Na vida, tudo depende do que há dentro de você,
tudo o que, de uma forma ou de outra, um dia entrou e ocupou
espaço em seu interior.
As nossas importâncias regem os nossos desejos e aquilo que,
consequentemente, somos ou queremos ser.
Por causa de conteúdos não administrados, muitas
vezes não há palavras e conselhos que sejam
capazes de nos impedir de fazermos alguma coisa.
Alguém já disse que somos a segurança
do nosso não e o resultado do nosso sim, ou seja, somos o
que nos permitimos ser.
Dentro de você, há pensamentos e
considerações que, advindos de
circunstâncias com intenções duvidosas,
podem levá-lo a caminhos tortuosos que nem os pés
mais habilidosos conseguiriam andar.
São conceitos que vêm de trechos de filmes, de
conteúdos insanos de novelas, de aplausos pela morte fria e
lenta de um vilão, de frases impensadas de pessoas que
“explodiram” em ira, de cenas em que a
violência não pareceu tão
séria ou até mesmo justificada...
Enfim, há em você muito mais do que se pode
à primeira vista imaginar e, por isso, é
necessária uma autoadministração.
São significados que, na maioria das vezes, não
foram alvos de muita atenção, pois não
se queria naquele momento envolver-se com eles, aliás,
parece que sempre temos coisas mais importantes para nos ocupar do que
simplesmente com o que ouvimos e aceitamos de
“relance”.
Contudo, querendo sim ou querendo não, estão
dentro de nós e, quando menos se perceber, podem refletir em
ações e nas formas como as coisas são
vistas e consideradas.
As inseguranças, os temores, os receios, as saudades, a
vontade de gritar...
O desejo de ter uma vida diferente, a
insatisfação pela rotina vivida hoje, a
ausência que não se quer aceitar...
O fim que não encontra um recomeço, a dor que
parece não acabar, as noites maldormidas...
São, enfim, conceitos, considerações e
pensamentos que povoam nosso interior em busca de evasão, os
quais desde já precisam de moldagem, de trabalho, de
administração pessoal.
Não estamos acostumados a refletir, não temos
tempo para isso, parece que vivemos por viver, tal como robôs
programados a uma determinada tarefa.
Seguimos nossa rotina e não esboçamos nenhuma
reação diante das lágrimas e
sofrimentos de outras pessoas, estamos neutralizados, acostumados
à violência, principalmente quando ela
não bate em nossa porta.
Se não tivermos tempo para nós, para darmos
tratamento a tudo o que ouvimos e vemos, tudo isso chegará a
ocupar mais lugar dentro de nós do que pensamentos bons e
desejo de dias melhores para nossas crianças.
A esperança dará lugar ao pessimismo, o amor
simplesmente não existirá, a lei do
“olho por olho e dente por dente”
ganhará formatos nunca antes imaginados, a
violência será corriqueira e não
causará nenhuma compaixão...
Tudo pelo fato de termos, simplesmente, nos acostumados a conceitos que
entraram em nós por meios tão tênues,
mas que agora tomaram espaços muito maiores em
nós.
O que assusta é que já vemos reflexos desse mal
em nosso meio. Muitos de nós, inclusive, assistem aos
violentos noticiários, enquanto jantam após um
dia cansativo de trabalho.
É preciso dar um basta, o silêncio diante de uma
inverdade é tão prejudicial como a
negligência diante da necessidade de socorro de
alguém.
É preciso alimentarmos nosso interior com desejo de
justiça, com esperança no ser humano e, ainda
mais do que isso, com disposição para buscarmos a
paz em nosso meio.
É preciso dar um basta, um ponto-final em tudo aquilo que
quer tomar o lugar dos bons conselhos dados pela nossa
família, pelos nossos professores, por aquelas pessoas que,
de fato, querem o nosso bem.