Universo Escolar
 

A Gravidez Precoce e a Adolescência - 24/09/2012
Maria Irene Maluf

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Uma das questões que mais afligem os pais de adolescentes é a gravidez precoce.

Essa preocupação é compreensível sob todos os pontos de vista: o organismo da jovem não está pronto para a maternidade, que também não está amadurecido psicologicamente para assumir uma responsabilidade desse porte. Além disso, ela não é financeiramente autônoma, não tem profissão e nem ao menos completou seus estudos.

Geralmente, não tem um relacionamento afetivo estável, não consegue manter sozinha uma vida organizada e pela própria situação criada, percebe-se que não sabe se cuidar, colocando a própria vida em risco por não ser precavida.

Calcula-se hoje que cerca de 20% da população brasileira seja de adolescentes (jovens entre 10 a 19 anos), e que nesta faixa etária a incidência da gravidez esteja entre 14 e 22%,o que é um número preocupante.

Mas, se a nossa adolescente está grávida, agora é a vez dos adultos da família tomarem as medidas para que os problemas não piorem, não se tornem ainda mais complexos e traumáticos para todos.

Convenhamos que receber a notícia que normalmente traz tanta alegria, nesse caso, surpreende e assusta, pois não raro se vê meninas de menos de quinze anos acreditando que ter um bebê é como se vê nas novelas...e seus pais sabem que não é assim!

Mas brigar, repreender, bater, expulsar de casa, está fora de cogitação: a solução é sentar, conversar e tentar saber o máximo possível para ajudar, orientar e diminuir o impacto que essa menina terá na vida a partir de agora.

A começar pelo básico: visita a um médico ginecologista é fundamental e urgente.

Como foram as condições em que essa jovem engravidou devem ser examinadas, assim como suas condições de saúde para enfrentar a gestação.

Por mais forte que seja e mais saudável, exames serão necessários assim como um pré-natal cuidadoso.

A gravidez na adolescência envolve riscos: maior incidência de anemia materna, pressão alta, parto complicado, infecção urinária, prematuridade do bebê, infecções pós-parto, etc.

Em seguida, uma conversa com a filha e, se possível, com o pai do bebê. Chamar os dois para suas responsabilidades em relação ao filho que vai nascer é indispensável: não cabe aos futuros avós assumirem essa maternidade/paternidade.

Aliás, as duas famílias devem se conhecer e conversarem sobre os rumos que devem ser dados.

De toda forma, o que é básico é se lembrarem de que esta é uma situação que ocorreu por falta de responsabilidade desses jovens, falta de vivência das consequências de seus atos em situações anteriores e não é interessante repetir os mesmos erros.

Deixem seus filhos, tanto a jovem grávida quanto o pai do bebê, aproveitarem dessa situação para crescerem e amadurecerem, buscando soluções de como farão para criarem seu filho.

Ajudem com orientações, mas deixem que eles procurem as soluções.

Em geral, adolescentes estudam meio período: podem, portanto, buscar trabalho de meio período e se revezar no cuidado com o filho.

Essa criança precisa dos pais como todas as crianças. E precisa de avós, mas no papel de avós e não de pais “postiços” como vemos tantos por aí.

Sinalizem claramente que estão dispostos a ajudar, mas não a fazer por eles o que é de sua responsabilidade.

Um último lembrete: continuar os estudos é fundamental, mesmo pelo fato de que se a jovem parar, depois que tiver o bebê será difícil retornar à escola.

No Brasil, apenas 30% de adolescentes que tinham engravidado voltaram e concluíram os estudos. É dos estudos que depende o futuro profissional e, entre tantas responsabilidades, essa não pode nunca ser esquecida.

E que fique aqui um alerta a quem tem filhas: esclarecimento sobre sexo nunca é demais, pois o número de jovens grávidas na adolescência tem aumentado e a faixa etária das gestantes diminuído.

Seja por que a mídia exagera na erotização do corpo ou por que a atividade sexual na adolescência vem se iniciando cada vez mais precocemente, as consequências indesejáveis, tais como o aumento da frequência de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e a AIDS, a gravidez indesejada nessa faixa etária vem crescendo e trazendo problemas muitas vezes trágicos e insolúveis.

Maria Irene Maluf é Especialista em Psicopedagogia e Educação Especial. Editora da revista Psicopedagogia da ABPp. Coordenadora do Nucleo Sul/Sudeste dos cursos de Especialização em Neuroaprendizagem e Transtornos do Aprender do Grupo SaberCultura/FACEPD. Site: www.irenemaluf.com.br

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