Uma
das questões que mais afligem os pais de adolescentes
é a gravidez precoce.
Essa preocupação é
compreensível sob todos os pontos de vista: o organismo da
jovem não está pronto para a maternidade, que
também não está amadurecido
psicologicamente para assumir uma responsabilidade desse porte.
Além disso, ela não é financeiramente
autônoma, não tem profissão e nem ao
menos completou seus estudos.
Geralmente, não tem um relacionamento afetivo
estável, não consegue manter sozinha uma vida
organizada e pela própria situação
criada, percebe-se que não sabe se cuidar, colocando a
própria vida em risco por não ser precavida.
Calcula-se hoje que cerca de 20% da população
brasileira seja de adolescentes (jovens entre 10 a 19 anos), e que
nesta faixa etária a incidência da gravidez esteja
entre 14 e 22%,o que é um número preocupante.
Mas, se a nossa adolescente está grávida, agora
é a vez dos adultos da família tomarem as medidas
para que os problemas não piorem, não se tornem
ainda mais complexos e traumáticos para todos.
Convenhamos que receber a notícia que normalmente traz tanta
alegria, nesse caso, surpreende e assusta, pois não raro se
vê meninas de menos de quinze anos acreditando que ter um
bebê é como se vê nas novelas...e seus
pais sabem que não é assim!
Mas brigar, repreender, bater, expulsar de casa, está fora
de cogitação: a solução
é sentar, conversar e tentar saber o máximo
possível para ajudar, orientar e diminuir o impacto que essa
menina terá na vida a partir de agora.
A começar pelo básico: visita a um
médico ginecologista é fundamental e urgente.
Como foram as condições em que essa jovem
engravidou devem ser examinadas, assim como suas
condições de saúde para enfrentar a
gestação.
Por mais forte que seja e mais saudável, exames
serão necessários assim como um
pré-natal cuidadoso.
A gravidez na adolescência envolve riscos: maior
incidência de anemia materna, pressão alta, parto
complicado, infecção urinária,
prematuridade do bebê, infecções
pós-parto, etc.
Em seguida, uma conversa com a filha e, se possível, com o
pai do bebê. Chamar os dois para suas responsabilidades em
relação ao filho que vai nascer é
indispensável: não cabe aos futuros
avós assumirem essa maternidade/paternidade.
Aliás, as duas famílias devem se conhecer e
conversarem sobre os rumos que devem ser dados.
De toda forma, o que é básico é se
lembrarem de que esta é uma situação
que ocorreu por falta de responsabilidade desses jovens, falta de
vivência das consequências de seus atos em
situações anteriores e não
é interessante repetir os mesmos erros.
Deixem seus filhos, tanto a jovem grávida quanto o pai do
bebê, aproveitarem dessa situação para
crescerem e amadurecerem, buscando soluções de
como farão para criarem seu filho.
Ajudem com orientações, mas deixem que eles
procurem as soluções.
Em geral, adolescentes estudam meio período: podem,
portanto, buscar trabalho de meio período e se revezar no
cuidado com o filho.
Essa criança precisa dos pais como todas as
crianças. E precisa de avós, mas no papel de
avós e não de pais
“postiços” como vemos tantos por
aí.
Sinalizem claramente que estão dispostos a ajudar, mas
não a fazer por eles o que é de sua
responsabilidade.
Um último lembrete: continuar os estudos é
fundamental, mesmo pelo fato de que se a jovem parar, depois que tiver
o bebê será difícil retornar
à escola.
No Brasil, apenas 30% de adolescentes que tinham engravidado voltaram e
concluíram os estudos. É dos estudos que depende
o futuro profissional e, entre tantas responsabilidades, essa
não pode nunca ser esquecida.
E que fique aqui um alerta a quem tem filhas: esclarecimento sobre sexo
nunca é demais, pois o número de jovens
grávidas na adolescência tem aumentado e a faixa
etária das gestantes diminuído.
Seja por que a mídia exagera na
erotização do corpo ou por que a atividade sexual
na adolescência vem se iniciando cada vez mais precocemente,
as consequências indesejáveis, tais como o aumento
da frequência de doenças sexualmente
transmissíveis (DST) e a AIDS, a gravidez indesejada nessa
faixa etária vem crescendo e trazendo problemas muitas vezes
trágicos e insolúveis.
Maria
Irene Maluf é
Especialista em Psicopedagogia e Educação
Especial. Editora da revista Psicopedagogia da ABPp. Coordenadora do
Nucleo Sul/Sudeste dos cursos de Especialização
em Neuroaprendizagem e Transtornos do Aprender do Grupo
SaberCultura/FACEPD. Site: www.irenemaluf.com.br