Há pessoas aprisionadas e
amedrontadas dentro de si e que,
dia a dia, tentam se acostumar com a ausência da liberdade e
da paz.
Há aqueles que se negam a dizer a verdade por medo da
repreensão e, por isso, vivem amargurados e inseguros.
Há aquelas que fogem dos próprios pensamentos,
pois estes insistem em apontar fatos dos quais tentam se esquecer.
Há gente que não sabe o que é dormir
tranquilamente, pois vive em meio a pesadelos com chances
razoáveis de tornarem-se reais.
Contudo, se desde a infância fôssemos ensinados a
dizer somente a verdade, talvez essas pessoas hoje estivessem,
simplesmente, felizes.
Se tivéssemos aprendido a revelar (em vez de esconder)
nossas fraquezas e se, com isso, não tivéssemos
sido ridicularizados, talvez as clínicas médicas
hoje não estivessem tão cheias de pessoas com
enfermidades advindas de angústias do passado.
Infelizmente, nem mesmo a escola conseguiu nos ensinar que a liberdade
também depende da nossa coragem e
disposição de nos enfrentar e de encarar as
consequências dos nossos próprios
equívocos.
Ainda hoje há relatos de crianças que, quando
tiram notas baixas, são acusadas, acuadas e,
consequentemente, acometidas de um sentimento de inferioridade.
A partir disso, elas se acostumam (assim como nós) a maquiar
a verdade, a omitir fatos e a não confessar o erro, pois,
aparentemente, é mais simples escondê-lo.
Conhecedora de tudo isso, a escola pode fazer diferente, pode, por
exemplo, incentivar uma postura de autoconfiança nos alunos,
de modo que entendam que são maiores que o erro e que, por
isso, podem vencê-los.
A escola não pode ser omissa quanto a esse assunto,
não pode mostrar apenas um lado da moeda, não
pode supervalorizar aquele que sempre acerta em detrimento daquele que
tem uma postura inadequada.
Na sala de aula, é preciso sensibilidade e clareza por parte
dos professores para ensinar que se livrar da culpa e do engano,
entretanto, não é tarefa fácil, pois
não é unilateral, há mais pessoas
envolvidas e não é sempre que se pode contar com
a compreensão delas.
De qualquer modo, ou seja, mesmo que haja poucas possibilidades de
obter o perdão e a compreensão de outra pessoa,
é essencial que ele comece com a parte que, por um acaso,
tenha errado em relação a alguém.
O perdão, assim como tantas outras habilidades, é
ensinado pelo exemplo e, por isso, o professor não pode
trazer à memória erros que alunos tenham cometido
em outras ocasiões na escola.
É necessário aprender que quando um aluno comete
uma indisciplina, ele não é para sempre
indisciplinado, ele está ou esteve (estado passageiro) em
indisciplina, pois, assim como qualquer um de nós, o aluno
também precisa de pessoas que estejam dispostas a dar mais
uma chance, a não desistir dele.
Com isso, aumentam-se as chances de dias melhores e de nos envolvermos
com pessoas que sabem confessar o erro, pedir perdão e,
beneficiadas dele, sejam capazes de o fornecerem sem mágoas
e ressentimentos, ou seja, acreditando que tudo vai, de fato, melhorar.