A Educação como meio de inclusão,
desenvolvimento e ascensão social é,
reconhecidamente, a maior riqueza de um país. É o
maior legado que uma família pode deixar aos jovens, ou um
professor a seus alunos.
Também é a maior qualidade que um
cidadão pode adquirir. O Brasil avançou muito nos
últimos anos nessa área. Cresceu distribuindo
renda (o que não acontecia havia décadas), e isso
possibilitou o ingresso de mais jovens no Ensino Superior.
O número de universitários dobrou: passou de
três milhões para mais de seis milhões
de matriculados por ano. E foram abertos 126 novos campi de
universidades federais ao longo da última década.
Ou seja, o Estado vem cumprindo seu papel de indutor do crescimento.
Isso é suficiente para garantir um crescimento sustentado?
Não. É preciso consolidar o salto qualitativo na
educação – que já iniciamos.
Tudo passa, claro, pela valorização do professor,
que precisa de uma remuneração mais digna para se
aperfeiçoar, ter uma vida cultural mais ampla, comprar seus
livros, ir ao cinema...
O recente estabelecimento de um piso nacional – R$ 1.458,00
– é um estágio importante; agora,
é essencial que todos os estados o cumpram. Não
é possível que o aluno tenha um horizonte de
progresso tão superior ao do professor.
A escola pública precisa se reinventar, tornar-se mais
moderna, criativa, um espaço de inclusão e
convivência, de exposição à
diversidade e à cultura, de estímulo
às habilidades e ao desenvolvimento de
competências essenciais para o exercício da
cidadania.
Mas, para tanto, os professores precisam de
formação constante. Não podem repetir
indefinidamente só o que aprenderam como estudantes.
Qual é a saída? O grande desafio do Brasil
é ampliar a qualidade na educação, o
que só pode ser conquistado por meio de um amplo pacto entre
o governo federal, os estados e os municípios.
Um pacto que, necessariamente, envolveria a iniciativa privada e outros
parceiros da educação: ONGs, entidades
religiosas, instituições de pesquisas, empresas...
Esse pacto deve conduzir ao investimento na qualidade, a
começar pela pré-escola, já que
pesquisas internacionais demonstram que um bom ensino nessa fase
terá consequências muito positivas ao longo de
toda a vida do estudante.
Não por acaso, o governo federal projeta construir seis mil
creches em todo o país nos próximos anos.
E não há o que priorizar: é preciso
investir, ao mesmo tempo, na qualidade no Ensino Fundamental,
Médio e Superior e também na
formação de ponta, a
pós-graduação.
É preciso atenuar o desequilíbrio entre os
investimentos nos diferentes níveis do ensino
público.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) mostram
que a soma dos gastos dos governos federal, estadual e municipal em
2010 representa um investimento anual médio por aluno, nos
Ensinos Fundamental e Médio, de R$ 2,9 mil, contra
R$ 15,4
mil do Ensino Superior.
É claro que não é errado investir no
Ensino Superior, mas a discrepância é
inaceitável. É por isso que em São
Paulo, por exemplo, há diversas
manifestações de professores que clamam por
melhores condições de trabalho, mais escolas e
mais creches.
Recursos há, e a Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Educação está num
combate, dentro do Congresso Nacional, para que se aprove a
destinação de 8% e, mais adiante, de 10% do PIB
à educação.
Alguns talvez objetem com a falta de recursos para fazer frente a
tantas necessidades, mas estamos vivendo no Brasil do
pré-sal: essa é a nossa chance
histórica.
Se a aproveitarmos corretamente, criando, por exemplo, um fundo
destinado à educação, à
ciência, à tecnologia e à
inovação, podemos dar um enorme salto rumo
à consolidação do Brasil como
país desenvolvido, a exemplo do que fizeram
países como a Noruega ao descobrir grandes reservas de
petróleo.
Já há diversos projetos em
tramitação no Congresso a respeito da melhor
destinação dos recursos do pré-sal.
É preciso que não se trate apenas de mais uma
fonte de commodities a serem negociadas no mercado internacional, mas,
sim, o passaporte do Brasil para uma viagem definitiva ao
desenvolvimento.
Gilberto
Alvarez Giusepone Jr., o
professor Giba, é professor, autor do material de
Física do Sistema de Ensino do Cursinho da Poli (SP) e
diretor da instituição.