Estudar inglês durante a infância atrapalha a
alfabetização? O aprendizado de uma segunda
língua interfere na aquisição da
língua materna, ou vice-versa?
Já está mais que comprovado que tais
questões não passam de meros mitos.
Isso porque, com o cérebro em pleno desenvolvimento, a
construção de novas habilidades se torna muito
mais fácil.
Além do mais, crianças têm maior
facilidade na pronúncia e melhor fluência devido
à grande capacidade de diferenciar sons e à maior
flexibilidade muscular do seu aparelho articulatório.
Uma pesquisa da University College, de Londres, ao avaliar o
cérebro de 105 pessoas, constatou que aquelas que cursaram
inglês entre 05 e 10 anos de idade fizeram mais
conexões cerebrais, tiveram aumento da massa
encefálica e, portanto, adquiriram mais chances de serem
fluentes na língua.
Vemos então que, tanto do ponto de vista auditivo e
fonatório quanto do ponto de vista neurológico,
é mais fácil aprender inglês na
infância.
Mas então será o fim para adultos e adolescentes?
Jamais!
Nunca é tarde para se aprender um segundo idioma,
principalmente quando se trata da língua global, o
inglês.
Como citado no título deste artigo, o aprendizado da
língua inglesa traz inúmeros
benefícios para todas as faixas etárias.
Apesar da melhor fase da vida para se aprender inglês ser na
infância, é possível obter
fluência na fase adulta também.
Basta se trabalhar com métodos apropriados.
Para ensinar uma criança, por exemplo, precisamos trabalhar
com a ludicidade, que é o que ela tem de real.
E quando trabalhamos com adultos, temos que usar a
contextualização, trazendo, também, o
idioma para a realidade dos alunos.
Esses são apenas dois exemplos de como tornar o aprendizado
da língua eficaz.
Mas voltemos a falar dos benefícios que o domínio
desse idioma traz.
Quando uma criança estuda inglês, ela estimula as
suas funções cognitivas, o que, consequentemente,
facilita o aprendizado de outras disciplinas (como
matemática, ciências etc.).
E, além disso – desde que com metodologia
adequada, como o uso de jogos, brinquedos, imagens, tecnologia e
interação –, ela desenvolve outras
funções primordiais, tais como motricidade,
percepção sensorial, esquema corporal,
pensamento, linguagem, expressão artística,
sociabilidade e conhecimentos gerais.
Já para adultos e adolescentes, podemos ressaltar os
seguintes benefícios: elevação da
autoestima, promoção no trabalho,
comunicação em outros países,
compreensão de manuais, livros, revistas internacionais (que
também são usados no Brasil hoje em dia),
além da expansão da mente para um universo
multilíngue e multicultural.
Aliás, a questão cultural é um dos
aspectos mais interessantes da aquisição de
outros idiomas, pois interfere diretamente no aprendizado da
língua.
Imagine, por exemplo, que um estrangeiro venha visitar o Brasil no
mês de março.
Num dia de chuva, ele escute alguém dizendo:
“É, são as águas de
março fechando o verão...”.
Ele certamente pensará que no Brasil chove com
frequência no mês de março.
Porém, se ele perguntar a alguém o
porquê do uso de tal expressão, ele
descobrirá que temos uma música famosa que se
chama “Águas de Março”.
Dessa forma, ele conhecerá um pouco mais da nossa cultura,
nossa música e nossos compositores.
Da mesma maneira, quando estudamos a língua inglesa, ao nos
deparar com alguma expressão idiomática, por
exemplo, acabamos por descobrir a história de algum lugar ou
outro fato cultural.
E, por se tratar da língua global falada em
vários países, conhecemos mais da cultura
universal.
Em meio a tantos benefícios, por que no Brasil ainda
há grande dificuldade em
formar falantes seguros da
língua inglesa?
Infelizmente, vemos várias notícias de
várias oportunidades que o nosso país vem
perdendo por falta de profissionais bilíngues. Sem falar no
turismo receptivo que é ineficaz.
Mas se as crianças passam 7 anos aprendendo inglês
na escola regular, por que elas não conseguem se comunicar
efetivamente e têm de buscar um curso em uma escola de
idiomas especializada?
Uma das respostas para essa questão é a falta de
uma metodologia adequada.
Segundo Vygotsky, “a função primordial
da fala é a comunicação, o
intercâmbio social”.
O ensino de inglês no Brasil, infelizmente, ainda
não tem como foco a comunicação.
Os alunos passam anos aprendendo regras gramaticais,
tradução e outros aspectos que, apesar de
necessários, colocam em segundo plano o principal: a
comunicação, a oralidade.
Além disso, os professores não recebem a devida
formação para trabalhar de maneira efetiva o
ensino da língua inglesa na sala de aula, e
também não se formam no curso de Letras dominando
o idioma.
O Brasil precisa repensar e reformular sua estrutura de ensino da
língua inglesa, tomando atitudes como expansão do
ensino para a educação infantil e
séries iniciais, remodulação do
currículo das universidades dos cursos de Letras etc.
Algumas providências já têm sido tomadas
com relação a isso, como a
formação de professores em outros
países, com parcerias internacionais e cursos de idiomas
online oferecidos pelo governo para alunos do Ensino Médio.
Porém, ainda há muito que fazer.
É preciso transformar uma cultura desatualizada em uma
cultura do século XXI, assim como alguns países
já fazem naturalmente, adotando o bilinguismo nas escolas
regulares e desde a primeira infância, por exemplo.
Afinal, uma nação bem-formada significa um
país desenvolvido e em constante crescimento
econômico.
Por meio dessa transformação, o Brasil
conseguirá formar cidadãos desenvolvidos e
multilíngues, capazes de atuar com sucesso nesse universo
globalizado que vivemos hoje.