveitar” alguns materiais do ano anterior,
tais como mochila e estojo de lápis.
Com essa ação mais específica, os
alunos vão poder começar o ano letivo
já fazendo coro às muitas
ações que as escolas fazem em
referência à sustentabilidade, esta que passa,
evidentemente, por mudanças no comportamento e tentam
minimizar o consumismo desnecessário.
Atualmente, as papelarias e as grandes lojas do setor fazem de tudo
para conquistar os clientes, apostando em iniciativas que visam ser o
diferencial e conquistar a simpatia de adultos e crianças.
Há lojas que entregam o material escolar na casa dos
clientes, enquanto outras se especializam em encapar cadernos e bordar
toalhas com nomes das crianças.
Em tempos em que as famílias se sentem cada vez mais
desafiadas na relação entre o tempo e os
compromissos dentro e fora de casa, serviços de entregas de
materiais têm sido muito bem-vindos.
Para tentar ajudar os pais nesse momento de grande
importância na vida escolar das crianças e
adolescentes, alguns noticiários exibem reportagens com o
tema, ressaltando que, para “economizar”, uma das
grandes dicas é não levar os filhos à
papelaria no momento da compra!
Ora, ainda que essa dica tenha seus méritos, é
preciso muito cuidado quanto a ela, pois pode esconder a fragilidade
dos adultos em relação à
orientação e aos limites que toda
criança e adolescente têm direito de ter.
Uma criança bem-orientada em todos os momentos em que ela
solicita a compra de algum presente, por exemplo, saberá
reconhecer e respeitar os limites que seus pais estão
impondo a ela no momento da compra dos materiais escolares.
O grande segredo para não ter problemas quanto aos
insistentes pedidos das crianças que tendem a desejar sempre
o mais caro e o de marca reconhecida é trabalhar isso com
elas durante todo o tempo.
Se esse trabalho de orientação e limites ainda
não tiver começado, não desanime, pois
você pode iniciá-lo agora mesmo, aproveitando a
ocasião de compras de materiais como ponto de partida.
Mas, é preciso ressaltar, crianças e adolescentes
frustrados dentro da papelaria demonstram claramente que há
pontos a ser melhorados no relacionamento entre pais e filhos em
vários momentos durante o ano.
Hoje, é comum os pais trabalharem o dia todo deixando as
crianças em creches, com avós ou
babás.
Muitos se sentem culpados por permanecer ausentes o dia inteiro, e,
como forma de “suprir” essa ausência,
permitem que seus filhos façam tudo o que têm
vontade, não os repreendem porque sentem dó.
Como se não bastasse, há casos de pais que, para
não ter que aturar o choro de criança depois de
um dia exaustivo de trabalho, acabam cedendo a todas as vontades dela!
Já outros, infelizmente, preferem
“suprir” essa ausência presenteando seus
filhos com bens materiais (brinquedos, jogos, bonecas, carrinhos, entre
outros).
Qualquer um desses casos, acredite, pode dificultar não
apenas o momento da escolha conjunta dos materiais escolares, mas
também muitos outros aspectos que envolvem a vida das
crianças e adolescentes.
Bem, depois de tudo isso, resta-nos a pergunta: Estamos, de fato,
orientando nossos filhos em suas reais necessidades?
Toda criança e adolescente tem direito a receber de suas
respectivas famílias as orientações e
os limites que tanto farão falta a elas durante toda a sua
vida.