A Semana - Opiniões
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Momento de Ficar Sozinho - 17/04/2012
A Solidão como Oportunidade de Reflexão

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Moça sentada apoiando a cabeça num sofá próximo a flores vermelhas

Sei que é ruim se sentir sozinho, mas há vários momentos que isso, necessariamente, acontece.

Ali, num canto qualquer e aparentemente abandonados, a vida nos dá a chance de organizar os sentimentos, os pensamentos, enfim, é hora de colocar a “casa em ordem”.

Às vezes, não queremos entender isso, queremos e até mesmo precisamos de alguma palavra amiga, mas há situações que elas, simplesmente, não acontecem.

As pessoas, tão falhas como qualquer de nós, não são capazes, por mais que tentem, de aliviar a dor que sentimos quando alguém que amamos precisa partir.

Palavras, por si só, são insuficientes nesses momentos, pois o nosso interior grita pelo retorno desse alguém ou de algo que se foi, ou seja, daquilo que tanta falta vai nos fazer.

O que são palavras nesses momentos se dentro de nós nada parece no lugar?

Um abraço, um olhar ou a simples presença de alguém podem amenizar um pouco o que estamos sentindo, mas nada vai substituir aquele momento que teremos de ficar sozinhos, acompanhados apenas de nossos próprios medos e incertezas.

Tudo parece confuso e, infelizmente, parece que a dor não terá fim.

Bom, não tendo fim, somos obrigados a aprender a conviver com ela, seguindo a vida como fazíamos antes.

Em meio a suspiram que revelam a dor que tentamos sufocar dentro de nós, tentamos retomar nossas atividades buscando nelas uma alternativa de fuga.

Contudo, após o fim do expediente, quando precisamos voltar à nossa casa, tudo volta à nossa mente, confrontando-nos com a realidade fria e cruel dos fatos.

O momento de ficar sozinho vai chegar mais uma vez e o que se tem a fazer é encará-lo, é tentar chorar mais um pouco para, quem sabe, dar um passo a mais para vencer as angústias que tomam conta do nosso interior.

Algumas vezes, negamos a nós o direito de administrar nossa vida, retomando-a em seus diversos setores, como se, ao retomá-la, estivéssemos fazendo pouco de tudo o que aconteceu.

Mas não, infelizmente pouco podemos fazer diante de fatos consumados.

Esconder as nossas dores não vai fazer o tempo voltar e nos dar mais uma chance para, pelo menos, abraçarmos mais um pouco a pessoa que se foi...

Fechar o semblante, tampouco, mudará qualquer coisa que tenha acontecido.

Gritar, correr, desesperar-se... Tudo parece inútil, nada faz diminuir o que estamos sentindo.

É, então, momento de ficarmos sozinhos, as pessoas agora, talvez, não possam nos ajudar na proporção que estamos precisando.

Mas pessoas são ajudadas por outras pessoas, se assim houver permissão entre as partes.

Falar do que aconteceu ajuda muito, escrever um diário poderá nos ajudar a organizar nossos pensamentos.

Entender que não somos os únicos a sentir essa dor e que a ausência de algumas pessoas que deveriam estar conosco para nos ajudar em momentos difíceis pode nos ensinar alguma coisa.

Há momentos que precisamos estar em grandes eventos, em festas, em reuniões, mas há outros momentos que a vida nos deixa só para que o silêncio da aparente solidão nos ajude a organizar “nossa casa”.

A vida é mesmo assim, infelizmente todos nós teremos que viver momentos de espinhos nesse mar de rosas que dia a dia tentamos conquistar para nós e nossos filhos.

Quando tivermos que fixar sozinhos, que tenhamos forças para conseguirmos nos organizar, secar as lágrimas e nos dar o direito de continuar com ou sem a presença da dor.

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