Carpe Diem
 

Mentalidade Criativa - 07/11/2012
Leila Almeida Lopes

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Quando o assunto é criatividade, é importante lembrar que ela não surge da noite para o dia.

Mesmo que seja considerada por muitos um dom, é preciso desenvolvê-la e instigá-la, pois todos nós temos a capacidade de sermos criativos.

Para que isso de fato ocorra, entretanto, é preciso que haja curiosidade, dado que, nesse sentido, ela serve de subsídio necessário ao desenvolvimento dessa habilidade.

Sendo assim, é natural pensarmos que pessoas inteligentes e rápidas, que buscam informação e conhecimento, conseguem realizar coisas novas e originais.

Afinal, a busca por informações remete a mudanças, novas alternativas, novas soluções, novas ideias.

Contudo, segundo o fundador e presidente da Creative Think – empresa situada em Menlo Park, na Califórnia/EUA –, Roger von Oech, que considera o conhecimento como a matéria-prima das novas ideias, esses requisitos não são suficientes para tornar uma pessoa criativa, mas o que se faz com tudo isso é de extrema importância, pois o pensamento criativo sugere uma atitude.

Não estamos acostumamos a ter atitudes criativas em nossa rotina diária, até mesmo pelo fato de que não precisamos pensar coisas diferentes para realizar sempre as mesmas tarefas.

Isso é naturalmente aceitável para que seja mantida uma ordem e evitar um possível caos, mas essas atitudes se transformam em obstáculos ao pensamento criativo e, ainda segundo Von Oech, são tidas como bloqueios mentais.

Em seu livro "Um Toc na Cuca", o autor cita a história “A marca de giz”, que ilustra muito bem o hábito que temos de procurar, com o máximo de praticidade, apenas uma resposta certa, limitando o espaço para outras alternativas ou outras ideias:

"Quando eu estava no meio do curso colegial, meu professor de Inglês fez uma pequena marca de giz no quadro-negro. Ele perguntou à turma o que era aquilo. Passados alguns segundos, alguém disse: “É uma marca de giz no quadro-negro”. O resto da classe suspirou de alívio, porque o óbvio foi dito e ninguém tinha mais nada a dizer. “Vocês me surpreendem”, o professor falou, olhando para o grupo. “Fiz o mesmo exercício ontem, com uma turma do jardim da infância, e eles pensaram em umas cinquenta coisas diferentes: o olho de uma coruja, um inseto esmagado e assim por diante. Eles realmente estavam com a imaginação a todo vapor”. Nos dez anos que vão do jardim da infância ao colegial, nós tínhamos aprendido a encontrar a resposta certa, mas também havíamos perdido a capacidade de procurar outras respostas certas e perdido muito em capacidade imaginativa." (EOCH, Um “toc” na cuca, 1999. p.34).

Dessa forma, é possível perceber a forte influência que a curiosidade exerce sobre o saber, o pensamento criativo e a busca por outras respostas.

Essa atitude tem base na infância, como afirma o crítico social norte-americano Neil Postman: “Quando as crianças vão para a escola, são como pontos de interrogação; quando saem, são frases feitas”.

O nosso sistema educacional tem seu foco na busca pela única resposta certa, deixando de lado a flexibilidade, que é primordial para a boa convivência.

O grande impasse é que a vida não é dessa maneira, tudo depende muito do ponto de vista e do que se deseja alcançar.

E, felizmente, a vida permite mais de uma resposta certa.

Referências
EOCH, von Roger. Um “toc” na cuca. 14 ed. São Paulo: Editora Cultura, 1999.

Leila Almeida Lopes é Graduada em Pedagogia pela Universidade de Taubaté (UNITAU) e Atua como Instrutora Técnica do Programa Informática Educacional em Caçapava, São Paulo.

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