Há diferentes formas de se falar do líder
contemporâneo.
Em um cenário cada vez mais complexo do ponto de vista da
economia, da cultura e da ética, as
atenções naturalmente se voltam para a
identificação de lideranças capazes de
nos conduzir diante de um cenário de incertezas.
Isso vale – e como vale – para o universo da
Educação.
A escola, como uma orquestra ou time, precisa de uma
liderança clara, sem dúvida.
Mas essa não é uma questão simples,
uma vez que precisamos saber de que tipo de liderança
estamos falando.
No mundo atual, muito diferente do que em tempos passados, o
líder não é necessariamente uma
“mão de ferro”, que decide
unilateralmente os rumos a serem tomados.
A complexidade das decisões é tamanha que os
especialistas em administração têm
chamado a atenção para uma face até
então pouco evidente do líder: a sua capacidade
de servir. Sim, servir.
Cada vez mais, um bom líder é aquele que trabalha
a serviço do seu time: é capaz de convencer sem
autoritarismo, de fazer assomar o talento de seus liderados, de reunir
perfis diferentes de pessoas em torno de um mesmo ideal e provocar um
consenso produtivo e unificador.
Ele está ali para que as pessoas consigam atingir o melhor
de si, desempenhando suas funções da melhor
maneira possível.
Nessa perspectiva, as relações humanas que se
estabelecem entre líderes e subordinados tornam-se menos
verticais e mais horizontais.
Os méritos são de todos, bem como os insucessos
(o que não significa dizer que as responsabilidades
são sempre coletivas).
Mas a palavra de ordem deixa de ser a
“competição”, muitas vezes
autofágica, para ser a
“colaboração” – ou
seja, o trabalho em equipe.
É preciso que se diga que esse conceito não
é de fácil assimilação no
ambiente escolar, até porque as práticas de
gestão das instituições de ensino
tendem a se arraigar no passado, sendo, em geral, conservadoras.
A ideia de “serviço” é algo
que tradicionalmente se volta para o empregado, não para
quem está no topo da cadeia hierárquica.
É ao menos saudável começar a refletir
sobre isso.
Afinal, acima de tudo está o sucesso do empreendimento e da
sua missão.
A função das equipes – e do
líder – não é obedecer a
regras e ordens cegamente, mas, sobretudo, pensar no desenvolvimento
global da organização.
E, para isso, é preciso mais do que uma boa
cabeça: mãos, braços, pernas,
coração e mente devem andar juntos.
Francisca
Paris é pedagoga,
mestra em Educação e diretora de
serviços educacionais do Ético Sistema de Ensino
(www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva.