Como Folhas Secas Levadas pelo Vento - 30/01/2012
Retomada da Direção
Parece que nada do que
falamos ou
fazemos é levado a sério, pois ninguém
se interessa se estamos bem ou não.
Normalmente, as pessoas
tendem a
mostrarem indiferença quando o assunto não
é com elas, passam por nós e, quando
muito, reparam nos nossos olhos vermelhos pela noite em claro.
Precisamos compartilhar
o que
sentimos, o que queremos, mas sem perder de vista o que desejamos para
um
futuro próximo, o que queremos, de fato, viver daqui para
frente.
Às vezes, o
sentimento de solidão
e abandono é tão grande que queremos que as
pessoas se importem, pelo menos um
pouquinho, com aquele mal-estar passageiro que sentimos dias antes, mas
elas, infelizmente,
dificilmente vão se importar.
Agimos, muitas vezes,
como uma
criança que nos mostra um machucadinho bem pequeno para
ganhar nosso cuidado e
nosso afeto, mas, diferente de uma criança, o que estamos
apresentando aos
outros são mostras de um isolamento que é, por
consequência, agravado pelas
feridas causadas nos momentos de dor que tivemos de viver.
Embora todo esse quadro
ser
perceptível a olho nu, as pessoas, geralmente, pouco se
importam se estamos ou
não em desvantagem ou, simplesmente, sensibilizados por algo
que acaba de nos
acontecer.
Como folhas secas
jogadas ao ar
numa tarde de verão, carregadas para lugares incertos e
desconhecidos por nós,
assim nos sentimos ao ver o pouco caso que nossas dores causam em
pessoas que
temos contato diariamente.
Muitas vezes, queremos
apenas que
elas exprimem um gemido, deem um olhar de compaixão, falem
algo como “se cuide,
viu?”, mas inúmeras vezes somos surpreendidos pela
apatia e pelo desdém que
tomam conta de toda uma vida.
Como resposta a tudo
isso,
aprendemos muito rapidamente com essas pessoas e passamos a agir como
elas,
perpetuando um círculo de grosserias, indelicadezas e
insensibilidades.
Agindo assim, estamos,
novamente,
reagindo aos impetuosos ventos que nos levam a lugares que nem sempre
queremos
ir.
Deixamos que os
estímulos
externos governem sobre nós e, em vez de assumirmos o
controle real de nossas
vidas, simplesmente vamos deixando os anos se passarem e levarem com
eles todo
o nosso vigor e disposição de, pelo menos, tentar
alterar o curso dessa
história.
Ora, não
somos folhas secas e,
como seres capazes de reassumir a autoria da nossa história
que está sendo
escrita dia a dia, temos de reagir, nem que para isso tenhamos que
enfrentar
assuntos um pouco desconfortáveis para nós.
Reassumir a autoria
envolve muito
mais do que possamos perceber num primeiro toque, num primeiro momento.
Envolve repensar os
momentos que
agimos por impulso, os momentos que perdemos a
educação diante de algum fato,
os momentos que, sim, estávamos errados na mensagem que
acabou sendo entendida
incorretamente por alguém, sobre a qual não
esboçamos nenhuma atitude.
Além disso,
consequentemente
envolve entendermos que, de um modo ou de outro, também
falhamos a respeito de
algo ou alguém, mas, em vez de nos entendermos como
vítimas, termos consciência
que também é nosso papel irmos em busca do que
queremos conquistar.
Essa conquista, por sua
vez, não
é palpável no começo, mas,
à medida que o tempo vai passando, ela será
evidenciada nos pequenos gestos de outras pessoas, estas que
são prêmios
incalculáveis da nossa vitória sobre a
indiferença e o pouco caso.
Conquistar pessoas
é maior, mais
nobre e mais feliz do que se pode, com palavras, mensurar e, por isso,
vale a
pena tentar mais uma vez.
Mesmo em meio aos mais
fortes e
impetuosos ventos, é imprescindível que estejamos
conscientes de que nossa
jornada é composta por momentos que parecem fugir ao nosso
controle, mas não se
esqueça que é você que deve estar
sempre na direção, escolhendo o percurso que
deseja seguir e, muito mais do que isso, escolhendo se quer ou
não ter a
companhia de pessoas, as quais podem ser conquistadas, dia a dia, por
você.
Reflita, decida-se,
recupere o
tempo perdido sob o comando de ventanias que levaram você a
lugares, hoje,
incompreendidos.
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