Dia a dia com nossos alunos, passamos a
eles muito mais do que os
conteúdos de nossas disciplinas, passamos a eles muito do
que acreditamos ser moralmente correto, digno e sensato de se fazer.
Contudo, a arte de educar necessita de cautela, pois se corre o risco
de agir contra o que a família do aluno está o
ensinando, principalmente se nós não concordarmos
e, muito mais, se estiver “fora de moda”.
Fala-se muito em mudar e quebrar paradigmas, mas, antes de sair por
aí quebrando barreiras à mudança
insensata e sem considerar todos os envolvidos e suas devidas
consequências, certifique-se de que você
está sendo realmente justo em sua balança.
Há, certamente, muito a ser moldado no que tange
à educação, mas há muita
coisa boa e conceitos familiares advindos dos bons costumes da
antiguidade, que não necessitam de nenhum retoque,
defendidos, muitas vezes, por organizações
religiosas.
Fala-se em igualdade de direitos, mas muitos direitos são
ultrajados quando se respeita outro direito de ser, simplesmente,
diferente daquilo que está na “moda”.
Alunos de algumas famílias mais religiosas, por exemplo, se
a escola não estiver sensível de fato aos
direitos de todos independente de serem ou não maioria,
podem se sentir desrespeitados em algumas
comemorações de datas específicas da
cultura brasileira quando acontecem em solo e horário
escolar.
Se determinada festa cultural traz em seus formatos algo que
não se formata a todos os alunos, é certo que boa
parte deles ficará excluída, mesmo em tempos que
se fala tanto em igualdade de direitos e deveres.
Ora, é o caso de, então, deixar de ensinar a
cultura brasileira ou demais culturas? Acredito que não, mas
toda escola comprometida com o bem-estar de todos os seus alunos pode
planejar meios de não causar mal-estar a ninguém,
respeitando, consequentemente, os valores ensinados pela
instituição familiar (por mais diferentes que
sejam), dado que a formação do aluno passa pela
família, sociedade (participações em
igrejas, envolvimento com grupos de amigos...) e escola.
Ora, se apenas alguns “diferentes” são
respeitados, logo, há vários outros que
são ignorados em sua formação
religiosa/moral advinda de suas casas, de suas famílias,
não sendo verdadeiro defender algo que não
é, em sua essência, para todos.
Respeitar o diferente nada tem a ver com mudar os conceitos de certo e
de errado que cada um tem. Contudo, não é isso
que se tem visto em muitas escolas hoje em dia, pois, envolvidas com a
moda da quebra de paradigmas, impõem, mesmo sem querer,
alguns modos de pensar e viver, os quais, por sua vez, advêm
de novelas da televisão brasileira.
As novelas, assim como tantos outros conteúdos televisivos,
são pensadas para dar audiência e, para isso,
abordam assuntos delicados que nem sempre dão conta de
dimensionar o impacto.
Desavisadas, algumas pessoas podem passar para a vida real sentimentos
que foram aflorados diante da tela da TV. Sabendo disso, a escola
consegue despertar o senso crítico de seus alunos,
fazendo-os entender que determinados sentimentos só foram
estimulados em determinado contexto de determinada história,
a qual foi criada por determinado autor, não precisando ser
a opinião regente de ninguém.
Ora, como então exercer o papel de educador em escolas
tão repletas de diversidades? A base, certamente,
está no respeito não fingido, ensinando a
diversidade tal como ela é, ensinando um diferente a
respeitar o outro diferente, sem que, com isso, faça pouco
dos ensinamentos de seu meio familiar, social e religioso, pois, como
já é sabido por todos nós, a
formação moral de um aluno passa por todas essas
esferas.
Como educadores, podemos apresentar fatos, mas não induzir
nossos alunos a pensar do modo que simplesmente está na
moda, pois a moda é passageira, mas as suas
consequências podem perdurar nas futuras
gerações.
Educar não é impor as formas de pensar que
estão na moda, mas é mostrar a
história da sociedade, os bons caminhos que ela
já percorreu e (por que não?) relembrar os bons
costumes das famílias de antigamente. Quando se mostra
apenas alguns aspectos aos alunos, não se permite a eles
criarem e recriarem seu próprio modo de pensar,
ação que os tornaria autores conscientes de sua
história.
Desta forma, até mesmo as minorias com pensamentos que se
diferem de alguns modelos mentais da atualidade têm direito
de serem respeitadas em seu espaço e nos conceitos que lhes
são ensinados em outras esferas da sociedade, tais como
instituição familiar e seus valores, igrejas,
grupos de amizades, entre tantas outras.