Palavras-chave:
brincar, escola,
criança, aprendizagem.
Resumo
Este artigo aborda a
criança e o lúdico, bem como
a importância do brincar na educação
infantil, assim como da brincadeira e do brinquedo, bem como qual
é o papel do professor.
Ao pensar as crianças e o lúdico, o artigo
identifica como elas eram tratadas pela sociedade e quando houve
mudança nessa postura em relação
à educação e à
posição ocupada pela criança em seu
meio social.
É observada, também, a importância das
brincadeiras e dos brinquedos porque é por meio da
brincadeira
que a criança se desenvolve e adquire
situações no espaço lúdico,
o qual se tornará peça fundamental para sua
aprendizagem social.
O artigo, ainda, preocupa-se em abordar o quão importante
tornou-se o brincar para as crianças e a partir de qual
momento os educadores tomaram consciência de que a
criança necessita do brincar e, ainda, que é
brincando que a criança aprende a ser um adulto.
Introdução
A
criança
Antigamente, as
crianças eram consideradas adultas em
miniatura, ou seja, não podiam ter um comportamento infantil
e, não importando o fato de serem pequenas, elas deveriam
possuir responsabilidades. Suas vestes eram idênticas aos dos
adultos e, como tais, tinham vida social juntas a eles, participando de
festas com homens e mulheres embriagados.
Como se não bastasse, tudo era permitido na frente das
crianças e, por não fazer parte do costume da
época, não as ensinavam sobre boas maneiras e nem
hábitos de higiene.
Os pais decidiam o futuro das crianças e, se a
família a que pertenciam possuía bens, elas eram
educadas para o futuro, recebendo estudos, mas, se suas
famílias eram pobres, sua educação era
voltada para o trabalho.
Posteriormente, entendeu-se que a criança não
é um adulto pequeno, ela tem necessidades e
características próprias e vai se tornar um
adulto quando passar as etapas do seu desenvolvimento
físico, cognitivo, social e emocional.
A partir dos trabalhos de Comenios (1593), Rousseau (1712) e Pestalozzi
(1746), surge um novo “sentimento da
infância” que protege as crianças e que
auxilia este grupo etário a conquistar um lugar enquanto
categoria social.
Partindo desse conceito, a população, ou seja, a
sociedade passa a analisar a criança de outra forma,
classificando, assim, a categoria infantil.
A criança passa a ser educada em vários sentidos
para que, conforme o seu crescimento, adquira conhecimento
específico à sua idade, enquanto limites
relativos à sua idade são aplicados perante
familiares e sociedade.
Constata-se, também, que, devido à falta de
instrumentos ou objetos adequados para o ensino, nessa época
usava-se o que se tinha à mão para aplicar a
aprendizagem, chegando, inclusive, a usar doces e guloseimas em geral
com letras e números, transformando-os nos primeiros
“materiais e jogos didáticos”.
O
lúdico
O lúdico
é a forma de desenvolver a criatividade,
os conhecimentos e o raciocínio de uma criança
por meio de jogos, música, dança e
mímica.
O intuito é educar e ensinar, enquanto a criança
se diverte e interage com os outros, tornando leve e
descontraído qualquer aprendizado.
Por meio das brincadeiras, a criança ultrapassa seus
limites, impondo desafios cada vez maiores ao lúdico.
Em suas brincadeiras de faz de conta, por exemplo, ela mesma cria
situações que exijam mais de si. É por
meio das brincadeiras que as crianças passam a entender as
regras impostas, pois no próprio brincar elas se deparam com
situações afins de seu dia a dia.
Como acontece em brincadeira de mamãe e filhinha, a
criança se põe no papel de mãe e passa
a tratar a boneca como sua filha e, ao impor suas regras, passa a
compreender alguns limites e determinadas atitudes de adultos em
relação a elas.
Para Oliveira (1990), “as atividades lúdicas
são a essência da infância”.
Considerando que estas atividades ajudam a construir o conhecimento e
propiciam experiências prazerosas e benéficas para
as crianças, alguns destes benefícios podem ser
destacados:
- Desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento.
- Socialização.
- Assimilação de valores.
- Aprimoramento de habilidades.
Há várias atividades lúdicas
existentes e, dentre elas, algumas se destacam:
- Brincadeiras tradicionais.
- Jogos.
- Danças.
- Brincar de faz de conta.
Segundo Almeida, M.T. P, 2000, o brincar é uma necessidade
básica e um direito de todos. O brincar é uma
experiência humana, rica e complexa.
A criança brinca naturalmente e quase tudo se transforma em
objeto do brincar, ou seja, um pedaço de papel vira um
avião, uma caixinha se transforma em cama, entre tantas
outras possibilidades.
Tudo isso pode ser desconsiderado aos olhos dos adultos, mas brincar
é um direito de todas as crianças e
está garantido no Princípio VII da
Declaração Universal dos Direitos das
Crianças da UNICEF.
No caso, esse direito garante que... “A criança
deve ter todas as possibilidades de se entregar aos jogos e
às atividades recreativas, que devem ser
orientadas para os fins visados pela educação; a
sociedade e os poderes públicos devem esforçar-se
por favorecer o gozo deste direito”
(Declaração universal dos direitos da
criança, 1959).
Partindo da teoria, sabemos que brincar é uma atividade
fundamental para o desenvolvimento físico e mental e para o
bem-estar das crianças, devendo ser incentivado pelas
instituições escolares e pelos
órgãos públicos na forma de
espaços lúdicos apropriados.
A
importância do brincar na educação
infantil
Como já foi
mencionado, é fundamental para a
aprendizagem o fator lúdico para a criança,
considerando que as atividades trabalhadas de maneira planejada
são excelentes instrumentos do ensino-aprendizagem.
Encontramos na educação infantil um
espaço lúdico apropriado para esse
desenvolvimento, com conteúdos preparados de maneira
criativa e realização prazerosa, visando que as
crianças assimilem o conhecimento proposto.
Contudo, algumas escolas ainda trabalham apenas a mente na
escolarização, deixando de fora o
lúdico como instrumento do conhecimento.
Nos
tempos atuais, as propostas de educação infantil
dividem-se entre as que reproduzem a escola elementar com
ênfase na alfabetização e
números (escolarização) e as que
introduzem a brincadeira, valorizando a
socialização e a recriação
de experiências. No Brasil, grande parte dos sistemas
pré-escolares tende para o ensino de letras e
números, excluindo elementos folclóricos da
cultura brasileira como conteúdo de seu projeto
pedagógico. As raras propostas de
socialização que surgem desde a
implantação dos primeiros jardins da
infância acabam incorporando ideologias hegemônicas
presentes no contexto histórico-cultural. (Oliveira, 2000)
As instituições escolares deveriam propiciar
condições para a construção
do conhecimento por meio da investigação e
realização, fatores importantíssimos
para a criança no processo de aprendizagem.
Brincadeiras
e brinquedo
Brincadeira
A brincadeira é
uma situação
importante vivenciada pelas crianças e este
exercício lúdico proporciona descobertas de novos
conhecimentos e desenvolvimento de muitas habilidades de forma natural
e agradável.
Ao brincarem, as crianças estão mais aptas a
desenvolverem bons sentimentos, partilharem, sociabilizarem-se,
respeitarem-se mutuamente e obedecerem a regras.
A brincadeira oferece a elas a oportunidade de se prepararem para o
futuro e experimentarem o mundo que as rodeia.
“Todos
nós conhecemos o grande papel dos jogos para a
criança, pois ela desempenha a
imitação. Com muita frequência, estes
jogos são apenas um eco do que as crianças viram
e escutaram dos adultos, isso não obstante a estes elementos
da sua experiência anterior nunca se reproduzirem no jogo de
forma absolutamente igual e como acontecem na realidade. O jogo da
criança não é uma
recordação simples do vivido, mas sim a
transformação criadora das impressões
para a formação de uma nova realidade que
responda às exigências e
inclinações da própria
criança.” (Vygotsky, 1999:12)
Brinquedo
Para
a autora Kishimoto (1994), o brinquedo é considerado um
“objeto de suporte da brincadeira”.
O brinquedo é na verdade o objeto usado como metodologia
para a criança por meio de
representações, ou seja, a
imaginação passa a representar o momento vivido
ou impõe à criança o adentrar no mundo
real
É o que ocorre nas brincadeiras em que são
representados o médico, o dentista, o cozinheiro, o papai e
mamãe, a professora, o circo, o piloto de avião,
o carrinho, o caminhão, a fazendinha, o cowboy etc.
Podemos citar, entre outros, os jogos de
quebra-cabeça que desenvolvem o raciocínio
lógico da criança, assim como os de tabuleiros
que desenvolvem a compreensão de números e
operações matemáticas.
Constata-se, também, a tradicionalidade e universalidade das
brincadeiras que podem ser vistas nos povos antigos e distintos como os
da Grécia e do Oriente, os quais utilizavam brincadeiras
como a amarelinha, empinar papagaios e jogar pedrinhas.
Observa-se que até hoje as crianças se utilizam
desses jogos para se divertirem por meio de conhecimentos
empíricos.
A criança de 2 a 4 anos começa a desenvolver a
brincadeira do faz de conta quando, no brincar, ela altera os
significados dos objetos, expressando os seus sonhos e o seu faz de
conta.
O faz de conta, inclusive, vem de alguma situação
ou experiência anterior vivida pela
criança.
Ao longo do tempo, o brinquedo ganhou posição
importante como instrumento facilitador da aprendizagem e muitas
práticas pedagógicas se beneficiaram deste fato.
O
professor
Os educadores passam a
observar que as crianças usam as
brincadeiras como uma forma de aprendizagem, demonstrando por elas o
que o adulto faz no seu dia a dia.
O professor tem um papel muito importante na
educação, pois ele é o mediador entre
o aluno e o conhecimento, proporcionando
situações de aprendizagem para desenvolver as
capacidades afetivas, cognitivas, emocionais e sociais.
Ele deve oferecer à criança um ensino de
qualidade, bem como um ambiente saudável e de igualdade, que
seja interessante e seguro.
É de extrema importância que o professor interaja
com os alunos, que dialogue com eles e respeite as suas formas de
manifestação. Numa sala de aula, há
diversas crianças, sendo muitas dentro da normalidade e
algumas distantes dela e, assim, cabe ao professor saber trabalhar com
a diferença e buscar estímulos para os alunos que
demostram dificuldades.
Para que isso ocorra, os profissionais da
educação devem buscar uma
formação continuada e empenhar-se sempre no
aperfeiçoamento da prática, pois trabalham com
conteúdos diversos e abrangentes, devendo estar
comprometidos com a formação de seus
alunos.
"O
professor não ensina, mas arranja modos de a
própria criança descobrir. Cria
situações-problemas." (Jean Piaget).
Conclusão
No decorrer deste artigo,
houve acompanhamento das
trajetórias da criança e da
educação e conclui-se que, apesar de muitos
progressos terem ocorridos no tratamento às
crianças no que se referente a cuidados,
proteção, educação,
cultura, lazer etc., há ainda muito a ser feito.
As escolas devem voltar o olhar para esses pequenos que
estão sempre dispostos a aprender e necessitam de
educação de qualidade. Unidas, família
e escola, têm o dever de cuidar e educar.
Bibliografia
consultada e sugestões
Rewald, Fabiana e Bedinelli,
Talita Matemática Repaginada.
Folha de S. Paulo 26 Abril 2010. São Paulo.
Kishimoto, Tizuko Morchida Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a
Educação. 8ª
edição São Paulo: Cortez, 2005.
Wajskop, Gisela. Brincar na pré-escola. 6ª
edição São Paulo: Cortez, 2005
Coleção Questão da nossa
época V. 48.
Vygotsky, L. S. (1999) – Imaginación y
creación en la edad infantil. La
Habana: Editorial Pueblo y Educación.
Almeida, M.T.P. jugos divertidos e brinquedos creativos.
Petrópolis: Vozes, 2004.
Piaget, J. A psicología da Crianza. Ed.
Río de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
Sueli
Ferreira da Silva
é Pedagoga, residente em Taboão da Serra,
São Paulo.