"A educação é um processo social,
é desenvolvimento. Não é a
preparação para a vida, é a
própria vida." (John Dewey)
Crise na Europa e nos Estados Unidos, queda de governos
árabes, discussões sobre o aquecimento global.
As doenças que acometem o mundo não
são de ordem econômica, política ou
ambiental.
Nossas mazelas são de caráter social. A sociedade
está enferma.
As pessoas estão fisicamente doentes.
Caminhe por uma praia e observe a condição dos
banhistas para constatar a falta de cuidados com o próprio
corpo, fruto de vida sedentária,
alimentação desregrada, ausência de
atividade física.
Não é à toa que obesidade,
hipertensão arterial e doenças coronarianas
crescem vertiginosamente.
As pessoas estão mentalmente doentes.
Ansiedade, angústia, transtornos de humor.
Como prova do que digo, observe a proliferação de
Drogarias por todo o país.
E mais do que o número de novos estabelecimentos, a
frequência maciça de consumidores.
Não importam dia e horário, invariavelmente
você encontrará filas nos caixas.
Gente comprando de medicamentos para as dores do corpo, a
ansiolíticos e antidepressivos.
As relações sociais estão doentes.
Temos cada vez mais amigos virtuais, mas continuamos sem conhecer
o
vizinho que reside há anos na porta ao lado.
Familiares não comungam de uma mesma
refeição, pais e filhos pouco conversam, casais
de amigos em um encontro pessoal trocam a autenticidade de um
diálogo pela efemeridade de tuitadas em seus smartphones.
As empresas estão doentes.
Mesmo quando lucrativas, sofrem com crises de liderança,
dificuldades para engajar seus funcionários e reter
talentos, dilemas morais para alinhar discursos institucionais
às práticas corporativas.
Valores e virtudes estão doentes.
Intolerância, egoísmo e cupidez suplantam
condescendência, generosidade e gentileza.
Prevalece a ética do interesse pessoal em detrimento do
coletivo.
No dia seguinte a qualquer comemoração, na praia,
no campo ou nas ruas das cidades, o cenário era de guerra.
Lixo por todos os lados. Garrafas despedaçadas, deixando
cacos de vidros infiltrados na mesma areia onde crianças
inocentemente iriam brincar ao raiar do dia.
Nossos problemas não são conjunturais, mas
estruturais.
E a solução passa por reflexão,
educação e cultura.
Tom
Coelho é
Consultor, professor universitário, escritor e palestrante.