A educação está para o jovem como este
está para a vida: em estado de urgência.
O emaranhado de questionamentos e mudanças comuns na fase da
adolescência não deveria impedir o jovem de ter
uma certeza na vida: a de que a educação
é o único caminho que ele deve trilhar
até o fim, a única plataforma para uma vida
melhor e mais digna.
Só que o Brasil, infelizmente, ainda não
alcançou padrões aceitáveis, em termos
educacionais, para um país com
aspirações de potência mundial.
Veja-se, por exemplo, o relatório divulgado recentemente
pelo Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef) sobre a situação
escolar dos jovens brasileiros.
O documento revela que cerca de 20% dos adolescentes entre 15 e 17 anos
estão fora da escola – um dado mais do que
alarmante – e identifica a pobreza na origem dessa realidade.
A extrema pobreza, por exemplo, afeta 11,9% de meninos e meninas de 12
a 17 anos num país onde vivem hoje 21 milhões de
jovens nessa faixa etária.
Para quebrar o ciclo vicioso da pobreza e da desigualdade do Brasil,
devemos aproveitar os próximos anos de esperado crescimento
econômico para ampliar a inclusão educacional dos
jovens provenientes dos extratos sociais menos favorecidos.
É preciso investir cada vez mais na
universalização do ensino de qualidade, na
qualificação profissional e na
valorização dos professores. Temos que alargar o
escopo dos programas sociais criados pelo governo federal, como o
Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego), o Prouni (Programa Universidade para Todos) e o Fies
(Financiamento Estudantil).
Mas como fazer isso? Um dos instrumentos mais importantes é
o Plano Nacional de Educação (PNE) –
documento que estabelece 20 metas para a educação
brasileira na próxima década e que
está tramitando no Congresso Nacional.
O PNE precisa aumentar substancialmente os investimentos na
Educação, dos atuais 5,7% do PIB (Produto Interno
Bruto) para cerca de 10% do PIB. Sem isso, como demonstram
vários estudos, não será
possível erradicar o analfabetismo do país no
médio prazo, nem melhorar sensivelmente a qualidade dos
atuais padrões da educação brasileira.
É sabido que problemas crônicos da sociedade
moderna – como o desemprego e a criminalidade –
têm suas raízes mais profundas ligadas
à questão da educação, ou
à falta dela. Sob essa ótica, a
situação atual do adolescente brasileiro
– fora da escola, em risco de evasão ou de ficar
retido no ensino fundamental – é
inadmissível para um país que fez da
inclusão uma bandeira de toda a sociedade.
Com uma educação melhor e mais inclusiva, o
Brasil terá cada vez mais condições de
formar cidadãos aptos a viver em sociedade, envolvendo-se
com a coletividade e desenvolvendo um espírito republicano.
Assim, estaremos criando as bases para construir um país
mais justo e solidário.
Gilberto
Alvarez Giusepone Jr.
é professor, autor do material de Física do
Sistema de Ensino do Cursinho da Poli (SP) e diretor da
instituição.