Para se ter as qualidades
necessárias e
desejáveis, todo relacionamento deve começar num
exercício interno, num relacionamento intrapessoal.
A imagem que passamos aos outros é uma
consequência do que somos, do que estamos buscando, do que
queremos para nós e para os outros à nossa volta.
Uma falha no relacionamento intrapessoal pode nos impedir de
conhecermos, de fato, muitas de nossas principais
características.
Ora, não é possível trabalharmos algo
que não conhecemos, não é
possível darmos contornos e moldes ao que não
fomos capazes de identificar.
Nossos medos, angústias, desesperos e impaciências
podem ser visíveis a outros em momentos muito inoportunos e,
para não corrermos esse risco, um dos caminhos é
encararmos o que gera em nós tais sentimentos.
Desejos não atendidos geram
frustrações, desconfortos e mau humor, este
entendido como uma grande fonte de grosseiras e palavras ditas em
momentos inadequados, tornando-se uma grande “bola de
neve”.
Conhecer-nos é mais importante do que possa à
primeira vista parecer, pois nosso externo é apenas um
simples reflexo do que somos internamente.
Identificar as características de nossa personalidade
é um caminho para um relacionamento saudável
conosco, garantindo um pouco mais de tranquilidade ao colocarmos a
cabeça sobre o travesseiro.
Para começarmos o exercício do intrapessoal,
devemos começar não fugindo do que sentimos, mas
limitando-nos a entender que nem todas as nossas vontades
poderão ser satisfeitas.
Inclusive, isso é muito bom para entendermos que temos
limites e que para uma vida realmente saudável em todos os
aspectos, e não apenas no corpo físico,
precisamos atender e aprender com os princípios de Deus.
Quando nos iramos com algo ou alguém, por exemplo,
é um bom momento para identificarmos o porquê
dessa reação e, ainda, colocarmos em
balanças fiéis, e não nas manipuladas
pelas nossas tendências, tudo aquilo que fez com que
agíssemos de determinado modo.
Colocar os nossos porquês em balanças
fiéis é, entre outros, não nos
apegarmos a modismos apregoados por desconhecidos, tais como muitos
“famosos” conteúdos da mídia
brasileira.
Pode ser, também, encararmos nossas falhas, nossas
incapacidades de entender que nem tudo pode ser feito nos nossos
moldes. Aqui falo da sala de aula, local em que muitos se juntam para
aprender e, sem dúvidas, ensinar.
Muitas vezes quando sentimos um desconforto, tendemos a mudar a
direção dos nossos olhos, atentando-nos a algo
mais confortável de se ver e pensar.
Não, não deve ser assim nosso relacionamento
intrapessoal. Aliás, para ele ser realmente eficaz
é preciso sermos corajosos o suficiente para entendermos que
erramos, que falhamos com algo ou alguém, que agimos de um
modo que não somente prejudicou o outro como
também, e às vezes principalmente, a
nós mesmos.
Somos falhos, é verdade, mas não podemos tomar as
formas daquilo que precisa ser consertado com as devidas abordagens,
mas isso, não desanime, exige trabalho e comprometimento.
Num processo de autoconhecimento, é possível que
venhamos ficar tristes com os resultados que podem, porventura,
não ser exatamente aquilo que desejávamos.
Contudo, a tristeza não pode tornar-se inválida,
mas sim gerar em nós o desejo de “colocarmos a
nossa casa interior em ordem”.
É momento de levarmos nosso relacionamento intrapessoal mais
a sério, não deixá-lo falando sozinho,
não fazer pouco caso dele.
Quando compreendemos nossas razões, adequadas ou
não em relação a algo, temos, enfim, a
chance de nos relacionarmos com o outro de um modo mais maduro, mais
ético e mais condizente com aquilo que buscamos, de fato,
alcançar.