É fevereiro! O ano recomeça depois de
planejamentos, redefinições, novas metas para as
pessoas e para a equipe. Entretanto, para que tudo seja realmente novo,
é preciso que aconteça uma
transformação interna especialmente importante na
educação: a mudança do olhar.
Pode parecer uma lição de autoajuda, mas
é bem mais do que isso. Nos últimos anos,
diferentes pesquisas vêm confirmando que, na
educação, uma porcentagem significativa do
sucesso escolar deve ser creditada às expectativas expressas
pelos adultos (educadores e pais) e percebidas pelas
crianças e jovens. Quanto mais o aluno se sente em um
ambiente de confiança, mais longe chegará.
Essa constatação é importante porque
representa uma inversão de certezas que estão
arraigadas na cultura escolar. Com assustadora frequência, os
professores identificam – consciente ou inconscientemente
– aqueles alunos com maior possibilidade de sucesso e os que
desde logo estão desenganados.
Ao fim do ano, quando as expectativas se confirmam, o educador pode
até achar que seu feeling estava correto. No entanto, agora
sabemos que, na maioria das vezes, aconteceu uma profecia
autorrealizada.
Foi justamente o julgamento prévio, todos os sinais que dele
decorreram e do olhar desanimado à virtual
desistência que impactaram no desenvolvimento do aluno,
afinal, convencido de que não poderia se sair bem mesmo. Um
diagnóstico tão duro quanto verdadeiro.
Assim, precisamos lembrar que o aluno que volta às aulas em
fevereiro não chega “zerado”, mas traz
consigo o histórico de suas experiências de
aprendizagem anteriores. Seu grau de confiança em si mesmo
será fortemente influenciado pelo que espera de si e pelo
que sente daqueles com quem convive.
Do mesmo modo, esse aluno sabe que na cabeça dos
coordenadores e professores já há uma imagem
prefixada, à qual ele pode tentar corresponder, em um
círculo virtuoso para uns e terrivelmente prejudicial para
outros.
Por isso, não basta mudar as estratégias de
ensino. Antes, devemos fazer o exercício de limpar nosso
hardware de certezas que podem não ser tão exatas
assim... No contato com a família, essa
orientação também deve estar presente.
A escola é um espaço que deve ser cercado e
protegido por referências positivas, que começam
ainda em casa e se estendem até o interior da sala de aula.
Por isso, para plantar um 2012 de sucesso, do ponto de vista da
educação, é preciso garantir que
nós seremos capazes de depositar em nossos alunos a
confiança que todo ser humano merece.
A criação de um clima de confiança
para o retorno às aulas, na escola, é, em
última instância, uma
celebração das possibilidades de
mudança e de aprimoramento pessoal a que todos aspiramos.
Francisca
Romana Giacometti Paris
é Pedagoga, Mestre em Educação,
diretora Pedagógica do Agora Sistema de Ensino
(www.souagora.com.br) e do Ético Sistema de Ensino
(www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva, e ex-secretária
de Educação de Ribeirão Preto (SP)
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