Novos recursos tecnológicos? Primeiramente, para os alunos
mais velhos. Laboratórios de ciências
sofisticados? Melhor priorizar o Ensino Médio.
Formação de professores? Ah! Formaremos
inicialmente os professores especialistas...
Ao longo do tempo, as escolas geralmente focaram os principais
investimentos nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino
Médio.
Isso ocorre por diversas razões, entre elas, pela
crença de que o trabalho pedagógico nesses
segmentos é mais complexo e que há uma demanda
mais clara das famílias e da sociedade por qualidade de
ensino.
Entretanto, é muito importante rever essas ideias. Os
avanços da ciência e da pedagogia vêm
mostrando que é essencial concentrar esforços
também na educação de
crianças pequenas.
A escola de Educação Infantil é,
muitas vezes, o primeiro espaço público com o
qual os pequenos entram em contato.
É neste palco privilegiado da vida coletiva que eles se
encontram com o conhecimento elaborado.
Dele, espera-se que eles se apropriem em um movimento
contínuo e se exercitem como pessoas do mundo.
É nesse espaço público que se pode
valorizar a construção de repertório,
o desenvolvimento do pensamento lógico e a
formação de valores e atitudes positivas, entre
outras possibilidades que terão impacto para sempre.
A educação escolar é um longo processo
que se fundamenta na diversidade de experiências culturais,
educativas, intelectuais e sociais durante toda a vida escolar de uma
criança.
Ainda que os argumentos pedagógicos não sejam
suficientes para a reflexão a respeito da
importância de maiores investimentos na
educação de crianças pequenas, pode-se
pensar no atendimento às expectativas das
famílias.
Com as tendências de estabilização ou
queda das taxas demográficas e o aumento da
concorrência, elas vêm buscando projetos de uma
educação “mais completa e
abrangente” para seus filhos desde o primeiro momento.
Então, os pais ou responsáveis pelas
crianças procuram escolas já de olho em seus
futuros: se confiarem no projeto, permanecem; se não
estiverem convencidos, partem para aquelas escolas que oferecem
propostas mais consistentes.
Para que se construa uma educação de qualidade,
é urgente superar o nosso olhar
“adultocêntrico”, como diria a educadora
e doutora em psicologia Telma Weisz.
É também urgente estabelecer coerência
entre o que consta nos documentos oficiais e o que se realiza no
ambiente escolar, assim como é urgente acreditar na
importância do investimento – humano e material
– nas escolas de Educação Infantil.
Anita
Adas
é pedagoga,
mestre em educação escolar e coordenadora
pedagógica do Ético Sistema de Ensino
(www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva.