No peito, um vazio imenso. Nos olhos,
mais uma lágrima
dentre tantas outras. Dias e dias vão se passando e ainda
não se entende como tudo aconteceu daquele modo. As ideias
se misturam e os fatos começam a terem contornos
ilógicos, nada mais parece ser a verdade.
O vazio do peito dá lugar a um coração
cheio de lembranças, cheio de dor e que se nega a acreditar
que um dia tudo vai passar. Numa tentativa de sobreviver a tudo o que
aconteceu, agarra-se às lembranças de tempos
felizes, pois elas são as únicas coisas que
sobraram de tudo o que foi ou não vivido.
Lembra-se da companhia daquele alguém que hoje
não está mais disposto a dar sua companhia,
lembra-se de momentos que poderiam ser mais bem-aproveitados. Lembra-se
daquele último instante vivido com aquela pessoa e, mesmo
sem perceber, as cenas passam inúmeras vezes pela mente
daquele que se nega a aceitar os fatos.
Mas a vida precisa continuar e, com ela, esperanças
inexplicáveis começam a brotar mesmo em terra
tão sedenta, mesmo quando achávamos que a vida
só teria sentido ao lado daquele alguém. A dor da
ausência parece infindável, mas, diante dela,
há apenas duas alternativas:
Entregar-se à dor e às suas cruéis
consequências ou erguer os olhos, mesmo com
lágrimas, e tentar, pelo menos mais uma vez, continuar
vivendo da forma e na medida do possível de cada um.
Você já viveu momentos assim? Já passou
por situações em que tais sentimentos tomaram
conta de sua mente? Pois é, nossos alunos também
passam por isso, mas nem sempre são atendidos em suas
necessidades.
Às vezes, as circunstâncias que comove o aluno,
que o faz pensar que é o fim do caminho não
são tão graves quanto algumas
experiências vividas por nós, mas, independente da
gravidade, para o aluno pode ser difícil tanto quanto foi ou
é para nós sobrevivermos em tempos de grandes
apertos, vamos assim dizer.
Quantos de nós já nos sentimos sem
chão quando um ente querido perde o emprego, fica doente ou,
até mesmo em graus mais leves, nosso carro estraga, somos
multados, entre tantas outras possibilidades?
Nossa mente, em alguns momentos, ocupa-se apenas de um fato ocorrido
conosco e, dessa forma, queremos ser compreendidos em nossas
razões. O aluno, mesmo quando está em sala de
aula, também quer e precisa ser atendido em seus dramas,
mesmo que estes não acontecem na
proporção e tempo que estamos dispostos a
atendê-los.
Na sala de aula, muitos alunos, ainda que jovens, vivem confusos quanto
a várias questões que se veem envolvidos. Essas
questões, por exemplo, podem envolver a
separação dos pais, a perda de um animalzinho de
estimação, a ausência de
alguém que fez promessas que não cumpriu...
Enfim, os fatores são tantos, mas o professor pode ajudar
seus alunos a superá-los.
Para passar por momentos indesejáveis sem tanto sofrimento e
achando que é impossível sobreviver a eles,
nossos alunos precisam saber que tais momentos são
inevitáveis e todos, independentemente de quaisquer
aspectos, estão sujeitos a passarem por tempos
difíceis.
É importante, também, que o professor aponte a
família como base para o aluno e, mesmo que ela possa
parecer sem estrutura, em toda família tem alguém
que o aluno pode, verdadeiramente, confiar, ele só precisa
saber que essa pessoa existe e identificá-la.
Desta maneira, a escola precisa também estar consciente de
seu papel em vários aspectos da vida do aluno, pois a
não compreensão de um professor pode distanciar
facilmente a atenção do aluno quanto a quaisquer
assuntos que se desejar trabalhar.
Em contrapartida, ao abordar temas de ordem emocional, por exemplo, a
escola está construindo pontes, aproximando-se da realidade
de seus alunos, está, de fato, promovendo uma
educação mais próxima do integral, que
considera e respeita os vários setores da vida do aluno,
está, de fato, promovendo Educação de
Boa Qualidade.