A agressividade é um
sentimento natural e comportamentos
agressivos são relativamente comuns entre as
crianças de 1 a 3 anos, pois estas ainda não
aprenderam a controlar seus sentimentos e
reações, especialmente a
frustração e a raiva que deles decorrem.
Entretanto, ninguém aprende sozinho a dominar sua
agressividade: é preciso que os pais e os profissionais da
educação que lidam com essa faixa
etária estejam atentos, observando constantemente a maneira
como os pequenos começam a se relacionar com coleguinhas e
com os adultos.
E também, é claro, é importante que
pais e professores se prepararem para interferir quando as
mordidas, os arranhões e os tapas
aparecerem no grupo.
Demonstrações de força
física, entre crianças dessa faixa
etária, são ações esperadas
uma vez ou outra.
Entretanto, se essa conduta está presente no dia a dia, como
única forma infantil de demonstrar seus sentimentos de
desagrado, raiva, ciúmes, ansiedade e até para
chamar a atenção, de modo persistente e
difícil de ser controlada, temos que buscar caminhos para
ajudar a criança, pois algo não está
bem com o seu desenvolvimento.
Na medida em que o tempo passa, as consequências
vão surgindo, tais como uma grande dificuldade de
lidar de maneira adequada com as outras pessoas em todos os ambientes.
Sua socialização vai se tornando cada vez mais
empobrecida, permeada de múltiplos problemas de
relacionamento e, decorrente a isso, sua autoestima fica
diminuída e frequentemente até sua escolaridade
é prejudicada.
Algumas vezes, este comportamento é resultado de uma
disciplina familiar excessivamente severa ou, ao contrário,
muito negligente. Ainda, pode ser consequência da
vivência diária da violência familiar.
O que fazer em casa e na escola para desde bem cedo ensinar os pequenos
a demonstrar de uma forma menos violenta os seus sentimentos de
desagrado?
Primeiro, quando o bebê começar a bater no rosto
dos pais, lembrar-se de que isso pode parecer engraçado da
primeira vez, mas que, por conta dessa atitude, toda criança
vai entendê-la como de atenção e
aprovação e, com isso, ela perseverará
nesse hábito agressivo e desagradável.
Espera-se que o adulto, em vez de rir, diga
“não” de forma firme (mas calma) e
segure as suas mãozinhas, de modo que ela perceba o seu
desagrado.
O ideal para modificar esse hábito é tentar
conter a conduta agressiva antes de começar. As
crianças agem dessa forma quando querem chamar a
atenção e quando estão frustradas:
portanto, já se tem um indício de quando
poderá iniciar esse comportamento.
Se já souber falar, é importante explicar-lhe que
tapas, mordidas e arranhões machucam as pessoas, que elas
não gostam disso e vão se afastar dela.
Dizer: “Dói quando você me bate ou
dói quando você me morde”. Se a
criança persistir, mostrar seu desagrado, colocando-a no
berço ou chão se já caminhar.
Evite deixar seu filho ou aluno machucar o amigo ou o irmão.
No caso de isso acontecer, separe as crianças e atenda
primeiro o que foi ofendido.
Isso mostra ao brigão que ele perde sua
atenção quando age agressivamente.
Nunca revide no lugar da vítima e nem a estimule para que o
faça, pois você estará passando a ideia
de que a agressividade é permitida como revide, criando um
círculo vicioso.
No lugar disso, quando a situação é
repetitiva, eleja uma consequência negativa: não
dar atenção por alguns minutos sempre ensina
muito mais do que gritos ou palmadas.
Mas se apesar de seus esforços o comportamento agressivo
persistir, é melhor procurar um especialista ou o recomendar
aos pais se você for o(a) professor(a) da criança.
A experiência vem mostrando que, crianças pequenas
que não são ensinadas desde cedo a conter seus
ímpetos agressivos, tendem a continuar com esse
comportamento ao longo da infância e da
adolescência, o que as leva a ser rejeitadas pelos colegas de
classe e a se juntar a grupos em que a violência
é aceita como regra.
Isso vai gerar um problema de conduta antissocial de
proporções e consequências negativas e
muito graves.
Maria
Irene Maluf é
Especialista em Psicopedagogia e Educação
Especial, Editora da revista Psicopedagogia da ABPp, Coordenadora do
Núcleo Sul/Sudeste dos cursos de
Especialização em Neuroaprendizagem e Transtornos
do Aprender do Grupo SaberCultura/FACEPD. Site:
www.irenemaluf.com.br