Efeito Midiático - 29/06/2011
Sala de Aula: Lugar de Sensibilização e Reflexão
Cada um tem o seu ritmo, cada um sabe ou saberá quando chegar a hora de tomar uma decisão, ainda que essa, aos olhos de outras pessoas, tenha sido adiada. Em tempos de grande velocidade, o mundo parece que desaprendeu a esperar pelo outro, a ser tolerante, a respeitar a tentativa que outra pessoa tem para conquistar harmonia entre fatos de sua vida, a respeitar, verdadeiramente, as diferentes opiniões.
O que se vê é sempre alguém se comparando a outra pessoa e, quando não consegue “vestir o uniforme” imposto pelas mídias, frustra-se, envergonha-se, esconde-se.
Ora, a mídia, de um modo geral, sempre estigmatizou, sempre induziu pessoas a serem como elas quiseram e ainda querem. É desconfortante e desconcertante perceber como as pessoas são manipuladas por novelas que, não raras as vezes, saem em defesa do que elas acham ser o correto e, sem pensarem duas vezes, impõem seus pontos de vista em detrimento de pensamentos diferentes dos seus, escondidas sob a ideia de zelar pelo social.
É indispensável a reflexão sobre um fato muito intrigante, ou seja, a luta pela tolerância e respeito corre o risco de não ser justa se acontecer quando pensamentos diferentes e desprovidos de qualquer ação de violência são reprimidos, contidos e postos em silêncio.
Na sala de aula, o professor precisa ter essa sensibilidade para mediar a formação de seus alunos, refletindo sempre que, o fato de a mídia defender alguma ideia, o aluno não precisa absorver essa nova “moda”, pois ele também está em seu direito de pensar de modo diferente desde, é claro, que essa diferença não seja motivo para nenhum tipo de violência.
O professor poderá buscar na história de vida da sociedade que o aluno faz parte situações reais em que os hábitos de um povo foram mudados pela intervenção midiática e quais as consequências que esse impacto causou na história das outras gerações. Esse exercício é importante porque sob o manto de promover a igualdade, corremos o risco de tirarmos o direito de algumas pessoas expressarem-se de modo diferente.
Tudo isso é apenas um dos pontos que podem ser refletidos na sala de aula, lugar de sensibilização e reflexão, lugar de o aluno aprender a identificar claramente a tendência que as pessoas, de um modo geral, têm de querer uniformizar ideias, conceitos, ações e, por incrível que pareça, reações.
Diante das influências da mídia, as reações são percebidas porque, principalmente no que se refere a novelas, são colocadas uma determinada sequência de cenas em que aquele que pensa diferente numa determinada linha é sempre tido como uma espécie de mau cidadão, dado que envolve o personagem em situações que nem sempre são o exemplo do que acontece.
Desavisado, o cidadão no mundo real é facilmente envolvido pelas sensações que teve ao assistir a determinada cena, a qual foi manipulada a fins nem sempre plausíveis, e reage sem perceber diante de qualquer ação que o faça reviver as sensações que teve diante da TV ligada.
Dessa forma, a mídia vai conseguindo o seu objetivo, levando pessoas a mudarem seu modo de pensar, lembrando que essa mudança nem sempre é necessária, pois nem todos os que pensam de modo diferente agem com violência, como ocorre com personagens intolerantes conhecidos em diversas cenas da TV brasileira.
Se o aluno não aprender a identificar os artifícios do mundo midiático, as consequências poderão ser desastrosas. A força da mídia é sim muito grande, mas na sala de aula, juntamente ao seu professor, o aluno também age e reage a estímulos por meio de reflexões que, diferente da mídia, não querem que ele se uniformize, abandone um pensamento só porque a TV diz que está incorreto e fora da moda, mas que ele sempre tenha sua voz ouvida de modo pacífico, promovendo e ressaltando a paz entre todos, não apenas entre aqueles que são convenientes à mídia ressaltar.
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